sábado, 18 de junho de 2016

FÊNIX - SEM MEDO DA MORTE



Aos 52 anos achei que estava na hora de fazer minha tão sonhada tatuagem da Fênix. Fiz.

Nessa fase da vida, o fogo que me queima até a "morte" não me assusta mais. A certeza de que renascerei, é total. A forma, a aparência já não importam tanto.... posso renascer em várias formas....tanto faz....

Nessa fase da vida, tenho a certeza de que o que eu antes achava que me mataria, e que agora quando muito, apenas me machuca ou fere, mas não me mata....

Nessa fase da vida, um poder enorme emerge impulsionado pela certeza de que preciso de muito pouco, e de poucos....

Não por acaso que a Fênix surgiu sob as folhas do outono. Elas são a marca da maturidade....o desapego que deixa ir, o que não é para ficar... deixa morrer o que não faz mais sentido de estar ali. As folhas que caem e morrem, são o alimento para as novas folhas que nascerão.... o fogo que queima e transforma a fênix em cinzas, é o que possibilita que ela surja cada vez mais livre e conectada com o seu poder. Poder que vem da certeza de que essas "mortes" são libertadoras e apesar de dolorosas, são bem vindas. 

Não há vida sem morte.
Não há renovação sem desapego.
Não há eternidade sem finitude.
Não há liberdade, se há medo da morte. 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O VLAD QUE CONHECI - Vai em Paz, Miserável! (ÚLTIMA PARTE)



Esse último post é uma tentativa de agradecer todo o carinho e respeito aos alunos, ex-alunos, colegas e amigos que compartilharam com meu irmão o que ele tinha de melhor, sua inteligência, sua irreverência e paixão. Não existem palavras suficientes para agradecermos por vocês terem compartilhado conosco as histórias que vocês viveram com ele. 

Seguem algumas imagens que encontramos no facebook dele, e segue o nosso amor e gratidão.
Sinto muito pela perda de vocês, e de todos os que não o terão como professor e amigo daqui pra frente.
Meus sentimentos.

































Eu acho que você viveu muito pouco, meu irmão, mas você fez a diferença na vida de muitas pessoas, e por isso viverá eternamente na lembrança de muitas delas. Tenho certeza de que você viveu mais intensamente que a maioria das pessoas que conheço, e fez valer a vida que teve.

Vai em paz, meu irmão.
Vai em paz, Miserável.

P.S. Se vc tem foto ou histórias para compartilhar, comente esse post e conte pra gente! Isso nos alegrará imensamente. 

terça-feira, 7 de junho de 2016

O VLAD QUE CONHECI - ENTRE LIVROS (parte 6)


Impossível falar do meu irmão Vladimir, sem fazer relação com meu pai. Eles se pareciam muito, e foram minhas primeiras referências no mundo masculino. Eles eram brilhantes, marcantes e tinham uma forte presença, nunca passavam despercebidos. Fiz essas comparações nos posts anteriores, e farei mais uma vez nesse, que é o sexto post dessa série. 

Quando nosso pai morreu, (contei no post anterior), levamos muito pouco tempo para arrumar e nos desfazer de suas coisas pessoais. Descobrimos o que já sabíamos, meu pai era desapegado, não acumulava coisas... Arrumar o armário dele foi uma emoção grande... ele tinha algumas poucas bermudas, pouquíssimas calças compridas, e bem antigas, pois desde que ele se aposentara, ele se recusava a vesti-las, sapatos fechados, um ou dois, tênis e alpercatas. Ele tinha muitas camisetas, nada caro ou de marca, muito pelo contrário, a maioria eram com fotos dos netos, dos cachorros, ou de viagens lembranças de viagens (a maioria havia ganho de presente), camisetas com coisas engraçadas escritas (vesti-las era sua forma de provocar as pessoas), e camisas dos times de futebol, não me lembro se tinha alguma oficial, eram na sua imensa maioria coisa barata. Bonés,  que também que havia ganho de presente de viagens.

 O fato é, não levamos muitas horas para doar tudo que ele tinha para os funcionários do prédio que ele morava e para escolhermos uma camiseta que tivesse valor afetivo. Eu mesma peguei uma que ele havia comprado quando nos visitou em Houston, que estava escrito: "Mi casa es tu casa, pero mi cerveja non."

Um dia após a cerimônia de cremação de Vladimir, eu e minha irmã Tatiana, fomos desmontar o apartamento dele. Tínhamos pressa, não moramos em SP, tínhamos que adiantar tudo e voltar pra casa. Não sabíamos o que seria, como faríamos, o que encontraríamos.

Encontramos livros, livros e mais livros. Vladimir desde sempre amava ler. Ela sempre gastou seu dinheiro com livros. Desde que ele recebeu seu primeiro salário como estagiário, que ele gastava comprando livros. Vlad tinha um sofá e uma poltrona, que deviam ter uns 20 anos, muitas roupas que doamos para instituição de caridade, um computador que não era nada demais, um aparelho de som bem simples, LPs e CDS, um carro velho de 2002, e livros, muitos livros.

Impressionante que ele não tenha trocado de carro, que ele não tenha comprado coisas que lhe oferecesse mais conforto material. Ele comprava livros, o tesouro dele eram os livros.


Em uma estante, encontramos carinhosamente expostos, os seus troféus: Placas e mais placas de homenagem de várias turmas que ele paraninfou, objetos que percebemos ser presentes dos alunos, ao lado dos seus muitos livros, e isso foi um conforto enorme para mim e minha irmã. Vlad não era só, ele tinha uma família enorme, ele tinha os alunos, os ex-alunos,  os amigos  e os livros.

O carinho com que ele guardava as homenagens dos alunos, devia ser uma prova de reciprocidade do que ele havia recebido por todos esses anos, muito carinho também. Vlad foi amado e admirado. Ele com certeza tinha restrições com relação a intimidade, mas ele era querido por ser uma pessoa brilhante, bem humorada, irreverente, inteligente, sarcástico e por amar o que fazia.

Ele amava ser professor e isso ele aprendeu com nossa mãe, que foi professora a vida inteira e amava o seu trabalho mais que qualquer coisa na vida. Algumas vezes tentei sugerir que ele parasse de trabalhar e fosse para Salvador se tratar melhor, e ele rejeitou qualquer continuação de conversa sobre esse tema. Ele trabalhou doente, trabalhou enquanto pôde, trabalhou até morrer. Encontramos dois pacotes de provas dos alunos sobre a mesa. Ele trabalhara até o fim, literalmente.

Limpamos o apartamento, doamos os livros de economia, as homenagens dos alunos para a FACCAMP, onde ele lecionou nos últimos e muitos anos.

O vizinho ao lado do seu apartamento, abriu a porta para nos atender, e sua cadela, Abigail e seu gato, Sancho Pança, entraram correndo no apartamento de Vlad para ver o que estava acontecendo, e procurar o amigo. Vagaram desolados com o esvaziamento daquele lugar que parece que eles conheciam bem. A síndica do prédio, ainda chocada, pois nem sabia que ele estava doente, fazia elogios ao fato de que ele não dava problemas, o que acho que era efeito da santificação que a morte produz, pois acho que ele deve ter dado muito trabalho aos vizinhos.

Os porteiros e o pessoal da limpeza chocados e desolados, esforçavam-se para nos ajudar. A sua faxineira falava sobre o homem bom que ele era. 

O fato é que a morte é para todos, mas a vida é para os que escolhem viver. Vlad escolheu viver a vida dele do jeito dele, e viveu. Foi bem sucedido no que investiu energia, poderia ter vivido muito mais, e ensinado a muito mais alunos, lido muito mais livros e nos presenteado com seus posts no facebook por muito mais tempo. Ninguém merece morrer aos 53 anos, mas ninguém pode negar que ele viveu intensamente a vida que escolheu, e que viveu sem dar satisfação a ninguém das suas escolhas (isso parece uma sonho). 

Meu filho mais velho ficou com LPs e alguns livros, meu sobrinho ficou com um casaco do Botafogo, trouxe alguns livros para meu filho caçula que mora aqui nos EUA, além de blusas do Bota. Minha mente fotografou cada canto daquele lugar que foi sua caverna, e levarei comigo uma parte da história dele, que foi algo que ainda não sei definir bem, mas que me compõe como pessoa, pois faz parte da minha vida e da minha história.

O próximo post será provavelmente o último, e farei um álbum com as fotografias que ele tinha de amigos a alunos para deixar registrado meu respeito e agradecimento aos amigos e alunos,  que foram a família que ele escolheu. 








domingo, 5 de junho de 2016

O VLAD QUE CONHECI - O FILHO DO PAI (parte 5)



A relação de Vlad com meu pai era muito especial, mas devo dizer que meu pai amava demais os filhos, era um paizão apaixonado e completamente seduzido por todos nós. Escrevi sobre ele nos posts  A Luta Continua Companheiro  , que foi a minha despedida depois da sua morte; e  Entre Netos e Cachorros , um post em homenagem ao Dia dos Pais. A forma de ser irreverente e inconformada do nosso pai, explica muito do Vladimir que todos conheciam, vale a pena ler os dois posts citados. 

Vlad nasceu no Rio de Janeiro em 62. Um primeiro filho amado, desejado, lindo e leonino. Ele era o centro de tudo. Meu pai tinha uma mania de colocar apelidos nos filhos, e Vlad inaugurou isso, ele era o "Homão", sim, o aumentativo de homem. Pra vocês terem noção de quanto esses apelidos eram fortes, meu filho caçula quando tinha uns 5 anos, teve que fazer um trabalho na escola sobre a família, foi quando descobrimos que ele não sabia o nome verdadeiro do tio, pois ele escreveu com ajuda da professora, na lacuna do nome do tio, "Almão". Eu perguntei pra ele como era o nome do tio, ele respondeu: "Almão", e ficou espantado com a novidade dele se chamar Vladimir.

Vlad era um orgulho imenso de Jair de Brito. Ele amava saber que Vlad estudara Economia, e que discutia política. Embora tivessem opinões contrárias em quase tudo nesses aspectos, eles tinham muitas coisas em comum, e a maior de todas: o gosto pela polêmica. Eram polêmicos por natureza. Amavam uma discussão acalorada sobre temas políticos. Amavam discursar e serem escutados. Adoravam provocar discussões. Eram muito parecidos nisso. Esse era um universo masculino na nossa família, não lembro da nossa mãe, ou das minhas irmãs, gostando disso. Eu não suportava, a polêmica me cansava, mas eles se divertiam.

Quando Vlad sofreu o acidente que quase o matou, (contei sobre isso na parte 3 dessa sequência de posts), vi o quanto um pai pode sofrer por um filho. Meu pai urrava de dor. Chorava alto pelos corredores do hospital. Nunca imaginei ver meu pai naquele estado um dia, ele não suportou ver o filho na UTI, meu pai não aguentou a dor de saber que o filho poderia não ser mais o mesmo depois que saísse do coma, e não suportou a possibilidade de perder o filho. Nossa mãe sofria quieta, calada, contida ...., nosso pai se desmanchava em dor. 

Vladimir tinha um defeito imperdoável, uma mancha que meu pai preferia não ver, ou que ele não entendia onde havia errado: Vlad torcia para o Bahia, o arquirrival do Vitória, time do meu pai. Esse tema era delicado, um sacaneava o outro na medida que os times subiam ou desciam no campeonato baiano, mas essa rivalidade era compensada pelo amor em comum pelo Botafogo. Ambos torciam e sofriam juntos pelo Fogão. Essa era uma compensação que meu pai aceitava e que oferecia algum tipo de conforto pela traição no Campeonato Baiano.

Os dois amavam um bom papo, mas acima de tudo, uma boa polêmica. Gostavam de cerveja e futebol. Gostavam de uma mesa de bar, eram populares, daquele tipo que todos conheciam. Adoravam discutir política e economia. Os dois eram excelentes leitores, liam jornais e livros, além de revistas semanais. Eram parceiros a distância em muitos temas. Discutiam sobre tudo até algum cansar e se retirar. Os dois eram bons nisso também, saiam das situações ou davam limites aos que tentavam invadi-los, com maestria. Os dois gostavam da solidão. Eram livres das obrigações sociais, e as atendiam apenas quando "tinham saco" para isso.

Pressenti a morte do meu pai, sabia que esse dia estava chegando, embora ele não estivesse doente. Morava nos EUA nessa época, fui ao Brasil um mês antes do meu pai morrer, fiquei uma semana com eles, sabia que era uma despedida, quando me despedi do meu pai com um beijo na testa, ele estava deitado na rede, eu sabia do fundo do meu coração que aquele seria meu último beijo nele em vida. Escrevi pra Vlad alertando-o sobre minha intuição, já que nós éramos os filhos que moravam fora. Eu disse pra ele que ele desse mais atenção ao velho, pois eu sentia que nós o teríamos por pouco tempo. Vlad não alimentou essa conversa, achou que era "viagem" minha. Um mês depois, sou acordada por um telefonema de uma irmã, que avisava da morte dele.

Viajei para o Brasil naquela noite, cheguei a tempo do fim do funeral, e para me despedir do nosso pai....Vlad que tinha ido de SP, me abraçou e disse: "bem que você me avisou, minha irmã...". Ele estava destruído, todos nós estávamos. Perder nosso pai, foi uma dor imensa. 


Pouco tempo depois da morte do nosso pai, Vladimir recebe o diagnóstico de câncer no fígado. Conversamos sobre a doença, dentro do limite que ele me oferecia, mas como meu marido havia lutado contra o câncer alguns anos antes e se tratado em São Paulo, ele algumas poucas vezes me deu liberdade (pouca) para conversarmos sobre a nossa experiência nisso.

Na época eu pensei o quanto o universo era perfeito por ter tirado meu pai da terra a tempo dele não saber que o filho estava doente, e que sofreria muito com o tratamento que se seguiria. 

Quatro anos após, no funeral de Vlad, vendo minha mãe tão pequena e fragilizada, agradeci mais ainda ao universo que meu pai não estivesse ali, e sim do outro lado....esperando Vlad para mais uma discussão, agora sobre a queda de Dilma e do PT.





quinta-feira, 2 de junho de 2016

O VLAD QUE CONHECI - O ESTRANHO (parte 4)


Esse post faz parte de uma sequência, leia os que vieram antes, só assim será possível entender essa história....

Depois do acidente de Vlad, que contei no post anterior, uma pessoa estranha surgiu para nós da família. Hoje, como psicóloga e como pessoa adulta, posso entender melhor, a imensa dificuldade e dor que ele viveu, as perdas foram imensas. As pernas que nunca mais serviriam para o futebol, a voz que ficou arrastada, a pausa no auge da vida, pais extremamente ocupados com seus trabalhos exaustivos para notar que algo de muito errado estava acontecendo. Nenhum investimento em cuidar dos sentimentos dele. Não lembro de nenhuma atitude que pudesse nos levar a um caminho amoroso ou de encontro. Ele era apenas um jovem de 20 anos, com certeza precisava de mais ajuda do que as que os médicos poderiam dar.

Tenho certeza de que esse foi um período de exclusão para ele. Ele reagiu contra nós, e não posso condená-lo. Morávamos em um lugar que odiávamos. Saímos do bairro que crescemos, e mudamos para um bairro feio e longe de tudo que conhecíamos. A lembrança que tenho desse período é como estivéssemos em um barco afundando, e o lema era: "salve-se quem puder". Não lembro de ninguém feliz nessa época. Para ser sincera, eu me retirei da família, já havia mergulhado no yoga, meditação, estudos e trabalho, fui cada vez mais fundo, como uma sobrevivente de um naufrágio ... não lembro nem das minhas irmãs. Vlad fez o mesmo. Éramos uma família de 6 pessoas, cada uma isolada da outra... sobreviveríamos ao naufrágio, mas em ilhas separadas.

Vlad voltou-se de forma muito agressiva contra todos nós, levei anos para entender o que estava acontecendo, e enquanto não entendia, reagia com violência também. Nossa família era um palco de desencontros, brigas e distanciamentos.... Quando os sentimentos não são cuidados, são empurrados para debaixo do tapete, em algum momento toda a estratégia de defesa e organização, caem por terra, o que sobra é a dor, a mágoa, as faltas e as lembranças.

Meu irmão tornou-se, para mim, um homem grosseiro, sarcástico ao extremo e rude. Eu não devolvia com flores o que ele me ofertava, nossa relação era extremamente belicosa. Ofensas dos dois lados. Briga e separação. Não fomos fáceis um para o outro. Tínhamos palavras duras e ofensas prontas. Não consigo lembrar de nada bom e leve dessa época. Éramos dois titãs em guerra. Uma queda de braço poderosa se estabeleceu entre nós dois. Leonino e Capricorniana em guerra. Salve-se quem puder.

Adoraria mentir e dizer que nossa família era linda, mas não era. Era uma família normal e com muitas dificuldades para lidar com os sentimentos. 

Já morávamos em um outro lugar e amávamos. Essa mudança nos fez algum bem. Nesses anos, eu estava completamente envolvida com a universidade, e ele também. Ele conseguira sua vida de volta, mas para nós da família, sobrava muito pouco dele, e nem sei se o queríamos. Vladimir tornou-se um incomodo. Viver longe dele era um alívio. A saudade do que ele havia sido um dia, permaneceu, mas acho que agradecíamos quando ele não estava. Mas na verdade, éramos ilhas distantes uma da outra.....

Casei antes de completar 22 anos, ou seja menos de 4 anos após seu acidente, fui embora viver minha vida....
Ele formou-se, e foi embora.... 

... e nunca mais voltou, exceto para as férias e por alguns períodos curtos, mas infelizmente, ficou claro que não existia lugar para ele naquela casa.  Apenas meu pai amava quando ele estava em Salvador, mas para nós, tudo ficava meio caótico quando ele chegava. Ele fumava muito, ele não se relacionava conosco, ele era um estranho. Sua vida social era rica. Saía muito, mantinha os amigos, víamos a vida dele através de um abismo que nos separava e que era intransponível. Em família, ele apenas conversava com os sobrinhos, com meu marido e com nosso pai. Eram as pessoas que o escutavam e que conversavam sobre futebol, economia e política. Nós, as irmãs, eram estranhas .... ele era um estranho para nós. 

João e Maria se detestam quando estão próximos....se amam na distancia...


Sabíamos da sua vida em São Paulo, pelo mundo virtual....primeiro o Orkut, onde foi criado uma comunidade de alunos do "baiano", adorávamos ler as histórias que eles contavam sobre nosso irmão. Mais tarde o Facebook.... passamos a acompanhá-lo virtualmente. Isso era extremamente excitante, pois um Vlad lindo e amado nos era mostrado por estranhos. Um Vlad que lembrava os áureos tempos.....

No próximo post, conto sobre a morte do nosso pai, e sobre a descoberta da sua doença.