segunda-feira, 11 de maio de 2015

PRECISO DIZER QUE OS AMO....


Sabe quando você se sente aprisionada por uma situação?
Sabe quando as coisas parecem sem sentido? Nada parece se encaixar?
As pessoas e as situações parecem estranhas ... 

Como se não pertencesse aquele lugar ... ou como se não houvesse lugar pra você.
Um aspecto sombrio típico de Perséfone, tomou conta de mim esses dias. 
Os ruidos são demasiadamente altos, as vozes parecem agressivas, a pele fica fina, o coração fica exposto, a alma fica nua.... Como se todo lugar fosse inseguro e as pessoas ameaçadoras. 

Nessas horas a única coisa que penso é que existe um caminho de quietude, tem algo a ser feito, um mergulho a ser dado....é hora de recolhimento, de quietude, de buscar segurança e sentido no único lugar em que isso realmente existe, dentro de mim mesma.

As pessoas sempre me perguntam se acredito em Deus. Minha resposta não é simples, por que definitivamente não acredito no mesmo Deus que elas descrevem, com caracteristicas humanas e vingativo, também não acredito na bondade divina. Mas sim, acredito num "estado de Deus", um "lugar de Deus", ou uma "sensação de Deus". Cada vez que me tenho a sensação desconfortável de "não-pertencimento" que descrevi acima, percebo que buscar esse "lugar" dentro de mim, é a única saída possível. Um lugar de preenchimento e de pertencimento. 

Estou com muita saudade dos meus filhos, e com isso tenho muita saudade de mim mesma. O aspecto mais forte da minha identidade, é ser mãe deles. Embora hoje eles precisem pouco de mim, (sou feliz por isso), saber que sou mãe deles me faz uma pessoa melhor e mais forte. 

Posso estar assim também porque acabo de saber que duas pessoas queridas estão passando por situação de muita dor. Uma delas acaba de descobrir que o filhinho está com câncer, sendo que ela mesma descobriu que estava com câncer quando engravidou dele. A outra que tem uma filhinha pequena, descobriu que está com câncer. Sinto que essas histórias são ameaçadoras demais para mim como mãe. Acho que não tenho condição de passar por isso, ou melhor dizendo, nenhuma mãe imagina passar por isso, mas elas e outras tantas mães viveram e viverão essa dor. Tenho certeza que a primeira preferia ter câncer novamente, a ter que ver seu filhote com essa doença. Nem posso imaginar o quanto elas terão que ser corajosas e determinadas nessa luta. 

Tenho uma lembrança de sensação que me persegue desde que lembro de mim, que descreve bem esse momento. A sensação é de estar na rua, então começa a escurecer e a chover, e eu penso com angústia, que preciso voltar pra casa, que meus filhos estão me esperando...e que ao escurecer as mães precisam voltar pra casa. 

Quando penso em preenchimento, penso em maternidade. Quando penso em Deus, penso em maternidade, talvez porque seja o estado que mais se aproxima do Deus que acredito.

Bom, é assim que me sinto agora. Preciso voltar pra casa  ... preciso ver meus filhos ... preciso dizer que os amo .... preciso sentir o cheiro desse amor ...