quarta-feira, 29 de abril de 2009

Isso é bom ou isso é ruim?


Como saber quando algo nos acontece se aquilo é bom ou ruim? Por teoria ou crença sempre tendo a pensar que as coisas são boas e ruins sempre. Que tudo tem em si a sua polaridade, ou mesmo que podemos fazer das coisas ruins algo bom e vice-versa. Conhecemos inúmeras histórias de pessoas que ganharam muito dinheiro e que tiveram suas famílias antes unida, destruida, ou mesmo que morreram...pessoas que perderam um emprego e que por causa do desemprego foram obrigadas a serem criativas e empreendedoras e se descobriram capazes disso. Bom o que não falta são histórias que nos levam a questionar se uma coisa é boa ou ruim...


Hoje era dia de quimioterapia do meu marido, todas as quartas de 15 em 15 dias é dia de quimioterapia. Essa seria a sexta sessão, ou seja, estariamos no meio desse caminho que parece longo demais. Chegando na clínica, descobrimos que a quimio não poderia acontecer. Sexta é feriado, a clínica não funcionará, não teriam como retirar a bomba com as drogas que ficam sendo gotejadas por 3 dias no corpo dele..., ai...que droga! - esse é o primeiro pensamento. Que raiva, que droga. Não podíamos nem ficar com raiva deles, porque de fato a quimio tava marcada para terça, nós é que não vimos pelo hábito de sempre ser quarta. Droga, droga....


Segundo momento....Hum...quem sabe isso não é o universo querendo nos dar uma folguinha...? No último fim-de-semana SIM, eu estava gripadíssima e nem podia ficar perto dele....hum...talvez o universo esteja nos oferecendo um cineminha, um teatro, um jantar sem enjôos...talvez o universo queira que a gente possa namorar um pouco e extendeu o periodo SIM por mais uma semana...uau! Isso pode ser muito bom!!!! Tem tempo que não temos dois finais de semana sem quimios!! Uau...estou convencida de que isso pode ser maravilhoso!


Terceiro momento....isso é bom ou ruim? provavelmente as duas coisas. O tratamento de Judson não será prejudicado. Esses adiamentos acontecem as vezes por conta das taxas de hemoglobina que estão baixas..etc. Mas, algum prejuízo terá. Ficaremos mais tempo em quimio...ai, ai, ai...
Hora da escolha: Escolho então não pensar nisso, no que poderia ser ruim! Agora não! Não há nada a ser feito! O que podemos fazer a não ser aproveitar o lado bom dessa história? Será que esquecer o feriado de sexta não foi um legítimo "ato falho" de duas pessoas que estão desejando tanto, mas tanto mesmo, dias de paz e amor? Deve ter sido... nossos inconscientes no fundo, no fundo devem ter desejado isso.....


Meus amigos! Não sou Poliana, (já falei sobre isso em outro post aqui desse blog), mas sou tântrica (já falei sobre isso também) e para o tantrismo o presente é que deve ser vivido com intensidade, pois é o único tempo que existe. E meu presente hoje, nesse exato momento, meu marido não está enjoado e nem ficará enjoado esse fim-de-semana. Posso antever dias de descanso merecido e de prazer amoroso, muito amor...e, acho que posso receber isso com prazer!
Então nesse momento, posso responder a pergunta que intitula esse post assim: É bom! Quero que seja muito bom!!!!!!!!
Eu mereço, ele merece, nós merecemos!!!
Namastê!
Ludmila
P.s. Foto sob um sol lindo em Veneza!!! uhhuuuuu!!!!!!

domingo, 26 de abril de 2009

Ano 9


Estou num ano 9. Na numerologia esse é o meu ano 9, ou seja, é o último ano de um ciclo de 9 anos. É portanto, um ano de fechamento, de conclusão, de avaliar o que aconteceu nesse último ciclo e de planejar o próximo. No ano 9 temos que pensar que o ano seguinte será um ano 1, um ano de recomeçar, ou de começar. Então nesse ano não só fazemos um balanço, como também começamos a fazer planos...uma coisa naturalmente puxa a outra. Quando avalio o que fiz, o que deu certo, o que deu errado, o que aprendi, o que conquistei, e o que perdi, imediatamente penso no que preciso mudar, é inevitável isso. Esse tem sido um ano assim, de fechamento, de organização para um novo ciclo.


Não sou uma pessoa surperticiosa (longe disso), nem vivo consultando oráculos, nem gurus, nem zodíacos...nem numerologias...nem nada parecido. Nada contra, muito pelo contrário, gosto até. Gosto muito do I Ching, oráculo chinês de sabedoria milenar. O I Ching sempre me diz coisas interessantes, já falei dele aqui antes. Me identifico muito com meu signo, sou capricorniana com ascendente em áries e lua em peixe. Não me consulto muito em nenhum desses meios por preguiça e talvez por sentir que não preciso que nada nem ninguém me fale sobre meu futuro. Não tenho grandes ansiedades em saber sobre futuro, primeiro por que acredito na construção diária do meu futuro, e na possibilidade constante de transformá-lo, então acabo achando que ganho mais se ficar atenta ao meu presente do que se olhar para o meu futuro.


Sempre tive muita visão de futuro olhando para o presente. Quando eu era uma jovem eu dizia com tranquilidade como estaria minha vida em 5, 10, 15 anos....eu dizia naturalmente como eu achava que as coisas estariam....falava de mim, de como eu estaria e queria estar. Acho que minhas previsões não falharam. Eram prognósticos baseados no presente. Nunca esperei que nada caisse do céu, e sempre me senti responsável por minhas escolhas, por isso mesmo dificilmente culpei ou culpo alguém por algo que tenha me acontecido.


Tenho hoje 45 anos. Estou na meia idade. Íncrivel, mas será realmente minha meia idade, se eu viver até os 90 anos, o que pretendo, mas, se eu viver mesnos, talvez já tenha passdo da minha meia idade. Como saber? Mas de qualquer forma, é a minha meia idade, no sentido de "turn point", um ponto ou momento de virada...não sei ainda que tipo de virada, nem pra onde irei, nem o que farei, mas com certeza esse fechamento de ciclo será uma virada.


Não sou mais jovem, embora me sinta muito melhor hoje do que em qualquer outro tempo. Não tenho problema com os sinais da idade no meu corpo e se os tiver, não terei pudor nenhum em aliviá-los... me sinto emocionalmente madura, com muito menos conhecimento do que pretendo, mas muito mais do que muitas pessoas da minha idade. Com uma vivência intensa de vida que me garante estabilidade emocional para enfrentar muitas coisas, e o melhor, com muita coragem para enfrentar a mim mesma, porque se ao chegar nessa idade não conseguimos entender que o nosso maior inimigo está dentro de nós, perdemos muito tempo de vida sem aprender o mais importante.


Gosto de mim e nesse ano 9, posso começar a concluir que vivi muito intensamente, que aprendi muitas coisas e que apesar de todas as dores que tenho vivido, quando me dou um tempo pra me sentir ou pra meditar concluo que a sensação que tenho de mim mesma é boa, muito boa.


Não tenho do que me queixar, por mais que tenha tido problemas, não me faltou felicidade.


Namastê


Ludmila Rohr


sexta-feira, 24 de abril de 2009

Contentamento


Recebi alguns emails de pessoas reclamando da minha demora em postar algo novo, ou mesmo preocupados se algo havia acontecido....achei isso incrível. Nada de errado aconteceu meus queridos....e de fato voces teem razão...tem tempo que não escrevo, mas tenho meditado muito...


Essa semana refleti muito sobre Contentamento, que os yogues chamam de Santosha. Esse estado da alma que não queixa, que não lamenta, que não reclama, o estado de alma das pessoas que podem estar simplesmente, contentes, independente de quaisquer condição. Esse é conceito difícil de ser compreendido por nós ocidentais.


Bom...fui criada para não me "contentar" com menos do que fosse o meu desejo, pra não me contentar com pouco, a não ser se meu esforço e dedicação tivesse sido pouco também. Fui educada para achar que quem se "contenta" aceita qualquer coisa, e pode até ficar sem nada. Fui educada a ser competitiva, a lutar por minhas ambições e desejos. Aprendi muito bem isso. Realizei isso na maioria das vezes. Simplesmente não me contentava e, buscava... brigava....batalhava por aquilo que eu queria. Achava isso lindo em mim! Me julgava corajosa e tinha orgulho dessas características minhas.


Tenho mudado de uns anos pra cá. Tenho me percebido com menos ambições. Tenho me sentido Contente com menos coisas, e sem tanto esforço. Tenho sentido muito prazer com coisas simples. Tenho ficado contente apenas na contemplação. A meditação na vida me deixa contente. A contemplação na respiração me deixa contente. Tenho conseguido depois de muitos anos estudando yoga, começar a entender o Santosha.


Santosha é a simplificação da vida. É o contentamento não por ter alcançado tudo que queria, mas sim, por descobrir que se quer muito menos do que imaginava. Santosha é o contentamento por descobrir que nenhum esforço nos tira daquilo que é maior que nós mesmos, que é o Dharma (aquilo que deve ser feito; a Lei)...o contentamento é possível onde há confiança, e onde não há medo. Santosha é sinônimo de felicidade e não está relacionado ou condicionado a nada, apenas a uma entrega àquilo que as pessoas chamam de Deus, e que eu chamo de vida.


A vida tem sabedoria. A vida tem um fluxo próprio de energia...e por maior que seja o nosso "livre arbítrio", tem algo maior que nem entendemos, mas ao qual precisamos nos entregar.


Quando eu era pequena comecei a ter um sonho recorrente que se repetiu até a idade adulta. Era o mesmo sonho por muitos anos, se repetindo...repetindo...Era assim: No sonho eu sempre era uma criança de mais ou menos 3 - 4 anos, sentada na balaustrada da praia do Farol da Barra (aqui em Salvador). Eu olhava o mar, que de repente começava a se retrair até que desaparecia totalmente. De repente todo o mar que havia se retraido, voltava como uma imensa onda que de tão grande, escurecia o sol. A onda começava a cair sobre mim...arrastava tudo... eu me agarrava nas colunas onde estava sentada...acordava desesperada.


Sonhei incontáveis vezes e por muitos anos esse sonho. Fiz inúmeras análises dele, segundo várias abordagens da psicologia. Deixei de sonhá-lo, mas nunca o esqueci, nem da sua sensação. Não esqueço do espanto de ver o mar desaparecendo, do pânico de ver a onda imensa e do desespero de tentar me agarrar pra me salvar.


Qual a relação desse sonho com Santosha? Bom...sei hoje, sinto no meu corpo e na minha alma, que não quero me agarrar a nada pra me "salvar". Não quero me agarrar nem a idéia de Deus! embora ela me dê muita paz...mas não quero me segurar desesperadamente a nada, pelo simples motivo que não há nada a ser salvo.


Santosha vem da entrega e do desapego. Santosha nasce na nossa alma no momento que começamos a nos entregar e relaxamos, saimos da luta e do esforço, e é complicado falar sobre isso já que aparentemente estamos "lutando" contra um câncer, pois poderia levar a interpretações errôneas de que quero "entregar os pontos". Nada disso. Quero fazer tudo que precisa ser feito. Quero valorizar a vida sagrada que temos. Mas não quero desespero na minha vida, nem na minha morte. Quero Santosha!


Experimentei Santosha 15 anos atrás, quando (no sonho) larguei as colunas nas quais tentava agarrar e me deixei levar deliciosamente pelas águas poderosas daquela onda que passou a vida me chamando e, a partir daquele dia, nunca mais o sonhei. Não tinha nenhum medo da onda, da força das águas...e por isso, não precisava mais sonhá-lo.


Santosha é entender que não estamos lutando contra um câncer e sim nos entregando à vida.

Não preciso ter medo das ondas da vida, elas estão dentro de mim também. Não preciso ter medo de nada que está dentro de mim. Não preciso ter medo de mim, e por isso posso estar contente. Essa onda é Deus, essa onda é a vida, essa onda sou eu repleta de contentamento e poder.


Namastê


Ludmila Rohr

domingo, 19 de abril de 2009

Encontro de histórias...num espaço virtual!


Faço parte de uma comunidade no Orkut frequentada por Parentes de vítimas de câncer. Lá estão pessoas que perderam alguém muito querido com essa doença louca. Lá estão pessoas que estão acompanhando alguém que luta contra essa doença louca. Alguns estão caminhando no sentido da vitória, outros sabem que é uma questão de tempo. Todos sofrem, e isso foi o que deu inicio a nossa união.


Uns sofrem saudades, de quem já foi. Outros sofrem por verem seus pais, maridos, filhos, avós sofrerem dores e as consequências do tratamento. Outros sofrem com os fantasmas que essa doença traz....enfim nos encontramos nessa vibração de alma.


Tem dias que alguém está mais feliz, algo de bom aconteceu, as vezes nem precisa algo bom ou ruim acontecer...simplesmente ficamos emotivos, felizes ou tristes, raivosos ou exaustos....as vibrações da alma vem e vão, se alternam como marés, florescem e desaparecem.... somos muita alma, e parecem que nossos corpos estão com a pele bem fina, alguns em carne viva, mas todos muito sensíveis, então as emoções são transbordantes, mas ali, encontramos bordo, acolhimento, continência. As emoções podem aparecer, porque é um lugar acolhedor e onde não há julgamentos.


Já nos conhecemos. Isso é incrível, mas é verdade. Sabemos um pouco da história um do outro. Visitamos nossos perfis, vemos nossas fotos, deixamos recadinhos um pro outro, nos queremos bem mesmo. Formamos uma turma, um grupo, nos entendemos. Nenhuma barreira de qualquer espécie é importante aqui, (o que seria na vida), não temos barreiras sociais, culturais, religiosas...só falamos coisas boas um pro outro, nos damos força, acolhemos e torcemos um pro outro. Fazemos papel de amigos, de mães, de filhas e filhos, de netas e netos uma da outra. Por sinal temos uma avó de todos lá. O colo dela é muito disputado, mas é bem grande, sempre cabe mais um.


Poucos dias atrás, soubemos que uma de nós está grávida (a mãe dela está com câncer), estamos felizes. Parece que essa gravidez foi um presente para todos nós do grupo. É como se estivéssemos sendo lembrados que a vida renasce a cada dia. Que a única coisa permanente que existe nessa vida de impermanencias, é o poder que a vida tem de se renovar.


Queria homenagear, nesse post, meus amigos virtuais. Meus queridos amigos que caminham junto comigo e que como poucas pessoas, me permitem desmontar e me ajudam a levantar de novo.

Sou grata a voces!


Namastê!


Ludmila Rohr

sábado, 18 de abril de 2009

Realismo? Talvez?


Feriadão e "Fim-de-semana NÃO" juntos... pra começar me preparei tomando um chopinho com uma amiga na sexta e pegando um cineminha (Divã, vão assistir!!!!!). Achei que assim estaria mais preparada para o que viesse....

Bom sou uma pessoa muito reflexiva, reflito sobre tudo...sempre tenho que compreender as coisas na sua subjetividade, ou na sua profundidade, ou elas precisam fazer sentido...eu analiso os significados..as consequencias, o que elas representam...etc. Não sou uma chata analítica, muito pelo contrário, sou seguidora do coração, escuto os meus desejos como poucas pessoas e me entrego bastante aos meus sentimentos. O que consigo com isso, com essa aparente contradição, é muita consciencia...sinto que tenho muita (aquela que consigo alcançar) consciencia das minhas dinâmicas internas, daquilo que me governa, daquilo que posso ser, ou não, até onde posso ir ou não. Acredito em mim e sinto que sou consistente e de verdade. Gosto disso.

Sou uma pessoa forte também, pelo menos assim me considero. Isso não significa que eu não chore e não queira de vez em quando comer uma torta de chocolate inteira. Mas tenho relativa consciencia e controle de mim mesma. Gosto disso, porque dificilmente me sinto vítima de qualquer coisa. No máximo posso ser vítima de mim mesma, mas não de algo fora de mim.

Tenho reletido muito sobre três conceitos: o de pessimista, otimista e realista. Tenho uma implicancia básica com os otimistas. Mas passei a questionar qual o meu conceito de otimista, pra evitar os preconceitos. Pra mim eles são aqueles que não querem, ou não conseguem ver o que está dando, ou deu errado; aquilo que é feio, sombrio, frustrante, eles tem dificuldade com as decepções e só querem ver a luz. Querem ver o bem, como se o mal não existisse, querem ver a luz como se ela própria não produzisse a sombra. Bom...otimista pode não ser isso, e aqueles que o são, provavelmente vão defender aqui seus conceitos, mas se é isso, isso eu definitivamente não sou.

Penso nos pessimistas como aqueles que não conseguem ver a luz. Tudo já se perdeu, e se houver alguma chance de algo dar errado (e sempre tem), dará. Eles tem uma dificuldade ou impossibilidade com o sonho, com a beleza, com a leveza...as pessoas são capazes do pior sempre, e em algum momento elas vão mostrar isso. A vida sempre está tentando nos punir e é difícil para um pessimista fazer planos, acreditar, ter fé... Bom, não sou pessimista. Faço planos e sonho bastante e sempre acredito neles.

Sobram os realistas. Esse é o mais difícil de conceituar. O budismo me ensinou que "Tudo é Ilusão". Se tudo é ilusão onde está a realidade dos realistas? O budismo me diz que, se conseguíssemos retirar todos os véus de Maya (ilusão) que teimam em cobrir os nossos olhos, poderiamos ver a realidade pura. Fica difícil imaginar o que sobraria...mas vamos lá.

Acho que ser realista é desenvolver um olhar mais central a respeito da vida. Um olhar que não saia do meu centro, do meu umbigo ou das minhas necessidades. Um olhar que conseguisse ver as coisas além das aparencias. Um olhar que pudesse ver por um angulo não pessoal, mas que alcançasse uma visão de 360º . Esse é o olhar do Buda, ou de Jesus. Um olhar de uma realidade ampla, não a realidade dos meus desejos egoístas, e muitas vezes legítimos, mas não menos egoístas. Uma visão da realidade total poderia se dar conta da luz e da sombra; do prazer e da dor; do bem e do mal; das perdas e dos ganhos; da vida e da morte...ao mesmo tempo e inseparáveis.

Tento ser uma pessoa realista e, se verdadeiramente fosse, não classificaria meus fins de semana como SIM e NÃO, porque eles são sim e não ao mesmo tempo. O Não pode ser sim, e vice-versa. Uma pessoa realista não faria afirmações categóricas a respeito de nada, porque tudo pode ser, ou não. As pessoas podem ser boas e não, ao mesmo tempo. Um evento pode ser bom e não, ao mesmo tempo.

Bom...que venha o talvez para a minha vida. Quero mais talvez e menos SIM e NAO. Quero estar aberta para vida com tudo que ela tem de possibilidades. O meu talvez não significa dúvida, pois dificilmente fico em dúvida....por exemplo: quando tenho que escolher algo pra comer num cardápio, simplesmente escolho, sem medo do sentimento de perda em relação a tudo que não irei escolher...realmente não tenho medo das escolhas, porque sempre tenho a convicção de que posso retornar, e que talvez eu queira diferente da outra vez. O meu TALVEZ significa, QUEM SABE? O meu talvez significa abertura para a possibilidade...sem negar que as coisas podem dar errado ou certo e tavez isso seja bom ou ruim....

Bom, eu não sei de nada. Quem sabe?

Namastê

Ludmila Rohr

P.S. Foto: Perdidos numa estrada na Toscana, Quem poderia imaginar onde ela nos levaria?


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Aquilo que se foi...aquilo que ficou...


Estou me dando conta de uma coleção de perdas repetitivas na minha vida. Não sei como elas me afetam diretamente, mas sei que são importantes.


Quando eu era uma criança, um carro de meu pai, pegou fogo, nele estavam álbuns de fotos de todos os filhos, muitas foram queimadas, algumas poucas foram reaproveitadas. Não sei o que os álbuns estavam fazendo lá, mas isso aconteceu.


Quando Salvador viveu a pior chuva da sua história, o rio que passa perto da minha casa transbordou, a enchente inundou muitas casas, inclusive a minha, perdemos muitas coisas, que foram repostas com o tempo, mas perdemos fotos, fotos do meu casamento, fotos das crianças ainda bebês...muitas fotos simplesmente desapareceram...nem sei o que perdi de fato.


Agora meu notebook deu um xilique...algo aconteceu com ele...e eu tive que gastar dinheiro para tê-lo de volta. Ele voltou, mas sem as fotos que eu armazenava lá. Inclusive todas as fotos da nossa viagem a Europa no ano passado. Algumas estão no orkut, mas perdi muitas fotos e assim como na inundação, nem sei de fato o que perdi.


Quando lembro do meu casamento fico triste em não ter fotos, eu casei em 1985, tinha 21 anos e casei numa cerimonia diferente. Eu estava vestida de Sari (traje típico das mulheres na Índia), descalça....acho que eu estava linda...., mas de fato essa fotos não me fazem falta, lembro de cada instante daquele dia.


As fotos dos meus filhos pequenos que foram perdidas doem, mas eu vivi tanto cada momento deles, vi cada dentinho nascer, vivi cada passo que foi dado e poderia contar em detalhes, poderia escrever um livro sobre isso...


A viagem para a Europa em 2008! Uau! Não existe nem ao menos um segundo dessa viagem que eu tenha esquecido...posso relembrar de tudo. Estávamos celebrando a vitória com o 1º câncer de Judson. Nos divertimos, nos amamos, choramos, brindamos, brigamos, fizemos as pazes...tudo está registrado no meu corpo e alma.


Quando era adolescente li um livro autobiográfio de Neruda "Cofesso que vivi". Confesso que não lembro de nada mais que li nesse livro, mas não consigo esquecer o título. Confesso que vivi.


Hoje, nesse exato instante meu marido está com drogas sendo injetadas no seu corpo pra tentar aniquilar célular cancerosas que ainda podem estar lá. Não tenho fotos de tudo que estamos passando desde abril do ano passado por causa desse câncer, mas não existe nada mais nítido na minha mente que isso.


Confesso que casei vestida como uma indiana.

Confesso que meus filhos fizeram muitas coisas lindas nas suas infancias.

Confesso que experiementei prazeres inesquecíveis na Europa em 2008.

Confesso que tenho vivido minha vida com muita intensidade que nenhum fogo ou água, ou problemas tecnológicos podem apagar.

Confesso que vivi, e viverei muitas experiencias intensas nessa vida e as contarei, contarei muitas vezes...contarei aos meus amigos, a quem quiser ouvir ou ler.

Confesso que muitas coisa se foram e eu tive que apreder a aceitar isso..., mas não há nada que realmente eu tenha, que algo ou alguém possa tirar de mim, pois elas me compõem, elas estão presentes na pessoa que sou, elas me construiram...


Confesso que vivi e viverei muito mais ainda...


Namastê


Ludmila Rohr
P.S. foto sobrevivente do meu casamento

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O Jesus que eu amo!


Primeiro preciso confessar que o título desse post é um plágio. O Mahatma Gandhi escreveu um texto lindo que se chamava assim. Ele confessava ter passado a vida sem conhecer Jesus, como a maioria dos indianos. Nesse texto ele diz que não entendia bem a fé cristã, com tantos pecados e culpas. Não entendia a relação de inferno e céu, mas que achava Jesus incrível. Ele dizia que se todas as escrituras sagradas do mundo se perdessem e sobrasse apenas o Sermão da Montanha, tudo estaria salvo! Ele conheceu Jesus já adulto, era um hinduísta e tinha o Bhagavah Gita como livro sagrado.

Eu cresci sabendo muito pouco sobre Jesus. Não tive uma educação religiosa. Aliás, eu não sabia o que era Deus ou Jesus...não entendia essas coisa de religião. Nunca fui batizada, nunca frequentei nenhuma Igreja, nunca fiz aulas de religião nem nada parecido. Meus pais vinham de famílias extremamente religiosas, acho que quando se casaram deixaram pra trás uma vida inteira de fé imposta e cheia de dogmas. Meu pai era (é ainda), um comunista praticante, líder sindical, preso político em 64...ou seja...crescemos longe das religiões, que ele chamava de ópio do povo! Mas nunca o ouvi falar mal de Jesus, muito pelo contrário...Jesus era o "companheiro Jesus". Cresci achando que Jesus tinha sido um homem digno de ser imitado, admirado e que tínhamos muito a aprender com o companheiro! Jesus não era inalcançavel para mim, era um homem possível!

O Jesus que eu conhecia era esse. Um homem possível. Alguém que conseguiu chegar num lugar e, em uma condição que todos nós deveriamos tentar chegar. Alguém que tinha o compromisso com a verdade e com a justiça!

Com 16 anos comecei a praticar yoga. Estudei muitas escrituras hinduístas, budistas, livros da tradição Védica e Tântrica. Conheci e desenvolvi a minha espiritualidade nesse caminho. Tudo que eu estudava reforçava mais o meu amor e admiração por Jesus. Achava muito incrível compreender a jornada de Jesus através do olhar de um Yogue. Jesus foi um Yogue. Alguém que praticou a ética, alguém que desenvolveu controle sobre os sentidos, concentração, capacidade de meditação e reflexão, alguém que alcançou o Samadhi, (para os yogues), ou iluminação, (para os hinduistas) ou para os budistas, o Nirvana. Ele trilhou todo o caminho que os yogues descrevem como o caminho da iluminação. Jesus é um Buda, alguém que se realizou completamente, alguém que cumpriu plenamente o Karma e conseguiu viver o Dharma (a Lei). Jesus é UM com o PAI! Jesus é um unificado! Encontrei Jesus estudando Yoga e o amei muito, do fundo do meu coração!

Certa vez na Índia, eu estava em Delhi e o motorista que me servia, me pediu pra que eu falasse um pouco sobre Jesus, ele queria conhecê-lo, nunca tinha lido nada, mas era curioso. Tentei falar de Jesus, contar alguma passagem...não consegui, mas quando disse para ele que Jesus para nós do ocidente, era como Rama, como Krishna, como Vishnu, ou Shiva, ou Buda....que Jesus era como um Deus deles, ele que ouvia respeitosamente, se emocionou e silenciosamente disse que entendia, que os Deuses eram todos iguais e que estavam sempre tentando nos ensinar a sermos melhores do que nós somos e alcançar a liberação do Karma e que Jesus devia ser assim para nós também.

Jesus tenta me ensinar a ser limpa de coração...assim como as crianças que confiam e se entregam. Jesus tenta me ensinar que o amor e a simplicidade são o caminho para a paz. Jesus tenta me ensinar que tenho apenas que confiar e nada a pedir, que tenho que fazer a minha parte e que o resto virá como acréscimo.... Esse Jesus eu amo e me toca profundamente o coração!

Amor e Paz para todos!
Namastê!

Ludmila

P.S. Foto tirada em Delhi no dia que conversei com o tal motorista. Ele quem me levou nesse lugar lindo!



quarta-feira, 8 de abril de 2009

Tudo é possível...Nada é impossível!


Não consigo ser "otimista", queria muito, mas não consigo... As pessoas otimistas veem um futuro lindo, com vitórias e mais ainda, conseguem ver seus desejos realizados. Essas pessoas acreditam que a força desses pensamentos otimistas construiriam essa realidade tão almejada. Não sou assim., embora seja muito realizadora e cheia de desejos, não sou uma otimista, não sou alguém que só tem olhos para o bem, o belo e o "positivo". Vejo as dificuldades, planejo como encará-las, me pego querendo ver a sombra das coisas e não só a luz!

Quando aquelo livro "O segredo" apareceu e foi aquele escandaloso sucesso, eu simplemente ria e achava uma imbecilidade. Achava que as pessoas estavam querendo uma ilusão...continuo achando. Não acho que isolando meus pensamentos negativos e só colocando energia nos pensamentos positivos eu consiga mudar minha vida.

O primeiro problema pra mim é que eu questiono o conceito de positivo e de negativo. O que realmente é positivo? O que eu desejo para mim, o que eu desejo alcançar é necessariamente positivo? Acho que não. Duvido que tenhamos essa sabedoria toda para discernir o que é realmente positivo. Muitas vezes vejo pessoas agarradas a coisas, sentimentos e ideias e colocando tanta energia nelas como se fossem positivas e sem noção de que essas mesmas coisas a estão levando ladeira abaixo. Na Índia se diz que, quando os Deuses querem se vingar, eles atendem os nossos desejos. É um ditado popular que fala sobre a nossa ignorancia a esse respeito.

Depois questiono como seria a vida sem o negativo. Uma vida de Polianna, (romance que todas as mulheres da minha idade leram em suas adolescencias). Polianna jogava o jogo do contente. Ela transformava qualquer coisa que lhe acontecia, por mais dolorosa que fosse em alguma lição muito linda! Lembro que quando li Pollyanna fiquei com muita raiva dela. Achei que ela se enganava e não queria enxergar a realidade.

Passado alguns anos, eu comecei a ter uma certa compaixão por Polianna, minha raiva cedeu espaço para um olhar mais amoroso. Tive pena dela. Achava que ela era muito frágil e que precisava de tantos enganos, de tantos faz-de-conta. Comecei a pensar que ela precisava de terapia pra conseguir em algum momento ver a realidade, que nada mais é, que a visão do positivo e o negativo integrados. Talvez deva ser grata a Polianna. Talvez ela tenha sido algo que definiu desde cedo minha vocação para ser terapeuta, ou seja, ajudar as pessoas a se olharem de frente e sem auto-enganos, mas dentro de um possível amoroso, até por que eu também não sei o que é o melhor para ninguém.

Hoje penso que o positivo não necessariamente é algo bom, e o negativo nem sempre é algo ruim. Sei que muitos prazeres podem ser a derrota de uma pessoa, e muitas dores podem significar exatamente o oposto. Hoje penso que sou uma pessoa realista, acho que sempre fui, desde pequena. Lembro de mim, como uma pessoa "velha" desde nova.

Minha crença hoje, é que não preciso ser uma pessoa boa, mas que devo buscar ser boa naquilo que faço. Devo buscar estar inteira e com a visão cada vez mais ampliada. Acredito que tudo é possível e que nada é impossível. Então não posso ser como Polianna, que se permitia apenas uma possibilidade, só via aquilo que ela queria ver.

Tudo é possível....Nada é impossível... isso me coloca diante de um universo imenso de possibilidades, e que não posso controlar, que por isso mesmo pode ser assutador, mas que também, exatamente por conta da sua imensidão pode ser muito acolhedor... Isso me dá Paz.

Namastê!

Ludmila Rohr








domingo, 5 de abril de 2009

Só amanhã, hoje não....


Domingo. Tive que sair de casa, levar um material lá no meu trabalho. Sabia que teria que fazer isso, mas fui pega de surpresa com a urgencia de ter que fazê-lo correndo. Fui. Na volta fui agredida por um motoqueiro que simplesmente atacou meu carro e quebrou meu retrovisor. Agressão gratuita. Não merecia aquilo, ninguém merece. Fiquei um tempo com raiva de todos os motoqueiros, depois um tempo com raiva de ter saido de casa, depois mais um tempinho com raiva das coisas estúpidas que acontecem.... fiquei pensando que aquele imbecil devia ter uma mãe, e quando penso nas mães minha raiva começa a passar...

Pele fina. Assim me senti esse fim-de-semana. A morte de Lili que eu nem conhecia. Tudo que aconteceu ou o que não aconteceu me tocou de modo especial. Acho que dizer que estou em contato com a minha vulnerabilidade não seria errado. Somos vulneráveis, isso é uma verdade para todos, mas tem dias que isso fica mais evidente, a pele antes curtida pela vida dá uma afinada e de repente o vento doi, as palavras machucam, um tom de voz mais rispido é o suficiente pra provocar lágrimas, uma cobrança mínima faz aflorar algo...

Percebo que posso controlar isso, mas nem tento... nem quero...
Posso respirar, enraizar minha energia, focar minha mente, mas não quero...hoje eu não quero...
Não tenho pena de mim, não me sinto fraca, muito menos acho que sou uma pessoa triste, mas agora não quero ser "forte", agora não quero ser resistente, não quero me esforçar para nada...quero me permitir ficar assim, meio largada, meio boiando, meio flutuando, sendo levada...vendo o tempo passar...

Quero ficar em frente a TV vendo uma comédia boba, quero ficar no pc jogando free cell, não quero cobrar nada de mim.... meu corpo sabe respirar, então que ele respire. Não quero estudar nada. Não quero conversar sobre nada sério, não quero fazer nada sério. Não quero exercitar pensamentos otimistas e nem quero ser uma pessoa "boa". Quero comer algo gostoso e nem vou me preocupar se é saudável.

Bom... essa sou eu também. Sem cores, sem sabores, sem odores...sem palavras bonitas, sem grandes sentimentos, apenas esperando o tempo passar... Sei que posso fazer isso porque tenho uma boa sensação ao meu respeito, posso fazer isso porque sei que sou uma pessoa boa, posso fazer isso porque sei que também poderia fazer o contrário. Posso fazer isso, porque isso não sou eu, e amanhã, quem sabe eu queira ser uma pessoa melhor do que fui hoje, e se quiser, não tenho dúvida alguma de que poderei. E serei. Mas só amanhã, hoje não.

Namastê

Ludmila

P.S. foto que chamo de"A insignificância do Ser"no Red Fort, Agra, Índia.




sexta-feira, 3 de abril de 2009

Lili morreu...


Eu não a conhecia...nem a conhecerei mais. Ela morreu aos 36 anos. Acho que tinha dois filhos ainda pequenos. Não sei o que ela fazia. Só a vi em uma foto pequena em um tópico de uma comunidade do orkut. Esse tópico chama-se "Confesso...". Lá as pessoas que fazem quimioterapia e seu amigos ou parentes, fazem suas confissões. Já li todas, quando entrei na comunidade esse tópico já existia, por isso passei um dia inteiro lendo tudo que havia sido postado nele desde a sua criação.

Conheci muitas histórias...muitas pessoas incríveis. Vi essas mesmas pessoas em vários momentos distintos. Ora confessavam momentos de alegria e esperança, ora de raiva, tristeza e desânimo. Esse espaço me é muito útil., é um espaço de muito acolhimento. Lá também faço as minhas confissões. Na verdade são desabafos, catarses que escancaram a nossa alma e revelam sentimentos íntimos.

Não sei porque a foto de Lili me chamou atenção. Na foto que aparecia no site, ela lembrava alguém conhecido. Tinha um olhar conhecido. Um pouco melancólico...sei lá. Senti essa atração por ela, mas por outras pessoas também. Percebi que ela não postava há tempos. Pensava nela de vez em quando...

Hoje pensei nela. Fui lá no seu perfil e descobri que pessoas tristes escreviam mensagens desejando que ela descansasse em paz, que agora ela morava ao lado de Deus, que a luta havia terminado, que agora não haveria mais dor!! Essas mensagens começaram um dia atrás, pois dois dias atrás alguém escreveu dizendo que sentia saudade e que ía aparecer um dia desses!!

Lili morreu um dia atrás. Não sei quem ela era. Mas ela sou eu. Ela é cada uma das mulheres que conheço. Ela é uma mãe, uma filha, uma irmã, prima, uma amiga, uma vizinha, uma amante, namorada, esposa, uma colega de alguém...ela agora existe na memória dessas pessoas que a conheceram e também na minha que nunca a conheci, nem a conhecerei.

Tenho uma fala que muitos dos meus amigos já ouviram. Digo sempre que amo muito a vida e que quero viver muito, que tenho muitas coisas pra fazer. Digo que se eu morrer jovem que eles (os amigos) devem fazer vibrações, orar, rezar, acender incensos, velas, bater atabaques, mandar rezar missa...qualquer coisa...pois com certeza eu vou estar muito puta da vida (ou puta da morte) por ter morrido jovem. Sempre digo isso brincando, mas percebo que estou falando sério. Acho um grande desperdício morrer jovem. Quero morrer quando não estiver mais lúcida...muito velhinha...quando estiver cansada e achar que a morte e o que vier depois dela sejam um descanso, mas por enquanto meu descanso com certeza é uma boa cochilada, um mergulho no mar ou assistir a um por-do-sol no Farol da Barra.

Por isso choro por Lili, choro por mim...choro por seus pais, filhos e irmãos....

Namastê!

Ludmila Rohr




quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sou todas as emoções...


É noite agora. Estou bebendo uma taça de vinho. Sinto cansaço. Me dou conta de que vivi em um só dia muito mais emoção do que normalmente levaria muito tempo para experimentar.

Hoje foi dia de quimioterapia. A quarta sessão de 12. Estávamos tensos com a possibilidade dela não acontecer, por causa dos leucócitos que havia sinalizado, dois dias antes, estar abaixo do nível mínimo possível para fazer o procedimento. Começamos a vivenciar o conflito de emoções desde esse momento, pois como desejar algo que seu corpo sabe que te causará sofrimento. Uma parte sua quer muito, pois sabe que é a possibilidade de cura, outra parte, que é visceral, animal repugna algo que sabe que lhe causará desconforto e sofrimento, deseja até se ver livre daquilo.

Experimentei controlar o choro várias vezes nesse dia. Senti raiva, medo, coragem, serenidade, ansiedade, quietude, alegria...em sequencias que se alternavam...eu via os sentimentos virem e irem....eu via os sentimentos que se apossavam do meu corpo como água que inunda e saiam, evaporavam...eu via isso acontecer!

Somos emocionais...não tem como fugir disso. Sentimos tudo que nos acontece (dentro e fora de nós) em forma de emoções, sentimentos... Acho incrível perceber cada emoção e poder não me identificar com nenhuma delas. Não sou medo, mas sinto medo. Não sou raiva, mas a sinto. Não sou coragem, mas tenho. Não sou alegria, mas posso gozar essa alegria quando ela me toma.

Se me percebo como sendo susceptivel às emoções, com poder de reconhecê-las e não fujo delas, posso também perceber o meu poder sobre elas...percebo então que ...nenhuma delas sou eu, mas eu, sou todas elas!

Namastê!

Ludmila Rohr

P.S. No Farol da Barra (Salvador) lugar mais lindo do mundo e que guarda preciosas lembranças da minha infância e adolescência.