segunda-feira, 4 de março de 2013

ENTRE GATOS E FIGAS


Sempre tivemos cachorros em casa. Tinha uma idéia preconcebida de que não gostava de gatos, até mesmo por que é comum pensar que quem gosta de cachorro não gosta de gatos e vice-versa. Em 2008 minha casa foi invedida por uma gata (vira-lata) , ela entrou no nosso telhado e pariu lá mesmo uma ninhada de 7 gatinhos.  Essa gata nos deu um trabalhão, por que era super arisca, não nos deixava chegar perto dos gatinhos que cresciam entre a laje o telhado. Fio impossível tirá-los de lá. Eles cresceram, começaram a brincar no telhado. Era uma cena linda de se apaixonar. Comumente as crianças do nosso condomínio ficavam paradas na calçada vendo os gatinhos aprontarem tudo lá em cima. Um dia, sem nos avisar, todos foram embora, menos a mãe, que descobrimos estar grávida de novo. 

Ficamos de olhos nela, porque como ela era muito arisca, sabíamos que ela ía parir novamente no telhado. Esperamos os gatinhos nascerem, esperamos que ela saísse para comer e ainda recém-nascidos, os pegamos e colocamos pra baixo, numa caixa de papelão na sala da nossa casa. Ela enfureceu, tentou carrega-los para cima, mas não permitimos. Ela teve que se render e ficar conosco em casa. Essa ninhada, porque pudemos ter contato com os filhotes desde que nasceram, eram bem mansinhos e aprenderam a receber nosso carinho. Colocamos nomes em cada um deles e arrajamos casa e donos para todos eles, assim que foram desmamados. 

Durante esse mesmo tempo "Gatão"chegou lá em casa ( Já contei a história de "Gatão" aqui no post "Onde está Gatão" ). Ele é um siamês que foi atropelado na frente da minha clínica em Salvador, e que demos socorro e que nunca conseguimos achar seus donos. Ele tinha um prognóstico reservado, mas não morreu. Ficou bom e lindo, e passou a morar lá em casa também. Nossa casa que tinha dois cachorros, passou a ter também 2 gatos adultos e sete filhotes. Um caos total. Eles se odiavam. Os cachorros não suportavam a gata e seus filhotes e tiveram que receber Gatão, que ainda por cima estava com traumatismo craniano e ficava no meu colo quase que o dia todo. 

Nessa época uma amiga me disse que quando gatos chegam em nossas vidas, chegam por que precisamos que eles limpem nossa casa de energias que não estamos dando conta. Verdade ou não, (nunca saberemos), eles chegaram exatamente na época que meu marido foi diagnosticado com câncer e se submetia a um tratamento doloroso. Descobri que eu amava os gatos. Eles tinham a independência e autonomia que eu admirava. Ficou claro para mim que minha "praia" são os gatos e não os cachorros que sempre amei. 

Toda essa história para contar que quando cheguei aqui na Korea, descobri uma linha de bolsas,  necessaire, carteiras e capas de celular, agendas e etc... lindíssimas, com gatos! Claro que caí de amores e comprei várias coisas, inclusive algumas necessaires que me apaixonei. Quando voltei do Brasil em outubro passado, dei por falta de uma necessaire estampada com um desses gatinho. Do jeito que sou desapegada e esquecida, penso que só senti falta dessa necessaire especificamente, por causa dos gatinhos. Procurei por toda parte e não a encontrava, já havia esquecido dela quando até semana passada (4 mêses após), arrumando algumas coisas, descobri que ela havia caído atrás de um móvel e tinha ficado lá todo esse tempo. Ao abri-la descobri que estava lá, um colar de minha mãe, com uma figa de ouro. Não sei por que esse colar foi parar lá. Talvez minha mãe tenha colocado lá dentro para me fazer uma surpresa; talvez tenha caído lá, porque enquanto estive no Brasil dormi com minha mãe na cama dela, e a necessaire ficava ao lado da cama. Sei lá, e tenho que lembrar de perguntar pra ela na próxima vez que nos falarmos. 

Nada disso teria nenhuma importância se nesse mesmo dia em que achei a necessaire de gatinho com a figa de ouro da minha mãe, eu não tivesse tido uma conversa com uma amiga que me alertou sobre inveja. Ela me dizia que eu era muito ingênua em pensar que a inveja ( que ela pensa) que algumas pessoas sentiam de mim, não pudesse me fazer mal. Até escrevi uma vez aqui no blog sobre o que penso a esse respeito no post " SOBRE INVEJA " .  Essa amiga me contou que havia sonhado comigo e que no sonho, ela me dizia pra que eu me cuidasse melhor em relação a essas energias. 

Bom...não sei o que pensar dessas coisas. Nesse dia, até abri uma discussão na minha página do facebook, que acabou sendo bem interessante sobre "o poder da inveja". Queria ver o que as pessoas pensam sobre isso. Não tenho uma opinião formada, mas uma coisa eu fiz: Coloquei o colar com a figa de ouro da minha mãe no meu pescoço. Acho que depois que minha mãe ler essa história, ela nem vai querer que eu o tire mais. 

Os gatos sempre me trouxeram muitas coisas boas. Se eles nos ajudaram naquela época dolorosa das nossas vidas, eu não sei, mas eu os adoro. A figa está aqui, se ela vai me proteger de algo, também não sei, mas aqui ela vai ficar. 

Ludmila Rohr