domingo, 18 de novembro de 2012

ESSE CARA É MEU!


Lendo os vários e constantes comentários irônicos no facebook, sobre "Esse cara sou eu", deduzi que era uma nova música do Roberto Carlos. Os comentários riam do fato de que "esse cara"só existir em sonhos e na cabeça do Rei. Invariavelmente eram mulheres que os faziam.  Não me lembro de ter lido um homem sequer rindo ou desqualificando "esse cara". Fiquei curiosa, fui ouvir a música no youtube.

"Esse cara" é meu! 
Não sou uma fã ardorosa do Rei. Não sou daquelas que amam tudo que ele faz, ou que compram seus discos e CDs. Lembro de ter tido apenas um disco (LP) dele. Aquele em que ele cantava "Debaixo dos caracóis", (música que amo). Nunca tinha ido a um show dele enquanto morava no Brasil. Meu primeiro e único show do Roberto Carlos foi em Houston, e era uma show para a comunidade hispana, ele só falava espanhol e cantava músicas que nunca havia ouvido antes. Mas gosto de muitas coisas dele. Acho realmente que ele não é "Rei" por acaso. Um cara que consegue manter-se longe dos paparazzis e das revistas de fofoca, com a carreira longa que ele tem, definitivamente não é Rei por acaso. 

Sou daquelas pessoas que não conseguem cantar uma música inteira. Não gravo letras. Entretanto as poucas músicas que consigo cantar a maior parte, são do Rei Roberto Carlos. Ele tem músicas inesquecíveis e marcantes. Realmente ele tem o meu respeito e admiração. Gosto muito do Rei.

"Esse cara" é meu! 
Mas, esse post não é pra falar dele, e sim sobre a reação comum que vi das mulheres com a letra dessa música. Fiquei pensando no porquê delas acharem que "esse cara" não existe. A música descreve "um cara" apaixonado. Um cara que ama e não tem medo de amar e de expressar esse amor. Quem não sonha com isso? Por que achar que isso é impossível? 

Lendo a letra da música encontrei algo que não concordo, mas que entendo como figura de linguagem. O Rei chama "esse cara" de Herói. Não o vejo assim. Não acho que esse cara que se conecta com o amor por uma mulher, e que a respeita e admira, e não tem medo de mostrar isso, seja um herói. Mas, pensando no mundo em que os homens estão cada vez mais aprendendo a ver as mulheres como algo a ser violado, usado e desrespeitado. Um mundo em que a misoginia é comum tanto na mente masculina quanto na feminina, não me espanta que mulheres achem essa música uma piada, nem que o Rei Roberto Carlos o veja como um herói. 

esse cara é meu!
Acredito em homens que amam. Tenho dois filhos homens e acredito piamente que os ensinei a amar e a respeitar as mulheres. Não consigo imaginar um filho meu com pensamentos ou atitudes misóginas. Sou amada e respeitada. Não espero nada menos que isso do meu marido e dos meus filhos em relação aos seus amores. 

Acho que no lugar de olharmos e rirmos "desse cara" achando que ele não existe, nós mulheres deveríamos pensar na mulher que "esse cara" ama. 

Não espero do amor nada menos que respeito, admiração, companheirismo, tesão, amizade e carinho. Essa mulher sou eu! (rsrsrs) 

Sejamos essa mulher que sabe amar e que realmente acredita que merece ser amada. Sejamos uma mulher que não aceita pouco, que quer tudo, que quer tudo que merece. 

Ensinemos aos nossos filhos o valor do amor. O quão importante é amar! Ensinemos para os nossos filhos que machismo e misoginia são degradantes. Ensinemos que o machismo e a misoginia são  indignos daqueles que tiveram uma mãe, têm uma esposa e que possivelmente terão filhas. Ensinemos aos nossos filhos, não só com palavras, mas com exemplos, sobre o valor que temos, sobre o valor do amor e sobre como AMAR é a coisa mais importante da vida. 

Ensinemos para os nossos filhos a serem "esse cara".
Ensinemos para as nossas filhas a não buscarem nada menos que "esse cara". 

Obrigada Roberto Carlos por sempre cantar sobre o amor ! 

eu e o meu "cara".



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ACREDITANDO


Depois de quase dois meses fora da Korea, voltei.

no Espaço Mahatma Gandhi
Nesse tempo tantas coisas aconteceram que parece até que passei mais tempo fora. Sai daqui no calor, volto no frio, 5 graus me esperavam ... início de um inverno que promete. As malas precisam ser desarrumadas, e percebo que a maioria das roupas que ali estão, lá ficarão. Não as usarei por uns 3 meses. Outra coisa impactante é o horário, em dois meses vivi 3 fusos diferentes e a adaptação à mudança total que o fuso daqui me obriga não é fácil. 

Estava tentando lembrar das experiências externas que vivi nesse tempo que fiquei fora, vamos lá

  • Depois de um mês de extrema felicidade com meu filho Caio que veio de férias para a Korea viajei com ele de volta para os EUA.
  • nos EUA revi amigos, filho e nora. Reencontrei prima e sobrinhos.
  • vi meus dois filhos juntos.
  • ainda lá, veio a revisão dos exames do meu marido que acusaram, depois do terceiro ano após o fim da quimioterapia, que nenhuma reincidência do câncer apareceu no corpo dele. Momento de felicidade e alívio.
  • acompanhei no hospital uma amiga querida cuja filha luta contra o câncer. Essa é uma luta que conheço bem. Ver uma adolescente lutar não é fácil. Ver uma mãe cuja filha está nessa luta, é pior ainda. Tenho atualmente duas amigas nessa condição. 
  • Participei e vi emocionada a campanha Força Clara, criada por uma amiga dela para encoraja-la a ser ainda mais forte nessa luta.
  • Vi em Houston uma apresentação do Grupo de Dança de Déborah Colker (sempre quis ver). 
  • Fui para o Brasil. Reencontrei filho, nora, mãe, irmãs, cunhados, sobrinho e muito amigos queridos. 
  • Meu sobrinho casou numa cerimônia linda que me fez chorar muito.
  • Trabalhei. Dei aulas de yoga (estava morrendo de saudade) e conduzi uma vivência de Respiração. Estar no Espaço Mahatma Gandhi é sempre maravilhoso. Esse lugar me oferece um alimento especial para minha alma.
  • Fiz mais uma tatuagem.
  • Voltei para os EUA e estive lá quando Obama se reelegeu. Vi os gritos dos que comemoravam sua vitória. Gritei junto. Achei muito legal estar lá nesse momento.
  • Gravei mais vídeos para o site que estou montando sobre Sexualidade Feminina. Adoro esse projeto. Ainda falarei sobre ele aqui.
no casamento de Rafa & Priscila

com irmãs no casamento do meu sobrinho
com amigas que fiz em Houston

campanha "Força Clara"
meus filhos e sobrinhos reunidos nos EUA


As experiências que tive sob uma ótica subjetiva são incontáveis e tentarei resumir.

Senti nesse tempo alegria e tristeza, saudades, decepção e esperança, sensação de morte e renovação, sensação de perda e de ganhos, me senti forte e recebi um alerta para estar atenta aos invejosos (não sei se levo isso a sério); senti que a vida se renova o tempo inteiro e que não sei de muitas coisas, e que quando mais medito e observo, mais percebo que nada sei. Senti o quanto quero me ver livre dos apegos e da ignorância. 

Senti que "acreditar" é a grande força que nos motiva a caminhar. 
Acreditar na força das minhas pernas. Acreditar nos sonhos.
Acreditar que a vida tem um significado maior, me faz querer ser uma pessoa melhor. 
Acreditar que as experiências de dor e alegria podem me levar ao crescimento, me abre mais ainda para a vida. Acreditar mais uma vez que devo na minha intuição. 
Acreditar que a minha coragem pode conviver com o meu medo, mas que eu não posso conviver com a covardia. 
Acreditar que sou livre e preciso me justificar apenas para pouquíssimas pessoas, não mais que isso. Acreditar que a vida é justa, apesar das dores que parecem injustas. 
Acreditar que é melhor sofrer conscientemente, do que ser alegre na ignorância.  


minha mais nova tatuagem

Por tudo que eu acredito, essa é a minha nova tatuagem.