domingo, 9 de fevereiro de 2014

O PAI E AVÔ DOS MEUS AMORES

Quando conheci meu sogro ainda namorava com Judson. Viajamos para o ES a fim de conhecer a família dele. Sabia algumas histórias sobre ele. Percebia de forma encantada a identificação do meu namorado, (na época) com o pai. Eu mesma uma legítima Athena, nascida da cabeça do pai, achava isso o máximo. Sabia que ele era descendente de suíços e que junto com 3 irmãos começaram a vida vendendo de porta em porta. Conseguiram juntos, com muito esforço e trabalho, construir um comercio bem sucedido.

Sempre ouvi muitas histórias de como eles íam, de caminhão,  fazer compras em SP e RJ e traziam para vender naquela região do ES.  Descobri através dessas histórias, que meu namorado tinha como exemplo, um homem simples, trabalhador, e que construiu a vida com muito esforço e determinação, um homem sem preguiça, e pragmático, ciente de que o que existe pra ser feito, deve ser feito, e pronto.

com o primeiro neto, Caio

Sou baiana, nascida e crescida na Bahia, e aqui os homens são educados sem precisar fazer nada dentro de casa. As famílias que tem filhos homens os tratam diferente, as mães cuidam dos filhos homens para serem servidos, cabem às filhas mulheres aprenderem a servir os homens. É muito comum na Bahia, os meninos não fazerem nada, enquanto que as meninas ajudam suas mães em tudo da casa. Detesto isso, mas é assim que as coisas funcionam no nordeste do Brasil. As mulheres se queixam que os homens não "ajudam" em nada, mas educam seus filhos nesse modelo, fazendo tudo por eles, e esperando que quando eles se casem, as respectivas esposas continuem esse papel.  

Não fui educada para servir aos homens, e esse comportamento das mulheres nordestinas sempre me irritou profundamente. Quando conheci o pai do meu namorado, vi que ele tratava os dois filhos homens diferente do jeito que ele tratava a filha. Ele cobrava dos filhos, que fossem gentis e cavalheiros com a irmã. Diferente do que passei a vida vendo, os filhos eram ensinados a serem gentis, e não rudes. Eram ensinados a tratarem a mulher com respeito, e cavalheirismo e não como homens exigentes, mimados e mal educados. Meu sogro estava sempre ao lado da esposa, a ajudava em tudo. Participava da casa e a respeitava, na verdade, ele vivia para ela e seus filhos.

com Lucas, o segundo neto
Meu sogro foi o primeiro homem cavalheiro que conheci depois do filho dele, e lembro que nesse dia eu pensei: "vou casar com o filho dele. Esse é o marido que sonhei!". Era esse o modelo que queria para minha família. Era um pai assim que queria para os meus filhos.

Estou escrevendo sobre meu sogro por que ele partiu no início de janeiro. Pedi ao universo que isso acontecesse enquanto meu marido estivesse no Brasil, para que ele pudesse estar presente no funeral. Ele estava mal, não mais nos reconheceu quando estivemos lá, há tempos que havia se retirado daquele corpo, acho até que ele planejou uma partida lenta, pra que desse tempo da sua esposa, se acostumar a uma vida sem ele. Não sei se isso será possível.

Ele foi um marido fiel e presente. Viveu uma vida simples e digna. Seus prazeres eram simples, viajar com a esposa, dirigindo pelas estradas do Brasil, e ver os filhos se tornarem pessoas dignas e profissionais bem sucedidos, com famílias estruturadas.

com sua esposa, a quem dedicou a vida, e Caio

Meu sogro teve 3 filhos, 7 netos e 1 bisneto. Morreu ao lado da esposa, a quem ele dedicou a vida inteira. 

Agradeço todos os dias da minha vida, pelo filho que ele criou, que é meu marido. Não poderia ter um marido melhor. Agradeço ao universo pelo avô que ele foi para meus filhos. 






Vá em Paz, Sr. Jonas! Seus filhos e netos continuarão contando suas histórias e levando à frente, seu nome e seu exemplo de dignidade e retidão.