segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AO MESTRE COM CARINHO

Eu estava com 16 anos quando a conheci. Já se passaram 32 anos desde então. Buscava algo que fizesse sentido na minha vida. Eu era uma adolescente velha. Não tinha interesse algum em nada que as pessoas da minha idade tinham. A sensação era de ser uma E.T. Nada me atraía. Apesar de ser baiana, odiava carnaval e não era de festas, nem de multidão. Não suportava conversas que julgasse bobas e poucas coisas no meu mundo naquela época pareciam interessantes ou que valessem a pena para mim.

Havia lido algo sobre yoga e sobre a Índia. Entendi que queria muito conhecer aquilo. Queria para mim o mundo da meditação e do Yoga. Foi assim que a conheci. Ela era uma professora de yoga. Eu a amei desde o primeiro dia que a vi. Sua voz e sua energia me levaram a sentir algo que eu nunca havia sentido antes. Ela trouxe significado para minha vida e me levou a sentir que as coisas tinham um porquê. Eu senti que havia me reencontrado. Que eu havia encontrado minha alma e um caminho para minha espiritualidade se expressar.

Swami Shurimahananda não era uma pessoa comum. Ela era absurdamente forte e impactante. Tinha uma energia impressionante. Era impossível que ela passasse despercebida em qualquer lugar. As pessoas a amavam ou detestavam. Eu amei. Por muito tempo ela foi o meu mestre. Entendi que ela tinha muito a me ensinar e abri meu coração para aprender. Ela falava de Jesus apaixonadamente. Aprendi sobre Buda, Krishna, Babaji, Mahatma Gandhi, sobre os Mestres Yogues, sobre Kabala, Numerologia, Cristais, sobre os Chakras, percebo que aprendi tantas coisas que pude depois desenvolver e aplicar na minha vida que nem conseguiria listar. Entretanto consigo destacar que dentre tudo que vivenciei, o que aprendi de mais importante foi sem dúvida alguma sobre Karma Yoga, sobre o servir ao próximo, sobre voluntariado. Aprendi a amar o SERVIR. 

Por muitos anos fui voluntária no Plantão da Fraternidade, serviço fundado por ela. Atendíamos por telefone, 24 h por dia pessoas que buscavam carinho, conselhos e até mesmo aquelas que buscavam apenas serem ouvidas e sair da solidão. Amava isso. Amava ser plantonista. Amei muito. Servi e Amei muito. Como não ser grata a essa pessoa que me favoreceu isso? O Yoga e o Plantão da Fraternidade continuaram na minha vida até hoje, me tornei uma  Professora de Yoga e uma Psicóloga.

Ela tinha lindos e penetrantes olhos azuis que me acolheram tanto e por tantos anos. Ela celebrou meu casamento, viu meus filhos nascerem, foi testemunha da minha transformação de uma adolescente insatisfeita em uma adulta buscadora. 

Shurimaha não era uma pessoa fácil. Poderia fazer uma lista enorme de coisas que não gostava nela, mas não faria isso. Sou tão grata por tanto que recebi. Ela se foi desse mundo. Hoje só quero agradecer publicamente por tudo que ela me deu, e não foi pouco. Um mestre é aquele que ensina algo, e ela me ensinou. Tenho um histórico pessoal muito positivo e inesquecível com ela.

Um dia ela me deu um nome espiritual, me chamou Halina. As pessoas que me conhecem dessa época lembram disso. Amei esse nome. Ela me disse que Halina significava: "Aquela que dá sabor". Amei. Adorava ser Ludmila, que meu pai me deu ao nascer,  que significa "Amada pelo Povo" e amei ser chamada espiritualmente de Halina. Triste pensar que os dois se foram desse mundo quase que na mesma época. 

Ao saber do seu desencarne senti uma gratidão enorme no meu coração. Sou grata à vida por ter te encontrado e ter tido uma adolescência tão atípica que me fez a pessoa que sou hoje. Sou grata por ter vivido experiências tão fortes ao seu lado. Sou grata por por tantas coisas... que só posso dizer: 

Muito Obrigada Swami Shurimahananda por ter me entendido, respeitado e me amado até no momento que não consegui mais estar ao seu lado e te deixei.

Shanti....!

Halina


terça-feira, 9 de agosto de 2011

O QUE ME SEPARA DE MIM MESMA?

 Os opostos sempre me atraíram.  Gosto muito do conceito de "Sombra" que Jung ofereceu para a psicologia. Assim como gosto muito da idéia do "Inconsciente" de Freud. Gosto de pensar que existem partes em mim que não conheço ou que são inconscientes. Sinto-me desafiada e estimulada e descobrir o que existe por trás das primeiras impressões.

Sempre que conheço alguém ou vivo uma situação diferente na minha vida, gosto de me perguntar sobre os aspectos daquilo que não estou vendo pelo simples fato de estar olhando para aquela face que se mostra. 

A imagem que vi e registrei na foto que publiquei no último post ( O que voce pensa/sente ao ver essa foto? ) foi mobilizadora de muitos conteúdos em mim. Era uma momento simples. Havia levado minha mãe para passear em um zoológico na Alemanha. Nada de muito complexo ou subjetivo naquela experiência, até que me deparei com aquela criança que admirava aquele bicho tão grande. Protegida por um vidro espesso, ela que era tão frágil e parecia tão vulnerável diante daquele animal que provavelmente a destruiria com o próprio peso, me pareceu uma imagem incrível. Fotografei.

Nem lembrava dessa foto até que por conta de um recurso automático e aleatório do facebook, ela apareceu diante de mim, na minha página. Parei pra admirá-la. Confesso que estava sem nenhuma inspiração para escrever para esse blog e tive a idéia de colocá-la aqui com um questionamento. Queria saber se outras pessoas seriam mobilizadas por ela como eu fui, ou de que forma seriam mobilizadas.

Recebi muitos comentários, além dos que ficaram registrados no blog. Pessoas me enviaram emails falando sobre impressões que tiveram. Umas  falaram sobre lembranças de quando eram crianças, diante de autoridades, mas a maioria descreveu impressões conceituais de energias e características opostas que sentiam que habitavam suas mentes e suas almas.

Três elementos chamam minha atenção nessa foto. A criança pequena, ingênua e frágil, o animal absurdamente forte, grande mas quieto e, o terceiro elemento, que Helena trás a tona em seu comentário, que é o vidro que separa os dois.

Se penso na criança como a minha mente consciente e o animal como símbolo de conteúdos poderosos e adormecidos, o que seria esse vidro? O que faria essa separação entre o que sabemos de nós, e desse poder absurdo? adormecido ... quieto ... mas vivo, ...ali ... parece que esperando ser despertado. Parecendo um poder que tanto pode ser destruidor como exatamente o oposto. Algo que poderia nos destruir e ao mesmo tempo nos salvar.

Se todos os elementos da foto podem ser vistos e entendidos como partes de mim mesma, o que é esse vidro? O que me mantém separada de uma porção tão poderosa que me pertence? Seria possível rompê-la? Seria possível incorporarmos essa energia? Seria possível trazermos essa porção poderosa para a consciência e nos apropriarmos dela?

Como se esse blog fosse um grande grupo de terapia, quero deixar uma segunda pergunta para vocês:

 "Se encararmos o animal como um poder, o que estaria nos separando dele?"

Ludmila Rohr

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O QUE VOCE PENSA/SENTE AO VER ESSA FOTO?

O que voce pensa e/ou sente ao olhar essa foto?
Que pensamentos ou lembranças são mobilizadas?
Que memórias são evocadas?
ou.... o que ela representa pra voce? Como voce a descreveria?
Consegue pensar em uma metáfora diante dela?

Visitando um álbum de uma viagem que fiz em 2008 a Alemanha encontrei essa foto que tirei no zoológico de Koln. Lembrei exatamente da sensação que tive ao ver essa cena e que me levou a tirar essa foto. O contraste entre a delicadeza e fragilidade da criança e a força do animal me chamaram atenção e me me fez refletir sobre a nossa alma, sobre as forças opostas que coexistem dentro de nós.

Vou escrever sobre isso a partir das respostas que chegarem...