sábado, 20 de fevereiro de 2010

RESPEITO É BOM E É CURADOR!


Sou uma pessoa pragmática!
As coisas, pra mim, precisam funcionar. Eu acredito no que funciona!
Já testei a funcionabilidade de muitas coisas subjetivas e sobre as quais as pessoas fazem referencia com não sendo pertencentes à vida prática, por exemplo:
Já testei a funcionabilidade de uma expressão genuína de amor em momento de raiva. Funciona!
Já testei a tolerância e a não-violência, elas funcionam!! É comum desarmarmos discursos violentos com a prática da não-violência.

O Mahatma Gandhi escreveu sua autobiografia que se chama: "Minha vida e minhas experiências com a Verdade!"..ele era um pragmático, e testou a funcionabilidade da VERDADE (Satyagraha) e da NÃO-VIOLÊNCIA (Ahimsa)..ele testou de forma intensa e desenvolveu a certeza interna (convicção) de que elas funcionam!

Não sou uma pessoa crente de graça! Preciso acreditar que as coisas funcionam para de fato acreditar. Sou assim. Se elas funcionam, eu acredito como ninguém. Talvez não pratique tanto, mas acredito. Assim é a minha FÉ! Assim é a minha religiosidade.

Hoje eu estava me preparando pra escrever pra voces e contar como foi meu primeiro trabalho aqui nos EUA, meu primeiro Grupo de Mulheres, mas algo aconteceu no Brasil que me deixou muito louca de raiva! Meu lindo e muito querido amigo Gustavo, que luta contra uma segunda recidiva de um câncer, lá na Paraíba, teve sua cirurgia adiada mais uma vez.

Eles souberam na véspera da cirurgia, que ela não iria acontecer. Qualquer um que já teve alguém próximo vivendo uma situação como essa pode entender sobre o que eu estou falando. Quem nunca viveu algo assim, pode ser empático nesse momento e se dar conta da quantidade de emoções que são envolvidas numa luta como essa. Voces podem imaginar o que ele vive, ou o que sua mãe, que é uma guerreira, vive!

Tiramos forças do fundo na nossa alma, pra lutar contra o câncer. Eu sei disso. Tentamos manter as esperanças em alto nível, porque ainda nos dizem que isso é importante para a cura acontecer! Mas...quando algo assim acontece, o que fazemos com os nossos pensamentos de raiva, indignação e revolta? Ainda dizem: que esses sentimentos fazem mal (e é verdade), mas o desrespeito e o descaso fazem mais mal ainda.

Abro o jornal (virtual) do Brasil hoje, e ainda existem notícias sobre carnaval...Ivete, escolas de Samba..mulheres nuas e BBB!!! É inacreditável, mas nesse momento, a cirurgia de um rapaz extremamente inteligente, de 23 anos e que cursa o Mestrado em computação...e que foi adiada por um sistema que se acostumou a desrespeitar a vida humana...não tem a menor importância! O que importa é o saldo do carnaval e o BBB!

Muitos rapazes, moças, crianças, pais e mães morrem nesse país que se acostumou a desrespeitar e a ser desrespeitado! Essa minha postagem nesse blog, provavelmente não terá repercussão alguma...ninguém vai comentá-lo...ninguém vai saber do Gu...

Algumas pessoas disseram para a mãe dele pra ela se conformar, pois Deus quis assim e que a cirurgia vai acontecer em outro dia, ou quando Deus quiser. Não quero questionar a Fé de ninguém, mas preciso dizer que ESSE NÃO É O MEU DEUS. O meu Deus é sinônimo de justiça e respeito. O meu Deus me diz que devo lutar por Justiça e respeito e nunca aceitar injustiça e desrespeito!

... preciso dizer que RESPEITO funciona, é bom e funciona! Respeito cura! Respeito não deixa as pessoas sofrendo sem necessidade..respeito é bom e todo mundo devia gostar e exigir! Estou aprendendo um pouco sobre respeito morando aqui nos EUA. Esse é um país com defeitos como qualquer outro, mas é um país onde as pessoas não aceitam cordeiramente serem desrespeitadas. Gosto disso.

Gu...amo voce! Voce mora no meu coração! e penso em voce todos os dias! e ...agora quando escrevo isso...estou chorando...por não poder fazer por voce, nada além de escrever sobre esse descaso!


Ludmila
P.S. Se voce se sentiu tocado por essa postagem, recomende pra alguém! Passe adiante, a idéia de que não devemos aceitar o desrespeito!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Mudança interna...e mudança chegando..



Viemos morar em Houston no Texas, no dia 22 de dezembro de 2009, ou seja, quase 2 mêses atrás. Viemos no dia do meu aniversário. Quis isso. Escolhi simbolizar meu aniversário, com a mudança, desapego, renovação, recomeço...etc....

De lá pra cá muitas coisas aconteceram, e não posso negar que estou amando essa experiência. Essa é uma cidade incrível. Tudo é absolutamente organizado, espaçoso, grande...o Texas tem essa fama: Everything is big in Texas! Gosto disso. Sou espaçosa também!

As lojas são imensas, as ruas, as avenidas e os infinitos viadutos...os carros são imensos...as porções de comida...enfim..tudo é grande.

Bom...as coisas são baratas também, e eles vendem absolutamente tudo que voce nem sabia que precisava, mas no momento que conhece, não consegue mais se imaginar sem elas! Coisinhas que criam necessidades e que facilitam a vida, já que aqui temos que fazer tudo... cuidar da casa, roupas, comida.

Aqui temos que rever hábitos brasileiros de bagunçar as coisas, porque lá no Brasil, sabemos que alguém vai arrumar depois, aqui, o melhor é nem sujar, o melhor é nem bagunçar nada, porque voce terá que arrumar depois. Hábitos de praticidade vão sendo criados, e olha que eu sou uma pessoa extremamente prática, mas sem prática nenhuma com as coisas da casa que estou descobrindo agora. Confesso que estou amando aprender a cuidar da minha casa.

Bom...hoje estou aqui, esperando minha mudança que chega em alguns instantes do Brasil. Estou meio assustada, pois não consigo lembrar do que enviei pra cá, e mais assustada ainda, pois nesse exato momento, eu não preciso de NADA! Nada (coisas) me falta aqui!!

A reflexão que faço nesse momento é sobre o acúmulo de coisas que fazemos. Como é possível que há 2 mêses atrás, aquelas coisas que enviei lá do Brasil, serem extremamente necessárias, e 2 mêses após, descubro que vivo muito bem sem elas? Como essa questão das "necessidades" é delicada. Do que é que realmente preciso? O que é que me faz falta?

O Mahatma Gandhi foi eliminando suas posses, e no fim da sua vida, possuia 2 panos de algodão com os quais se enrolava, o livro sagrado Bhagavag Gita que ele lia todos os dias, o colchão que dormia no chão, duas tijelinhas onde colocava sua comida, chinelo e seus óculos. Eu mesma tenho lá na minha clínica uma foto desses pertences. Ele dizia que era tudo que ele precisava, e de fato devia ser mesmo.

Digo para meus alunos em muitas meditações que conduzo, que o que precisamos naquele momento, nós temos: ar em abundância para respirar e a terra para sustentar nosso peso. Isso é verdade! mas agora, minha casa será tomada por muitas caixas que estão vindo do Brasil, com coisas que provavelmente vou ficar muito feliz em rever, mas que certamente (sei disso) não necessito delas pra viver!

Bom...nesse momento de reflexão...receberei coisas que têm valor sentimental, mas que essas lembranças já estão dentro de mim e que não preciso de coisas pra lembrá-las; outras, descobrirei que não têm valor algum e que serão um estorvo aqui..enfim...são coisas.

De fato do que eu preciso para viver em qualquer lugar, é da minha mente lúcida e tranquila e do meu coração aberto. Assim farei amigos e com certeza, terei condição de resolver problemas que surjam e desafios que a vida me colocar....e como disse no começo, o símbolo dessa viagem desde o seu início, foi transformação, renovação e desapego...

Talvez, quem sabe? Eu descubra que muitas mudanças já aconteceram na minha vida nesses 2 mêses, e que nem preciso mais dessa "mudança"! Entretanto, estou aberta. Que venham as mudanças! Sejam elas, quais forem.

Ludmila Rohr

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Uma homenagem a Caio Rohr



Uma homenagem ao meu filho Caio...que fez 22 anos ontem!


Caio chegou ao mundo 22 anos atrás...sem fazer força,
sem alardes...tranquilo...lindo...grande...era um bebezão de 4kg.
Caio chegou ao mundo sendo muito desejado e amado.
Caio é do bem. Ele é da paz.
Caio é um grande amigo dos amigos dele.
Caio é um gentleman com a namorada.
Ele ama e é amado. Ele é fiel e confiável.
Sua voz é suave e tranquila, mas se transforma quando sobe no palco e guturalmente canta suas músicas de Death Metal.
Caio é gentil, sensato e generoso.
Ele é movido pela paixão e dificil de ser pressionado...
Ele sempre faz o que quer...e no ritmo dele, sempre no ritmo dele.
Tem uma aparencia meio de ogro, mas é doce e suave.
Canta parecendo que tá bravo, mas é sereno.

Caio é Caio. Ele é único.

É a contradição...é a liberdade...é aberto..inteiro...é do mundo..é da vida..é o que ele quiser!

Ele é assim...e vai sendo...um dia de cada vez...sem ansiedades, sem correrias....

...com o jeito Caio de ser.


Te amo muito meu filho....

Ludmila

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Me perdendo...pra me achar muito melhor!


Uma coisa deliciosa nessa experiência aqui em Houston é dirigir...sair por aí...adoro isso! Bom...preciso confessar que tenho GPS no carro, e a qualquer momento posso teclar no "Go home" e ele me leva sã e salva pra casa....mas mesmo assim...é uma delícia. Outra confissão é que Houston é uma cidade completamente organizada, o trânsito é espetacular, mas mesmo assim, posso viver essa experiência interna!

Sou uma capricorniana, ou seja, adoro a segurança, mas sou de áries como ascendente...gosto de aventurar. Quando me libero da tensão do capricórnio, acho a liberdade uma delícia. Sou ambiciosa, no sentido de que sempre quero mais e acho que tenho um excesso de autoconfiança, porque sempre acho que vou dar conta e sempre acho que posso. Penso também que não dou conta da mesmice dos dias que seguem simplesmente, quero sempre me dar a chance de viver coisas novas...de me abrir para a possibilidade de que elas aconteçam! Acredito que tenho poder de interferir e fazer escolhas!

Uma vez em Paris, eu e Judson, nos perdemos no metrô, era noite, estava muito frio, com vontade de fazer xixi, e perdidos nos infindáveis caminhos subterrâneos de Paris...rodamos..rodamos..lemos muitos mapas e nos achamos..ai que delicia...Foi uma delícia voltar pro quentinho do hotel, mas foi mais delicioso ainda a sensação interna de me achar, de saber que podia me perder, que eu podia me aventurar em novos caminhos, porque eu certamente me acharia depois. Essa foi uma experiência muito minha...no dia seguinte, eu queria andar pelos metrôs outra vez, porque aquele conhecimento já me pertencia..eu tinha poder sobre aquilo...eu havia vencido um medo...eu tinha ampliado minha alma!

Outra coisa que me ajuda, além de não ter medo de me perder, é não ter medo de perder! Não tenho medo de perder quase nada. Acho que só tenho medo de perder as pessoas que amo, só isso...

Nas mínimas coisas da vida...eu sinto que posso mudar e me aventurar, por que não tenho medo de perder..por isso acabo ganhando muito. Um exemplo simples, é estar diante de um cardápio e escolher um prato. Nunca entro em sofrimento por isso...vejo pessoas lendo e relendo...elas parecem que tentam fazer a melhor escolha, como se isso garantisse que elas não perderiam, ou mesmo como se houvesse a existência de uma melhor escolha. Penso assim: o cardápio tem 90 pratos, eu só vou comer um, então eu já perdi 89 pratos...então pra que sofrer com isso...faço uni-duni-tê e pego qualquer um...ou pego o primeiro que meus olhos se encantarem...nem olho o resto...nem quero saber do que perdi...fico feliz com o que ganhei.

Poder me perder e poder perder...esses são dois aprendizados que tive na vida e sou muito grata, pois não me sinto presa e nem limitada por esses medos. Posso me perder, por que sei que vou me achar depois e terei descoberto novos caminhos, terei aventurado e enriquecido minha alma; e posso perder, porque essa é uma garantia que temos na vida, sempre vamos perder algo! Se escolho ir pela direita, perderei tudo que a esquerda poderia me oferecer, a solução para isso seria ficar parado, passivo na vida, ou abrir mão da idéia de que não pode perder nada e escolher, traçar seus caminhos e desapegar do que perdeu.

Posso também abrir mão de uma imagem...posso ser quem eu sou...não quero estar preso à segurança ofertada por nenhum rótulo....todos eles cobram muito caro! Pra estar segura em um rótulo, tenho que abrir mão das minhas infinitas possibilidades de SER, então prefiro perder! Abro mão de qualquer rótulo, porque todos eles são como gaiolas de ouro. Lindas, mais aprisionantes. Perco, mas saio ganhando...assim eu sinto!

Nesse meu caminho...me perco e me acho. Perco pra poder ganhar.

Poder se perder e poder perder...essas são lições libertadoras e produzem boas reflexões...acreditem!

Namastê

Ludmila