quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CHEGADAS E PARTIDAS

Tenho vivido momento bem intensos em relação a esse tema.
Tenho a sensação de que de uns tempos para cá, minha vida tem sido uma sequência interminável de "Chegadas e Partidas".

Dois anos atrás me mudei de Salvador na Bahia, pra Houston no Texas. Grande mudança, principalmente porque deixei no Brasil um filho e uma vida que eu amava. Não fiz essa mudança porque estava insatisfeita com minha vida, muito pelo contrário. Adorava a vida que levava.

Nesse mesmo tempo perdi dois amigos queridos para o câncer. Gustavo e Verinha lutaram por suas vidas por longos e sofridos anos, mas nos deixaram e eu ainda sinto muito a falta deles. ( ELA SE FOI e RESPEITO É BOM E É CURADOR )

Três mêses atrás meu pai se foi, ainda é difícil falar sobre isso sem chorar. Ele foi uma pessoa muito especial e incomum. Falei sobre essa partida em A LUTA CONTINUA COMPANHEIRO

Meu primeiro mestre yogue, Swami Shurimahananda,  ( Ao mestre com carinho ) desencarnou logo em seguida e, hoje soube que meu grande mestre da psicologia, aquele que transformou minha vida, me conduziu a um mergulho profundo na minha alma e me ensinou o que é ser uma psicóloga, Roger Woolger, PhD., está partindo também. Eles foram minhas primeiras referências espirituais e da psicologia. Tanto Shurimahananda quanto Roger, marcaram minha vida de uma forma muito intensa, a ponto. Posso me compreender antes e depois de Shurimaha, assim como, antes e depois de Roger. 

No meio de tantas perdas, tenho que lidar com minha mudança para a Coréia do Sul. Estarei morando lá, a partir de dezembro e deixarei em Houston, meu outro filho e tantos amigos queridos que fiz aqui, que nem sei ainda como será isso, mas sei que será bem difícil.

Apesar de tantas perdas não me sinto frágil, e muito menos, desestruturada. Sinto minha força mais que nunca, talvez até mesmo porque precise lidar com tantas dores. Minhas forças estão aqui. Me sinto em paz e criativa. Me sinto estimulada e corajosa, mas sinto saudade...muita saudade de um tempo que tudo era mais simples. Sinto que perdi algo com todas essas "partidas", perdi uma certa ingenuidade. Estou em contato com uma Deusa com quem sempre flertei, estou mergulhada em Perséfone, mergulhei nos aspectos desse arquétipo. Estou mais sombria, mais intuitiva, mais mergulhada em mim, recolhida é a palavra. A minha face Perséfone tomou conta de mim nesse momento da minha vida. Gosto dela.

Bom, estou indo para Salvador, e dia 29 de setembro será o lançamento do meu "livrinho", "AS TRÊS CERTEZAS LIBERTADORAS", que nasceu a partir de muita meditação e depois de uma palestra com esse mesmo nome. Gostei de escrevê-lo. Não sou escritora, definitivamente, sou no máximo uma psicóloga  blogueira. Mas foi legal escrevê-lo, pois falei sobre algo que tenho refletido muito, que acredito e tenho experimentado na minha vida. A palestra foi feita no improviso e o livro saiu nasceu sem muito esforço também.  

Como disse muito bem Milton Nascimento,

"E assim, chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. 
O trem que chega é o mesmo trem da partida.
A hora do encontro é também despedida.."

assim estou....não sei mais onde é o começo e o fim de algo..
Não distinguo as chegadas das partidas.
Não tenho mais de forma clara qual o tipo de lágrimas que nascem dos meus olhos... choro de saudade...de alegria, de amor...

Estou chegando em Salvador, verei e me despedirei (mais uma vez) de tantas pessoas que amo...

Apareçam no Espaço Mahatma Gandhi pra me ver ... 
Minha agenda já está disponível na secretaria (71) 3248-7533 , serão apenas 15 dias no Brasil...chegarei e partirei..voltarei pra Houston e partirei para a Coréia... e assim continuará a ser.. 


Ludmila Rohr

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER

Estive viajando. Passei 10 dias entre a Alemanha e Rep. Tcheca. Amei essa viagem. Lugares lindos ... alguns revisitados, mas pela primeira vez fui a Praga. Amei Praga. Amei suas ruas e sua história. Andava pelas ruas de Praga e relembrava do incrível  "A Insustentável Leveza do Ser" de Kundera,....esse livro e a "Primavera de Praga" marcaram minha adolescência... fui pega pela mesma sensação que ele despertou na época....ainda estou assim...

Prestes a me mudar dos EUA, onde vivo agora, para a Coréia, onde provavelmente viverei por algum tempo, sinto que fui inundada por uma vibração forte vinda da minha alma. Todo o meu corpo reverbera essa vibração, e o nome dela é SAUDADE.

Estou com saudade ... estou com muita saudade, e não pensem que sinto saudades dos EUA...não, não é desse país que sinto saudade embora tenha passado tempos muito bons aqui, mas a minha saudade é muito antes disso. Conheci pessoas lindas aqui e delas sentirei muita falta, isso é verdade, mas a saudade que me toma agora é muito maior do que a que uma mudança geográfica pode produzir... Tenho saudade de mim. Tenho saudade de algo em mim. Tenho saudade de uma sensação que existia em mim e que parece que não existe mais. 

Tenho saudade da minha vida no Brasil... Tenho saudade da minha rotina lá. Saudade do meu trabalho, do consultório, dos alunos...Tenho saudade de acordar cedo, ir trabalhar...de ver meus filhos em casa... de voltar pra almoçar...de chegar em casa de noite, cansada de um dia de trabalho, mas muito satisfeita....de conversar com meu marido sobre o quanto eu estava feliz com a aula que havia dado...com os atendimentos que havia feito..

Me pego sentindo saudade de mim, da pessoa que eu me reconhecia ser. A insustentável Leveza do Ser... 

Tenho saudade do meu pai. Tenho saudade do meu cachorro que morreu essa semana (lá no Brasil), tenho saudade de meu filho que está lá... já tenho saudade do filho que deixarei aqui... Tenho saudade da sensação de ter uma rotina conhecida (sou capricorniana, adoro minha rotina) ... Tenho saudade de um tempo que fazia planos e eles eram simples de serem realizados...sinto saudade de uma leveza... A insustentável Leveza do Ser...

Toda essa saudade convive com uma excitação pelo novo, pelas possibilidades de crescimento e aprendizado..., não sou cega a isso, muito menos fechada para isso. Quero muito que a Ásia entre na minha vida...quero muito conhecer novos lugares, novas comidas, novas pessoas...quero muito tudo que a vida tem a me oferecer e, no fundo sei que tudo isso foi, e é muito desejado..., mas não posso negar que nesse momento o que mais sinto, é saudade...

Sinto saudade do tempo em que eu acreditava que a leveza era sustentável ..
Sinto saudade de um tempo em que as consequências pareciam menos categóricas..., pareciam menos dramáticas...menos contundentes... Saudade de um tempo que os recomeços eram mais fáceis...

eu tirei essa foto...em Praga...
Sinto saudade de um mundo mais aconchegante e com mais bordas....agora tudo parece amplo demais...aberto demais...e com retornos de menos...  A consciência cada vez mais forte de que não existem retornos possíveis...de que o tempo não volta...de que o que está feito, está feito...

Estou bem. Não se preocupem...só estou com saudade, e entendi que o tempo não fará isso passar, apenas relativizará o que sinto...

O tempo me dará outras perspectivas de análise...e me fará ver o quão tudo é impermanente....

Tudo, menos a saudade...

Ludmila Rohr