Estou chocada com as imagens do que aconteceu em Porto Alegre (cidade no sul do Brasil) com os ciclistas do movimento "Massa Crítica" que faziam uma "pedalada" pedindo menos carros e mais bicicletas nas ruas. Manifestação que deveria ser marcada pela descontração, leveza e alegria. Pessoas de todas as idades. Tudo parecia que seria mais um encontro de pessoas que buscam e desejam mais qualidade para suas vidas..até que foram interrompidas por um ato de extrema violência. Foram atropeladas de forma estúpida e inesperada por um motorista violento que usou seu carro como arma e como forma de descarregar sua ira, amparado pelo sentimento de impunidade que sustenta atos dessa natureza no nosso país.
Bom..o resto acho que todos viram ...o desenrolar horrendo desse evento, provavelmente está fresco na memória dos brasileiros..., já que aconteceu na última sexta (dia 25/02), e espero que continue vivo até que se faça justiça em um país acostumado a impunidades.
Refletirei sobre CIVILIDADE e IMPUNIDADE nesse post.
Refletirei sobre CIVILIDADE e IMPUNIDADE nesse post.
Quando me mudei para os EUA, não estava a busca de nada, muito menos querendo deixar algo para trás. Não vim morar aqui por que não queria morar no Brasil. Adorava minha vida no Brasil. Confesso que sinto falta dela. Meu marido foi transferido, então aqui estou e nem sei por quanto tempo. Já que aqui estou, decidi que ia conhecer essa cultura e esse país.
Muitas coisas me chamaram atenção. Algumas pelo aspecto negativo. Não gosto da forma defensiva e pouco tolerante que as pessoas se relacionam aqui. Acho que falta intimidade, acho que os americanos são normalmente "protocolares", "by the book". Não suporto muitas questões relativas ao consumo exagerado, ao gasto absurdo e desnecessário de energia e o profundo desconhecimento que eles tem a respeito do mundo. Poderia fazer uma lista de coisas que não gosto aqui...
....mas também posso fazer uma imensa lista do que realmente admiro nesse país...
O trânsito foi o meu primeiro motivo de encantamento. Moro em Houston, cidade imensa e sem um serviço abrangente de transporte público. Os texanos amam carros, eles tem carros imensos, eles vão em seus carros para todos os lugares. Carro ocupado por duas pessoas, já é considerado "High Occupation". Eles amam estacionamentos imensos e vagas enormes... Ninguém quer ir a um lugar que não tenha vaga para seu carro. Pensar em uma cidade assim é pensar em engarrafamentos enormes e trânsito louco, com meu "back ground" brasileiro, essa seria a conclusão lógica. Mas, não é isso que vemos...
O trânsito é organizado e as pessoas seguem as regras. Elas param no "Stop Sign" e só avançam por ordem de chegada. Se uma semáforo quebra, por incrível que pareça para mim que sou brasileira, essa regra funciona, mesmo em horário de "rush". Os motoristas não invadem sinal, não buzinam, e não ultrapassam pelo acostamento. Não acho que eles sejam bons motoristas, muito pelo contrário, acho que eles são péssimos. Tenho visto batidas tão idiotas que jamais existiriam com motoristas brasileiros. Mas, eles respeitam regras. Eles temem a punição que certamente viria após o descumprimento delas.
Eles não são superiores a nós brasileiros, mas certamente respeitam muito mais suas próprias regras do que nós. Regras criadas por eles mesmos para facilitar a vida em grupo. Quanto maior o grupo, mais regras são estabelecidades, e quebrá-las significa ameaçar toda a existência desse grupo, ou o banimento dele. Como ninguém quer ser banido ou extinguido, preferem respeitar as regras.
Quebrar regras aqui na minha cidade (Houston), significa ir preso. Sem atenuantes. A lei oferece para alguma regras de trânsito ao serem quebradas, o benefício do pagamento de multas, que são revertidas para o bem daquele grupo, mas em outros casos, a prisão e a suspensão/perda da licença é o resultado.
Percebi rapidinho que seguir regras de trânsito em Houston traz uma ótima sensação de segurança. Nunca me senti uma otária por ficar em filas esperando minha vez, porque vi motoristas impacientes serem multados logo após "furarem" uma fila. Nunca me senti ridícula por ficar presa no engarrafamento enquanto o acostamento está completamente livre, pois é fácil perceber a punição rápida pra quem comete um delito dessa ordem. Nunca me senti boba, por manter minha velocidade nos 30, 40, 50 milhas por hora, como mandam as placas, porque cada vez que alguém me ultrapassou com velocidade acima do permitido, vi minutos depois seus carros sendo parados por algum carro de polícia um pouco a frente.
Muitas vezes, no Brasil, me senti sendo punida por estar sendo correta. Muitas vezes me senti "a otária" por fazer o que mandam as regras; por muitas vezes me senti "a babaca" por fazer o certo. Quem ia pelo acostamento se "safava" de quilômetros de engarrafamento e nada lhe acontecia, enquanto que eu perdia horas por não querer fazer o errado.
Descobri morando aqui em Houston, que no Brasil, a SENSAÇÃO de IMPUNIDADE criou uma geração de pessoas que destroem a si mesmas. Elas perdem a civilidade, transformam-se em monstros. Monstros que matam, destroem, violentam e roubam sem nenhum problema com suas consciências, muito menos com algum tipo de punição que possam vir a sofrer.
Os nossos governantes fazem isso. Os nossos políticos e juízes também. Os nossos jovens e os nossos velhos. A impunidade afeta todos aqueles que NÃO se amparam em suas consciências. Eles são deuses destruídores que ferem e matam com a certeza de que NADA acontecerá contra eles.
Precisamos dizer NÃO ....precisamos acabar com a IMPUNIDADE!!!
Precisamos dizer IMPUNIDADE NÃO!
Gostaria de acreditar que esse crime do Rio Grande do Sul será investigado com critério e punido conforme a lei, mas infelizmente, não acredito.
Quebrar regras aqui na minha cidade (Houston), significa ir preso. Sem atenuantes. A lei oferece para alguma regras de trânsito ao serem quebradas, o benefício do pagamento de multas, que são revertidas para o bem daquele grupo, mas em outros casos, a prisão e a suspensão/perda da licença é o resultado.
Percebi rapidinho que seguir regras de trânsito em Houston traz uma ótima sensação de segurança. Nunca me senti uma otária por ficar em filas esperando minha vez, porque vi motoristas impacientes serem multados logo após "furarem" uma fila. Nunca me senti ridícula por ficar presa no engarrafamento enquanto o acostamento está completamente livre, pois é fácil perceber a punição rápida pra quem comete um delito dessa ordem. Nunca me senti boba, por manter minha velocidade nos 30, 40, 50 milhas por hora, como mandam as placas, porque cada vez que alguém me ultrapassou com velocidade acima do permitido, vi minutos depois seus carros sendo parados por algum carro de polícia um pouco a frente.
Muitas vezes, no Brasil, me senti sendo punida por estar sendo correta. Muitas vezes me senti "a otária" por fazer o que mandam as regras; por muitas vezes me senti "a babaca" por fazer o certo. Quem ia pelo acostamento se "safava" de quilômetros de engarrafamento e nada lhe acontecia, enquanto que eu perdia horas por não querer fazer o errado.
Descobri morando aqui em Houston, que no Brasil, a SENSAÇÃO de IMPUNIDADE criou uma geração de pessoas que destroem a si mesmas. Elas perdem a civilidade, transformam-se em monstros. Monstros que matam, destroem, violentam e roubam sem nenhum problema com suas consciências, muito menos com algum tipo de punição que possam vir a sofrer.
Os nossos governantes fazem isso. Os nossos políticos e juízes também. Os nossos jovens e os nossos velhos. A impunidade afeta todos aqueles que NÃO se amparam em suas consciências. Eles são deuses destruídores que ferem e matam com a certeza de que NADA acontecerá contra eles.
Precisamos dizer NÃO ....precisamos acabar com a IMPUNIDADE!!!
Precisamos dizer IMPUNIDADE NÃO!
Gostaria de acreditar que esse crime do Rio Grande do Sul será investigado com critério e punido conforme a lei, mas infelizmente, não acredito.
Ludmila Rohr