Gosto de ser quem eu sou...algo sempre inacabado...sempre em movimento...
Gosto de ser mulher..e de pensar nos poderes que eu tenho. As vezes isso me parece algo meio narcísico, mas gosto de brincar com o meu narcisismo.
Gosto da permissão cultural que nós mulheres, temos de acessar nossos sentimentos. Não que os homens não possam fazer isso, mas a nós mulheres foi dada uma permissão cultural e social de fazer isso com mais liberdade.
Podemos falar de política, podemos ganhar dinheiro, trabalhar e produzir em qualquer área, mas podemos tranquilamente falar sobre sentimentos, podemos buscar subjetividade e significado nas coisas...em todas as coisas... e eu gosto muito de fazer isso.
Gosto de passar tempo com amigas subjetivando...falando sobre impressões, sobre percepções das coisas.. sobre como me sinto em relação a isso ou a aquilo...subjetivar é delicioso para mim...e acho isso tão feminino...Adoro as imensas nuances que existem na minha alma, uma mudança mínima em um tom, muda toda a composição....isso é tão feminino...Gosto de buscar significados, como se tudo tivesse um.
A psicologia Arquetípica me fascina, porque ela é cheia de símbolos e significados. Já falei sobre isso aqui algumas vezes. Muito tempo atrás, descobri faces de seis Deusas gregas em mim. Adoro perceber dias em que estou mais Perséfone, dias que estou mais Afrodite, dias que estou mais Athena...assim como perfumes e roupas.. Gosto de perceber quando quero colocar um salto vermelho, e dias que quero colocar uma sandália rasteira, me permito isso...sei escutar essas diferenças na minha alma...assim como a escolha do perfume...adoro perfumes e tenho vários...e os escolho a partir da minha alma...sempre subjetivando...Sou assim. Isso é tão complexo..adoro essa complexidade.
Descobri que tenho em mim a força e inteligência de Athena, que me instrumentaliza para as guerras diárias, que me coloca em contato com o mundo dos negócios, do trabalho, que me dá disciplina e me coloca fortalecida diante dos desafios do mundo masculino. Nasci uma Athena, nasci para estudar e trabalhar. Esse sempre foi o discurso dos meus pais: "Estude muito, assim voce ganha o mundo".
A minha vida foi me revelando poderes de outras Deusas em mim! Encontrei a minha porção Perséfone, mergulhando nas meditações, desenvolvendo minha intuição, me conectando com os saberes da minha alma. Essa Deusa me fez uma pessoa profunda, não consigo ser rasa em nada, e não tenho muita paciência com as pessoas rasas. Talvez por isso, tenha detestado ser adolescente. Gosto muito mais de mim adulta, do que quando era jovem. Sempre quero intimidade e profundidade nas minhas relações. Adoro também o silêncio... tenho épocas de silêncio, de recolhimento...as pessoas acham que estou triste, mas não estou...só estou mais pra dentro...
A outra Deusa que fui tornando cada vez mais consciente, foi Árthemis. Essa Deusa me coloca em contato com o meu corpo, com a força dele, com a natureza visceral do meu poder. Encontro força respirando, encontro poder no contato com minhas pernas e minha coluna. Encontro força no sol, na terra, nos alimentos. Reconheço essa Deusas quando caminho e sinto meus músculos, quando me alongo e sinto cada parte do meu corpo. Gosto da sensação do meu corpo..e da força dele...O Yoga me conecta profundamente com minha porção Perséfone e Árthemis.
Descobri Deméter com a maternidade, estar grávida, parir e amamentar me colocou em contato com algo extremamente poderoso. Nunca me senti tão bela e poderosa, como me senti nesses momentos. Um poder muito especial. Gostei muito disso. Gosto de saber que vivi essa experiência, mas entendo que Deméter está de sobreaviso, a partir do momento que vi meus filhos crescerem...Ela naturalmente vai ganhando uma outra dimensão, fica em mim como memória, como recordação... não preciso tanto dela como antes...
Afrodite é a Deusa do Amor e da Beleza...Como adoro essa Deusa. Sedução, leveza, beleza... Minha Athena ainda briga com Afrodite, mas cada vez mais posso me apropriar das delicias da Afrodite que quer mesmo é ser amada e desejada. Minha Afrodite ainda se sente julgada pela Athena que sou, mas tenho dado espaço pra ela..e na maturidade, ela não me parece tão fútil, descubro que ela pode ser bela, sedutora e feliz..., mas com certeza essa não é a Deusa que tenho mais intimidade, tenho problemas em me entregar a ela. No fundo ainda a julgo pela futilidade.
Entretanto Hera, é a Deusa que ainda me intriga. Gosto do poder de Hera, mas reconheço que é a Deusa desse panteão, que eu menos gosto, que eu menos me identifico. Tenho problemas em ser reconhecida como a esposa de alguém, e esse é o orgulho de Hera. Tenho problemas em viver em função da carreira e do sucesso de um marido, e esse é a grande meta das Heras. Tenho alguns problemas com reuniões de esposas...Sempre acho que estou meio deslocada. Se me comparo com outras esposas, sempre acho que sou Athena demais.Talvez eu precise de mais algumas encarnações para me conectar com ela, mas acho que só o fato de ter vindo morar aqui nos EUA, por causa da carreira do meu marido, já foi uma grande concessão que fiz a ela.
A energia dessas Deusas e o espaço que elas tomam na minha vida, faz uma composição única, cujo resultado sou eu. Completa e incompleta. Preenchida e faltante. Sempre estou buscando me conhecer, porque sempre estou pensando em como eu posso dar conta de mim mesma, pois a parte que é só minha, é muito maior que a parte que é de todos... como uma Perséfone, meu mundo interno é vasto...meus pensamentos e sentimentos são imensos e ocupam muito de mim...Na verdade, nunca tenho uma dimensão do quanto de mim, eu consigo trazer pra fora. Não sei do quanto de mim o outro consegue perceber.
Porque estou escrevendo sobre isso, eu ainda não sei..., mas acho que é uma tentativa de trazer um pouco pra fora, desse imenso mundo interno que as vezes me pego mergulhada. Me reconheço muito mais naquilo que só eu sinto e vejo de mim mesma, do que no que o outro percebe. O lugar dentro de mim, é sempre muito confortável e extremamente rico. Minhas referências mais confiáveis são internas. O grande exercício é trazer esse mundo para fora. Tenho sempre a sensação de que não sou eficiente nisso. Sem o meu trabalho, me sinto sem o meu melhor instrumento. Sem o meu trabalho, me sinto sem a melhor forma de falar sobre mim mesma. Por isso escrevo. Porque no fundo acho que sou como qualquer pessoa, preciso ser vista e entendida.
Ludmila Rohr
Hi Lu…I like all your postings but this is a special one because time after time I have reflected in my ability to see myself as Goddess. I can certainly affirm that with age I became more aware of my divinity and all the Goddesses that I allow to come out and play in different times of my life. Certainly I am Athena most of the time, looking to balance my life.
ResponderExcluirI believe that my journey is like a big stage that many facets of me show up and perform with an immeasurable intensity like only a Goddess is capable of. As a woman I have the capacity to love with no attachments or the need to be loved back… often times I experience my own power and the purpose of been in this planet this time, surrounded by many women and the work I do to elevate their spirit so they can discover their own Goddess; the power they have to transform this planet and live a life that was intended for them to live.
Ludmila!
ResponderExcluirpor esses canais tortuosos dos links da internet encontrei você novamente! pra recordar: sou Silvana, uma das suas alunas que chegou no Mahatma pra fazer aulas de yoga para grávidas.. isso há uns onze anos, mais ou menos.. perdi minha filha no nascimento.. uma garotinha linda que eu nomeei de Maria Paula mas nas aulas de yoga brincava com o nome Filomena (que, aliás, eu adoro!)
Agora te reencontro e vou sempre passar por aqui.. bjs,
Silvana,
ResponderExcluirQue grata surpresa...
Venha sempre!
Bjos
Ando cansada... conheço as deusas e sempre fui muito Athena. Tão Athena, que quando fiz o primeiro encontro das deusas saí no meio, porque achei parado e não conseguia conectar com as outras. E ainda me bati com umas Arthemis! Mas ultimamente, meu sonho é virar uma Hera mesmo. Apenas ser esposa de meu marido e ficar no meu sítio, tomando conta da minha casa e dos meus bichos. Sem abrir mão da minha vaidade, porque de tanto ser Athena, nem tenho tempo de ir no salão ou no shopping! A minha Athena se dedicou muito à uma carreira e não teve o reconhecimento devido, acho que é por isso que não quero mais sê-la. Deméter ainda não nasceu em mim, mas acho que começa por Hera, não? Beijos, Lali
ResponderExcluirLud,
ResponderExcluirMaravilhoso o seu texto. Adorei!!
Adoro ser mulher e toda a subjetividade que vem do feminino.
Bjs
Bom texto Ludmila....o que parece simples lendo assim às vezes é bem mais complicado....pra mim é muito mais fácil focar nos outros e no que os outros pensam de mim...
ResponderExcluirA visão interna recer concentração....e pode nos trazer grandes descobertas!!
Gostei!
Rose