Imagino que todos querem a felicidade. Certo.
Imagino que todos fariam qualquer coisa pela felicidade. Errado.
Sou psicóloga..tenho muitos anos de consultório. Nesses anos vi muitas pessoas crescerem, enfrentarem suas dificuldades, atravessarem seus medos, suas sombras, seus fantasmas, tudo porque desejavam , buscavam a felicidade.
Vi pessoas crescendo, por se superarem. Por conseguirem coisas que supunham não serem capazes. Essas pessoas conseguiam entender que o "inimigo" estava nelas mesmas...elas se enfrentavam...saiam da queixa, abandonavam o lugar de vítima e pagavam o preço que fosse para serem felizes.
Algumas largavam empregos ruins, rompiam casamentos falidos, cortavam relações com pessoas destrutivas, diziam coisas duras, mas necessárias para filhos e amores, mudavam comportamentos negativos... Normalmente, eram altos os preços, mas elas pagavam...e conseguiam.
Nunca tive muita paciência com queixas. Uma coisa é o desabafo..outra é a queixa. O queixoso, se alimenta disso. Ele se alimenta da própria queixa. Ele se alimenta da atenção ou piedade que a queixa desperta no outro. Ele goza nesse lugar especial de vítima.
Nunca tive muita paciência com queixosos, nem ao menos sou boa em ouvi-los. Quando sinto que na verdade, eles não pretendem uma mudança, quando sinto que eles de fato não querem receber uma orientação e nem estão dispostos a ouvi-la, percebo que o que de fato eles querem é a piedade e a admiração da platéia enternecida com quanto eles sofrem. Nesse momento, eu saio da platéia. Não consigo alimentar esse comportamento, porque não suporto a inércia e principalmente, porque acho que pagaria qualquer coisa para ser feliz. Faria qualquer coisa pra não ser vítima, e nem suportaria o olhar de pena sobre mim.
Essa semana visitei aqui em Houston, uma unidade prisional feminina, que é intermediária entre a prisão e a liberdade. Mulheres e meninas estão ali. Fiquei chocada em ver garotas de 17 anos presas, com roupas de prisão, mas aqui é os EUA, e assim é a lei. Conheci um trabalho voluntário que ajuda essas pessoas a encontrarem nelas mesmas forças e recursos para voltar ao mundo aqui fora. Elas estavam aprendendo a respirar e a ficar dentro delas mesmas... No fundo, esse trabalho visa mostrar que elas tem um lugar dentro delas, que é um lugar de poder, um lugar de força, e que nesse lugar elas podem encontrar energia para enfrentar as dificuldades do mundo real.
Esse trabalho não as transformam em vítimas da sociedade, muito pelo contrário..me pareceu que não existe lugar pra queixas, e sim para a responsabilidade sobre si mesmas. Elas aprendem a não serem vítimas e serem agentes da própria mudanças. Provavelmente algumas conseguirão e outras não. É assim. Quem idealiza um trabalho desse sabe que o sucesso é sempre relativo e não absoluto. Aprende também a achar que nesse relatividade está o absoluto.
Não tenho paciência para queixas...tenho muita energia de acolhimento, mas muito pouca para receptáculo de lamentações. Não sei se isso é bom ou ruim, mas sou assim....e acho que se tiver que cortar uma parte de mim fora, pra ser feliz...eu faria.
Torço muito por aquelas meninas que vi na prisão, especialmente por uma que usava trancinhas e que tinha uma carinha que podia ser minha filha. Não aceitem o papel viciante e grudento de vítimas, sejamos todos agentes ativos da nossa própria vida e felicidade!
Ludmila Rohr
Um post cheio de verdade e sabedoria, Lud. Amei. Embora eu escute queixas com muita paciência, concordo que é preciso acordar o queixoso para que ele saia desse lugar e se responsabilize pela sua própria vida. Beijos, querida.
ResponderExcluirANA LIÉSE.
Lu
ResponderExcluirEscri um comentário...mas na hora de salvar deu erro. Snif...
Mas vamos lá...
Uma das coisas que mais me irritam são as vitimistas que além de tudo que vc disse, são vampiras energéticas.
Saímos esgotados de uma conversa com vitimistas.
Costumo dizer que sempre queremos garantias de que as escolhas q estamos fazendo é a certa, a que vai trazer felicidade absoluta.
Coisa mais ignorante não há... até porque não há felicidade absoluta.
Somos um manacial de sentimentos, sensações e saberes, não há sentimentos absolutos.
Na minha visão, Absoluto só Deus. E ele sabe das nossas fraquezas, dúvidas e poderes. (e da falta deles tb).
Talvez por isso, os vitimistas me irritem tanto... pela falta de fé.
Fé em si mesmas, fé na vida, fé em Deus, no Universo... no que vc quiser nomear.. não vou discutir crença.
Fé está acima de crença.
Fé é poder. Fé verdadeira e não estigmatizada e ignorante, como daquela louca q te mandou email e teceu julgamentos sobre vc q na verdade só dizem respeito à ela, só espelham aquela alma doente.
Mas voltando aos vitimistas, acho que lhes falta saber, compreender que somos autores de nossas vidas. E não coadjuvantes sujeitos à vontade alheia.
Há poder no processo de decisão.
Tá em moda dizer: fique zen,seja resignado.
Resignação em certos momentos é saudável, claro.
Mas a indignação é necessária para nos tirarmos de situações que nos afundam, q nos derrubam.
A indignação tem esse poder de te acordar pra sair da merda. (Seja qual for a situação)
Vitimistas são covardes. Coragem é um atributo do coração.
Sempre que desertamos corajosamente para os nossos desafios, a vida nos recompensa como forma de mostrar que é isso aí... é pra isso que nascemos. Pra ter poder sobre nossas humanidades, para aceitá-las primeiramente e então superá-las.
Tem uma cena sensacional q ilustra isso no Filme Indiana Jones e a Ultima Cruzada (q ele está em busca do Sto. Graal o cálice sagrado q Jesus teria usado na ultima céia)
Indiana Jones chega no lugar onde está o Calice Sagrado. Só que um abismo de fogo o separa do local onde está Cálice. No mapa dele, há um homem caminhando no vazio, e ele se toca q aquilo é uma prova de fé. Crer no q não posso ver. Não ha garantia de q ele não vai cair, mas para chegar ao premio ele precisa arriscar. Pois bem, ele dá um passo no vazio e até se prepara para cair. Qndo ele dá o passo, um caminho invisivel se revela pra ela e ele chega até o Calice sagrado.
Achei aquilo maravilhoso e emblemático. Pois a vida é isso. caminhos por trilhar e ainda não revelados, mas só enxergamos dando o primeiro passo, tendo a coragem de fazê-lo.
Como diz o ditado: Beggars are not choosers.
Bjo!
Lu,
ResponderExcluirUm dos exercicios que passamos para as mulheres e de " nao se queixar de nada por 30 dias e se elas se queixam uma vez, o circulo de 30 dias comeca de novo" incluindo as queixas que fazemos mentalmente e nao verbalizamos, essa e o pior tipo porque continuamos num circulo vicioso e nao percebemos as conversas que temos com nos mesmas.
As mulheres adoram o exercicio porque se sentem mais positiva e tambem reconhecem quando estao se qeixando e param.
A cada dia aprendo com essas mulheres o que e viver como vitima da sociedade. Para elas esse aprendizado e longo, comstante reafirmacao e vigilancia.
Obrigada por tudo que vc faz e o carinho que tens pelas "Deusas"
Beijos.... Neusa
Verdade. Gente queixosa cansa! Tambem não tenho paciencia e nem sou terapeuta. Vou mandar esse artigo pra uma pensou que está precisando muito de uma sacudida.
ResponderExcluirBeijo,
Rita Portela
Eu acho que isso me remete à minha infância. Sempre que reclamava de alguma coisa (até com razão), minha mãe vinha dizendo "Deixe de besteira, esqueça e bola pra frente". Isso até me deixava irritada, pois as minhas queixas eram reais e precisa que fosse ouvidas. Com o passar do tempo, nem eu quis mais ouvir queixas de ninguém. Eu me esforço para toda vez que me queixar, tenha capacidade de achar logo uma solução para o problema. E assim vamos levando... Lali
ResponderExcluir"Eu vi a cara da morte, e ela estava viva..." Esta frase de Cazuza me faz pensar muito no que fazer e quando fazer. Acho que a procura pela felicidade é imensa, mas nem todos sabem por onde começar... Há uma frase de Oswaldo Montenegro que é mais ou menos assim: "Alguns dizem que quer, mas tem outros que buscam..." - Isso é fato... Aqueles que não procuram, incessantemente, pela felicidade, ainda, não sabem que ela existe e pode estar mais perto do que nunca.
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