segunda-feira, 2 de agosto de 2010

É da minha conta sim!

Fico bastante indignada com muitas coisas que acontecem e me sinto na obrigação de abrir a boca, de reclamar e de mostrar a minha indignação. Nunca acho que as coisas que acontecem não são da minha conta, sempre acho que se aconteceu pra que eu visse, ou pra que eu soubesse, é porque me diz respeito.

Gostaria, as vezes, de ficar na minha vida confortável, aqui nos EUA. Temos uma vida tranqüila e podermos viajar alguma vezes durante o ano..., moro em um lugar extremamente seguro. Nunca me senti ameaçada na minha segurança pessoal por nada. Poderia ir ao mercado e me diverti, ir as compras e de me divertir...poderia estar preocupada com novas receitas e com lançamentos da estação, mas essa não seria eu. Poderia estar estudando e escrevendo, psicologizando a vida...mas não consigo ser apenas uma psicóloga, tenho que ser uma ativista.

Não reclamo da vida que tenho, adoro..., mas sou filha de sindicalista, acho no fundo do meu coração que tudo que acontece de injusto, eu tenho que me meter, tudo que acontece que ameaça alguma minoria desprotegida, eu tenho obrigação de me envolver. Assim funciona a minha consciência.

Sou alta, branca, não sou gorda, sou hetero, sou casada, tenho boa condição financeira, tenho dois filhos, sempre fui extrovertida, não fujo a nenhum padrão de beleza, nunca tive problemas pra fazer amigos, ou seja...não pertenço a nenhuma categorias que são constantemente espezinhadas e humilhadas.

Vejo os movimentos homofóbicos e racistas e me sinto pessoalmente ofendida, dói em mim...e isso não deveria provocar nenhum espanto...afinal, são pessoas como eu que estão sendo vítimas. Se aceito que um ser humano como eu seja vítima de qualquer ação de discriminação, estou sendo conivente com ela. Não quero ser e nem serei. 

Essa semana me aborreci profundamente com agressões que o movimento HOMOFOBIA NÃO comumente  recebe via twitter, vinda de rapazes violentos que falam coisas agressivas..eles são homofóbicos, mas são misóginos também...eles devem esconder atrás de tanto ódio um desejo não revelado...Ninguém pode odiar tanto pessoas que nem conhece, simplesmente porque elas são homossexuais. Mas eles também desqualificam as mulheres são misóginos e altamente narcísicos.

Não consigo entender porque odiar tanto alguém só porque ela é negra..., ou porque tem uma religião diferente da sua, ou porque se veste de forma diferente da sua. O preconceito é fruto da ignorância e não pode ser proibido, não existe fórmula, nem lei que proíba o preconceito, mas podemos sim, proibir a discriminação e lutar por direitos, pela igualdade. Aí é que me sinto na obrigação de atuar.

É da minha conta sim quando alguém no mundo sofre...vítima de outro ser humano. São duas partes de mim que estão ali representadas. Se sou humana, em algum lado eu devo estar..não posso estar em lado algum, não posso me esconder na omissão, pois esse lado não existe, afinal, quem cala consente, não é?

Não posso consentir calada que muitas violências sejam cometidas. Tenho que no mínimo falar. Deixar claro o meu descontentamento e minha reprovação. Não quero de hipótese alguma pertencer ao grupo que cala, que diz amém a tudo, achando que estão protegidos. 

Tenho muito respeito à liberdade de todas as pessoas, porque prezo imensamente pela minha. Aceito as diferenças e não suporto ver ninguém sendo humilhado. Quero viver num mundo onde as pessoas possam se expressar e serem respeitadas... Quero viver num mundo em que as pessoas não precisem ser todas iguais para não serem vistas como uma ameaça a segurança do outro. Quero viver num mundo PLURAL e que possamos simplesmente ser o que somos! Com LIBERDADE e com RESPEITO ao próximo!


Ludmila Rohr

P.S. Na foto, entre pessoas tão diferentes e tão iguais.



7 comentários:

  1. Muito propicio seu Blog, nos dias atuais. Reclamar e gritar pelo que e correto faz parte do ser humano. Procuro tb passar isso para minhas filhas, nao deixar que se deixem envolver por sentimentos negativos. Viver com respeito ao outro nos da o direito de ser respeitado. Isso e o como devemos viver e passar para todos que nos rodeiam e tb nao deixar de GRITAR PELO JUSTO.
    Beijos e mais uma vez parab'ens por suas palavras.

    ResponderExcluir
  2. Tenho um cunhado que é homofóbico. Não sei muito como lidar com ele. E esses tempos, andando mais com ele, o que percebo é que essa repulsa, me parece mais um medo grande de ele se dar conta que o amor é muito mais que feminino e masculino... Que o amor é grande e sem fronteiras. Acho que ele tem medo de se dar conta que também pode - ou até - já ama alguns homens.

    ResponderExcluir
  3. Olá, Ludmila. Eu simplesmente ADOREI o seu blog, o seu post. Excelentes colocações. Preconceitos em pleno séc XXI são dignos de pena. "O preconceito é fruto da ignorância e não pode ser proibido, não existe fórmula, nem lei que proíba o preconceito, mas podemos sim, proibir a discriminação e lutar por direitos, pela igualdade. Aí é que me sinto na obrigação de atuar."
    Não preciso falar mais nada, né? Parabéns pelo blog!
    PS: Estou te seguindo. Eu também possuo um blog. Fique à vontade para visitar, comentar e, se gostar, divulgar e seguir.
    http://strangemess.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Detesto padrões, me sinto presa quando sou cobrada de algum deles.

    Mundo plural e nao é assim a liberdade?

    ResponderExcluir
  5. Tão melhor seria o mundo se todos lembrassem que o sofrimento do outro lhe diz respeito!
    Obrigada, querida. Belas palavras.
    ANA LIÉSE.

    ResponderExcluir
  6. Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
    E não dizemos nada.
    Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
    Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
    E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

    Maiakovski
    Poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… escreveu, ainda no início do século XX

    ResponderExcluir
  7. Sinto cada vez mais que estou no caminho certo quando vejo minha filha crescendo. E a vejo crescer muito nos poucos 14 anos. Desde bem pequena sempre escutou de mim que amor independe de gênero Hoje ela é uma adolescente consciente desse fato. Entende bem isso e sabe respeitar as diferenças. Respeita a mim, aos amigos e os que não conhece. Isso me faz realmente acreditar que estou no caminho certo. Não somos perfeitas, mas filhos merecem mães com nossas cabeças. Adoro te ler. Tem tanto eu por aqui. :)

    ResponderExcluir

Sempre leio todos os comentários e gosto muito de recebê-los!