segunda-feira, 6 de julho de 2015

FAZENDO PLANOS PARA A VELHICE


Sou capricorniana, portanto penso no futuro, faço planos. Fazer planos e construir idéias é praticamente sinônimo de ser capricorniana. Pensar é um vício para mim, penso o tempo todo e faço planos. Alguns dão errado, não eram pra ser; outros dão certo, fico feliz. Outra coisa importante é que  sou pragmática, as coisas precisam ter uma função, precisam funcionar, se não funcionam, elas perdem a importância. Costumo me desfazer das coisas que não tem função, para mim, com muita facilidade. 

Estou escrevendo esse post no meu último dia de uma estada na França. Passei 10 dias no interior da França acompanhando meu marido que veio a trabalho. Ficamos numa cidade linda, chamada Grenoble. Passeamos muito em todo nosso tempo livre. Atravessamos várias cidades dos Alpes franceses, eu e ele.

Enquanto ele trabalhava, eu andava sem rumo ... mas sempre pensando... andava de lá pra cá, e daqui pra lá . Observava as pessoas, os detalhes das janelas das casas, as flores dos jardins, as crianças brincando nos parques, os ciclistas, as pessoas pegando sol nos gramados, os pássaros que vinham beber água nas inúmeras fontes da cidade e o sol que avançava as horas e teimava em não dar espaço para a noite, que só conseguia mostrar suas estrelas depois das 10 .... 

Amei cada minuto desses dez dias aqui na França, e me peguei pensando na velhice, em como eu quero vive-la. Pois é, a França me fez pensar na velhice. Fiz isso a minha vida inteira, como disse antes, faço planos. Posso olhar pra trás e ver o quanto que construi a partir de uma intenção clara, de desejos definidos e reconhecidos, de metas traçadas. É claro que muito da nossa vida, vem do imprevisto, do impensado, daquilo que não pudemos imaginar, mas acredito que até a forma e os instrumentos internos, necessários para lidar com os imprevistos, podem ser construidos. 

Descobri muito cedo que deveríamos saber o que queremos na vida, e que deveríamos buscar os instrumentos para alcançar isso. Acredito no esforço, acredito no poder da mente. Acredito na força da vontade quando ela é focada em objetivos claros, e acredito na resiliência para se reconstruir sempre que for preciso.

Não sei se viverei até a velhice, ninguém sabe, mas comecei a pensar nela e em como quero vivê-la. Meu trabalho não depende de juventude, muito pelo contrário, ser psicóloga tem ficado cada vez melhor na minha vida, com o passar dos anos. Consigo me ver trabalhando por muitos e muitos anos mais, contudo, não quero trabalhar tanto como fiz por quase toda a minha vida, quero trabalhar menos. Quero ter tempo para as coisas prazerosas que tenho descoberto com o tempo livre que tenho tido. Quero bordar, quero pintar .... descobri que quero aprender a pintar móveis e a construi-los tb, quero fazer cursos de culinária, e receber amigos em casa. 

Tudo que quero, pra minha velhice, é extremamente possível, nada muito complicado, e penso que tenho caminhado nessa direção. Com certeza terei que me desfazer de muitas coisas que perderão a função de existir, e me conhecendo, sei que isso não será difícil. Espero viver bastante para curti-la e o suficiente para apenas curti-la. Nossos filhos já cresceram, é possível que nos deem netos, e que eles venham nos visitar, e que nós possamos ser avós acolhedores. Mas por enquanto, o que tenho sou eu e ele. 

Nós dois juntos, isso já é por si só, o suficiente. 



2 comentários:

  1. Lindo texto. Claudia pensa muito em morar numa pequena cidade no interior da França. Aos 54 anos, e agora , italiana, este sonho vai se tornando possível. Ceramista nas horas vagas, se dedica cada vez mais a esta arte, que transforma barro em objetos utilitários. Uma terapia para toda a vida.

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