Estou no período que antecede minha primeira viagem ao Brasil desde que vim morar aqui em Houston, nos EUA. Estou excitada. Experimento um misto de apreensão e excitação. É inevitável refletir sobre o "estar aqui". É impossível não avaliar a minha vida aqui, quando estou prestes de ir ao Brasil.
Gosto da minha vida em Houston. Gosto de estar com minha família. Nunca tivemos tanta chance de estarmos juntos como aqui. Gosto de conhecer coisas novas, lugares novos...a cidade é linda, organizada, moramos em um lugar muito legal e temos acesso a coisas muito legais. Fazemos pequenas viagens e já fomos a lugares bem interessantes.
Quando estou dirigindo aqui em Houston, penso que não suportarei viver a falta de educação do trânsito da Bahia, que não suportarei viver a desorganização das coisas lá e da ineficiência dos serviços e de tudo mais, entretanto não é bem assim...amo a minha casa...o Brasil é minha casa...a Bahia é minha casa.
Aqui no Texas existem alguns grupos, e por incrível que pareça, não pertenço a nenhum deles. A população do Texas é composta pelos brancos (que são os americanos de pele clara), os afro-americans (pretos que nasceram aqui), latinos (pessoas que falam espanhol) e asiáticos, árabes, indianos, muçulmanos...
Enquanto estou calada, parece que pertenço ao grupo dos brancos...mas, quando falo alguma coisa, descubro que não sou de grupo algum...sou alguma coisa que eles não sabem exatamente o que é, nem eu! Acho que gosto disso...combina com minha natureza libertária, meio rebelde...meio transgressora...
Enquanto estou calada, parece que pertenço ao grupo dos brancos...mas, quando falo alguma coisa, descubro que não sou de grupo algum...sou alguma coisa que eles não sabem exatamente o que é, nem eu! Acho que gosto disso...combina com minha natureza libertária, meio rebelde...meio transgressora...
Sou latina, eu sei. Mas ser latino para eles significa falar espanhol. Os latinos vivem aqui falando espanhol, eles não precisam falar inglês (são 30% da população). Quando falo, sabem que o que falo não é espanhol, mas não sabem o que é. Perguntam se falo francês...perguntam de onde eu sou...me divirto.
Bom..essa questão até agora não é um problema para mim. Não tenho questões importantes acerca de pertencimento, ou algo parecido. Estar aqui e não pertencer totalmente a esse lugar não me causa desconforto, não abala minha auto-estima, muito menos me coloca em um lugar de inferioridade, mesmo porque não tenho essas questões em mim, muito pelo contrário, me sinto sempre com direito de estar onde eu estiver.
Tenho experimentado uma sensação muito boa de segurança e de centramento que só pude experimentar por estar fora da minha zona de conforto. Tenho experimentado na prática algo que achava ter conquistado e que de fato acho que conquistei. Uma sensação de ter um lugar dentro de mim que é perene, que é meu, estável, constante. Uma sensação de que posso estar em qualquer lugar, que irei fazer amigos e que irei encontrar uma forma de ser útil e de servir...e acreditem, ser útil é vital para mim.
Tenho uma sensação boa de que posso, mesmo aqui nos EUA ou em qualquer outro lugar, mesmo não pertencendo a esse lugar, fazer coisas legais para alguém. Penso assim porque sempre acho que o que tenho dentro de mim tem muito valor e serventia, e que sempre existirá alguém em algum momento que vai precisar do que eu tenho, e que eu estarei aberta para dar.
Entretanto, apesar dessa sensação, fico muito feliz de pensar que vou ao Brasil. Não vou passear, vou trabalhar. Vou rever os amigos que amo e vou estar no Espaço Mahatma Gandhi (www.mahatmagandhi.com.br), que é certamente o lugar que mais gosto de estar no planeta, além da minha casa.
Estar no "Mahatma" pra mim, é estar num lugar muito especial...Penso nos clientes, nos amigos, nos alunos...as vezes chego a pensar que não preciso realmente de nada no Brasil que não esteja ligado ao Mahatma.
Vou dar aulas de yoga (morro de saudades), vou atender no consultório, vou fazer workshops para Mulheres, vou TRABALHAR!!!
Bom...preciso confessar que nessa viagem me permitirei muitos prazeres sensoriais e da alma. Quero comer acarajé da Cyra, moqueca de camarão com vatapá do Yemanjá, quero tomar uma cerveja com minha amiga Ana Teresa, quero ouvir muitas histórias de Juliana, quero abraçar minhas irmãs, quero contorcer meu gato, quero ver meu cachorro pulando nas minhas pernas, quero gritar por Marinalva e tomar seu cafezinho, quero que Ane Rose me dê ordens, quero ver o mar....quero ver essa bagunça que me encanta e que me pertence também.
ai que saudade tenho da Bahia...
Toda menina baiana tem um jeito que Deus dá...
Já tô chegando....
Afemaria!
Ludmila Rohr
P.S. minha agenda em Salvador já está disponível na secretaria do Mahatma (71) 3248-7533
Oi, moça! É mesmo uma sensação diferente pensar na nossa terra da distância que vc está. É como se a gente, sem planejamento algum, pusesse as críticas sócio-políticas-bem merecidas do nosso país de lado e lembrasse apenas do amor dos nossos familiares e amigos tão longe... e este amor basta pra colorir o Brasil, não só de verde e amarelo, mas com todas as cores do arco-íris também. E uma outra sensação, ainda melhor, em momentos assim que antecedem uma visita tranquila é a de que perceber o amor que deixamos para trás nas saudades, beijos e abraços de tantos que reencontramos. Faz a gente sentir-se amado e ter a certeza de que fazemos falta tanto quanto eles nos fazem.
ResponderExcluirBem vinda de volta!
Perfeito os seus comentários! sempre achei que para vc todos os lugares são possíveis, fará sempre algo que gosta e que terá importância para as pessoas, todos os lugares do mundo tem gente esperando por ajuda física, psicológica, espiritual até à distância através deste blog faz um belo trabalho. Já reservei meu horário com a Anne, dia 12/05 às 16:00h, Hasta pronto!Nubs
ResponderExcluirVou preparar as pautas!!
ResponderExcluirbjs
Querida pró e psicóloga que bom ter você aqui por alguns dias, com certeza irei ao Mahatma para te ver e matar as saudades.
ResponderExcluirBeijos.
Olá Ludmila!
ResponderExcluirSou paulista e me mudei faz dois meses para Lauro de Freitas.
Recebi a sua programação no Brasil uma amiga (Helenice Cabral) e espero ir nas suas palestras!
Lendo o seu texto acima uma passagem mexeu muito comigo "Vou dar aulas de yoga (morro de saudades), vou atender no consultório, vou fazer workshops para Mulheres, vou TRABALHAR!!! "
Desde que cheguei estou procurando emprego (sou arquiteta) e ainda não encontrei...
Espero em breve, com tão boa energia, poder dizer o mesmo.
Boa viagem!! Aproveite!!
um abraço
Ana Claudia
Querida amiga, estou muito feliz por vc e pelo Jadson ter vencido mais esta parada, entendi toda a sua felicidade na antológica cena com o grande Anthony Quin em Zorba o Grego. Estando feliz e mais tranquila, acredito que vai ter por aqui uma bela temporada. Até breve, bss, Nubs
ResponderExcluirVamos tomar muitas!!! O que não falta é uma SKOL geladíssima, nessa nossa terra.
ResponderExcluirChegue logo, Saudades!
Ana Teresa