domingo, 11 de outubro de 2009

Símbolo de Poder e Liberdade!


Terei que dar uma pausa no tema da sexualidade que vinha desenvolvendo, mas ele voltárá logo. Não se preocupem. Mas, preciso fazer isso, porque nesse instante conversando com uma amiga no msn...nem me lembro como o assunto começou, mas de repente estávamos falando sobre o simbolismo dos cabelos, sobre nossa visão a respeito de "cabelo"!


Bom, meu filme preferido de toda a vida, chama-se "Hair", já o assisti umas mil vezes. Ele tem tudo a ver com uma época da minha vida, mas que não fica pra trás nunca..sempre me acompanha.


Semana passada, meu filho Lucas que tinha os cabelos muito longos (na cintura), resolveu raspá-los. Acho que ele começou a se sentir preso a uma imagem. Não interfiro nisso, mas me deu uma dor vê-lo raspando a cabeça. Ele tá lindo sem eles também, e acho que foi um momento de ruptura importante pra ele..sinto que é como se ele dissesse que não precisa dos cabelos pra se conectar com o poder dele. Que ele se basta.


Tenho lidado nesses últimos 2 anos, por conta do câncer do meu marido, com pessoas que perderam os cabelos por causa da químio...tenho visto como para a grande maioria é uma grande dor.


Meus cabelos são longos e cacheados....digo sempre que sou uma espécie em extinção...que em algum momento irão me fotografar pra provar que existiam mulheres que tinham cabelos cacheados. As mulheres hoje são todas iguais com seus cabelos lisos.


Sempre que vou ao salão alguém me pergunta se não quero defrizá-lo, ou fazer uma escova progressiva, japonesa...afe...nem sei mais os nomes. Sempre respondo com uma pergunta: Voce por acaso está com medo dos meus cabelos? Porque eu não tenho.


Em uma passagem de Hair, um personagem confronta a mãe indignada que o cabelo dele, com a seguinte pergunta: Maria aceitava os cabelos longos de Jesus, por que voce não aceita os meus?


Os cabelos estão ligados a muitas tradições espirituais. Os Sikhs na Índia não cortam o cabelo nunca durante toda a vida. Jesus, Budha, Khrisna, metres, gurus, rishis....todos tem cabelos longos... até quando alguém tenta transformar Deus em um homem, esse homem é personificado com cabelos e barbas longas. Todos conhecem a história de Sansão que perdeu a força quando cortou os cabelos. Raspar a cabeça em várias culturas, tem o significado de sacrifício, de abnegação, ou de ritos de passagem.


Mas, os meus cabelos cacheados mexem com as pessoas não porque são longos, mas porque os deixo naturais, como eles são. Domar, controlar, conter, reduzir, desbastar..são verbos usados quando querem me propor algo. Dai eu penso: Será que eles tão falando mesmo do meu cabelo? Qual a fantasia de ameaça que ele produz que precisa de tanta contenção?


Cabelos são incontroláveis. Eles tem vida própria, e humor também. Eles se rebelam e fazem não o que queremos, mas o que eles querem. Eles representam pra mim, um poder que vem de dentro de mim. Poder que só posso ter, quando me rendo a ele. Estar rendida à minha natureza, é assumir o meu poder. Não quero nada me controlando, nem me domando, muito menos me reduzindo...quero expansão, quero apropriação, quero todo poder que meu corpo tem pra me dar.


Assim como eu sempre achei que meus partos naturais, me levaram a uma conexão profunda com algo da minha natureza animal, meus cabelos também me levam a isso.


Não existem cabelos feios. Existem cabelos mal cuidados, ou mal entendidos.
As pessoas não são iguais, então porque querem cabelos iguais?
Chris Rock, comediante americano, e negro, fez um documentário sobre cabelos, e a grande pergunta dele, era por que as pessoas queria ficar iguais a todas as outras? Com uma imagem homogênea e pasteurizada?


Bom...nada contra a absolutamente nada que as pessoas façam ou queiram fazer pra se sentirem melhor, ou mais belas, mas...meus cabelos continuarão aqui, enquanto for do meu desejo...e serão (pra mim) um símbolo do meu poder e liberdade! E recomendo que assistam Hair, se ainda não o assistiram. É um lindo filme!
Ludmila
P.S. Na foto com Lucas, antes de abrir mão dos cabelos, vendo por-do-sol no Farol da Barra.


13 comentários:

  1. Lu,
    Adorei tantos insights numa conversa só.
    Não é a toa que o Leão - Rei da Selva é quem tem a juba né ? Pense em outo anima que tenha aquela juba ?? Não consigo lembrar...
    Lindo post.
    Poderoso como vc e seu cabelo.
    Bjs

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  2. Ultimamente até me esqueço que tenho cabelos. Lavo todo dia. Descobri um corte e abandonei escova, secador, touca. Chapinha, só fiz uma vez prá nunca mais e tinta também. E não sou louca de tacar formol na minha cabeça com uma escova progressiva. De progressivo, só rock! Enfim, é tão confortável ter essa preocupação a menos. Anelados anéis só hidratados com um "leave in" ou seja, deixa ficar... E "Hair" é bárbaro!

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  3. pois é!
    me incomoda demais ver tantas mulheres iguais! Parece que elas leram em algum lugar que a dobradinha: progressiva+ luzes loiras é a fórmula da beleza! Acho o ó essa falta de criatividade e mesmice babaca.
    E para a maioria, cortar o cabelo é como perder o poder de sedução de fêmea...
    Só lamento!

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  4. ....É tanto papel na minha mesa que já comecei a ver estrelas, turvar a visão....Dim...dom Dim... dom...Dim...dom...Aviso para o recreio. Hum!....Agora, para relaxar vou dedilhar meu violão na canção de Roberto Carlos: “De baixo dos caracóis dos seus cabelos”. Xiiiiiii...esqueci meu violão em Araguaína/TO. Ahaaaaaaaa...Já sei vou ver se Ludmila postou alguma coisa.

    Legal!.... Que coincidência a música que eu ia tocar ...É o mesmo assunto de seu post: Cabelos. Transmissão de pensamentos, né gente...Só pode!.

    Quando RC compôs esta música o Brasil estava vivendo o auge da ditadura militar (1969). Imaginem vocês que na ditadura ninguém era livre nem para ouvir uma música em solidariedade a um amigo (Caetano Veloso) que estava no exílio em Londres. Então, RC para se desviar da censura fez esta composição que muitos imaginavam tratar-se de uma mulher, figura constantes nas letras dele, quando, na verdade, tratava-se de seu amigo CV. http://pt.wikipedia.org/wiki/Debaixo_dos_carac%C3%B3is_dos_seus_cabelos.

    Que coisa terrível! Terrível! Terrível!. As amarras da reprimenda da ditadura militar sobre as nossas mentes, não é????!!!!.... Tum... tum... tum... tum...! (meu coração batendo disparado em pensar nesta época!). Socorro!... Socorro!.... Socorro!. Quem poderá me libertar das amarras da reprimenda deste regime?!. Quem poderá me salvar destas reprimendas?!

    Quem.... Quem.... Quem... Quem....!

    Chapolim Colorado, kkkkkkkkkkkkkkkkkk.

    A ditadura militar tinha muitas máscaras (espias) para pegar os menos desavisados. Mas, Roberto, com sua lucidez perspicaz deu “meia volta”, um “chocolate” na ditadura militar.

    Bem a propósito, o chocolate é para as crianças neste dia, que é delas. O Chapolim Colorado, apesar delas gostarem tanto dele, mas eu não recomendo, porque ele é muito impotente, ele só salva o que ele vê na sua frente, a matéria, o corpo.

    Hoje é permitido, podem dar bastante chocolate para as suas crianças!.
    Beijos,

    Orcilene.

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  5. Legal! Descobrir a pólvora!!!! Quando eu entro pelo meu blog já entro com minha identidade, mas quando entro direto pelo teu blog entro como anônimo.
    Orcilene

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  6. Lud,

    Eu tenho cabelo liso e fazia baybe liss, enrolava bob´s e todo o mais para que ficasse ondulados e agora que ganhei novos cabelos, estão vindo ondulados lindos!

    Estão vindo rebeldes e loucos.... cada dia estão de um jeito.... todos para cima, cheio de ondas,redemoinhos.....as vezes moicanos...
    rs. E parei de tentar disciplimar, quer ser livres: então cresçam como quiserem!!!!

    Eles me fizeram falta..........muita falta....

    escuta esta musica: http://www.youtube.com/watch?v=cKZ5XSKRBJ0

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  7. TO AQUI OUTRA VEEEZ..kikiki..

    Sou unico macho que lê teu blog e comenta eu acho..kikiki

    Bom falar de cabelo é foda pra quem um dia teve e num tem mais.kikikik

    Quando eu tinha cabelo, e era grandão (coisa de surfista) eu achava que num saberia viver sem eles, aaah um cara cabeludo com cabelo ondulado que era vaidoso com os cabelos... É o cabelo muda muda muito nossos rostos, ate nossas expressões... E alguns ate mania tem, ex: mexer nos cabelos, enrrolar os dedos pra se sentir tranquilo.. (falo de mim próprio)..

    Bom mas tem as loucuras da vida, porque quando descobri que tinha CA primeira coisa que veio na cabeça (BAAAAH MEUS CABELOS)..bom ai fudeu, porque comecei a fazer o tratamento e buum começou a cair, e ai resolvi RASPAR.. agora faz quase 3 anos que sou careca, e sabe de uma coisaa curtoooo ser careca sem telhado..kikiki

    É DOS CARECAS QUE ELAS GOSTAM MAIS.. :p

    OBS: Lud curto muito teu blog, e tu viu ne quando tenho um tempinho sempre deixo a minha marca.. TE ADORO

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  8. Também to aqui, kikikiki

    Eu sempre achei meus cabelos feios, nunca tive muita paciência com eles, mas os mantinha compridos, eu gosto de cabelos longos, mas tinha pouco cabelo, e não exatamente lisos, mas também não eram cacheados... Rebeldes.

    Nunca tive coragem de tingir, apesar de não serem os cabelos idealizados, gostava (e gosto) deles como são, eles eram (e são) meus, compõem minha personalidade, minha marca no mundo, por isso nunca mudei.

    Mas... depois de quase 5 meses de quimio, com os cabelos normais, abaixo dos ombros, eles não resistiram. Começou a doer o couro cabeludo, e as primeiras mechas começaram a despencar. Foi sofrido. Mais do que a dor física, vinha a dor provocada pelo medo... não só de ficar careca e feia, mas o medo do que mais viria pela frente.

    Como você sabe, corri atrás do prejuízo e comprei meus novos cabelos, que radicalizaram meu visual, mas me deixaram bonita, até melhor do que eu me encontrava antes. Confesso que outro dia me achei bonita até sem a peruquete, só não saí exibindo minhas penugens louras porque não quis que as pessoas me notassem por esse motivo, mas eu estou tranqüila com minha aparência atual. Aliás, o que vier agora é lucro! Decidi que vou viver bem, isso que é importante.

    Escrevi muito... desculpa tentar fazer outro post no comentário do seu post...

    Beijos, Lud Linda!

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  9. Eu também tinha cabelos cacheados e longos e nunca pensava que um dia eu fosse ter o visual careca. No começo, estranhei e as pessoas me achavam um coitadinha por causa da doença. Cheguei a usar perucas com cabelos lisos e percebi q chamava atenção, as mulheres principalmente pensavam q era cabelo meu natural, chegavam ao ponto de perguntar o q fazia p ter aquele cabelo, quem era o cabeleireiro, qual a marca da tinta, qual escova havia feito( inteligente, chocolate, e não sei mais...kkkkk).
    Agora to de cabelos novos, não quero judiá los mais com quimicas, havia feito isso uma vez. Agora nasceram revigorados, não mais enroladinhos e sim ondulados.
    O que quero destacar é que já tem gente incomodada com meu cabelo querendo já que corto. Meu namorado que fala " preocupa com isso agora não tô com vc". Todas as pessoas querem passar a mão no meu cabelo pq ele é fino, então parece pelinhos de bichinhos de pelúcia.

    Enfim, adorei o seu post, vc sempre expressa muito bem.

    Saúde p vc e sua família.

    bjo

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  10. Há quatro anos frequento o Espaço, e agora, depois de ler seu blog fiquei sua fã, pela sua força e coragem. Já havia lido seu diário da India e também gostei muito, mas a sua vida particular é muito comovente.
    Gostei também da explicação sobre cabelos. Continue com a sua força, que com certeza, não é só dos cabelos, mas do seu interior.
    Boa Sorte na sua mudança! Namastê!
    Argélia

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  11. Adorei, esse post, particularmente pelo fato de quando criança era obrigado a ter a cabeça raspada, mas "aí veio a adolescência e pintou a diferença", passei a usar meus cabelos compridos um pouco a baixo da nuca, por coincidência, foi aí que veio a minha força e liberdade de deixar ser revelado o que minha alma gritava, que era poder através da minha garganta cantar e cantar,o meu talento maior sou hoje um cantor de cabelos grandes e trançados, valorizado e reconhecido pelo meu Público.Beijo Lu. Chris Dinigre, Cantor

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  12. Muito bom, cheio de emoção e sinceridade, como tudo o que você escreve. Tema fascinante, Lud. Beijão. ANA LIÉSE.

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  13. Ludmila,estive estarrecida ao assistir uma entrevista na rede Cancao Nova ha algum tempo,quero deixar aqui meu comentario que enviei a Rede:
    ca de mama desabafo
    De:
    Waldete Noronha
    Exibir contato
    Para: quartaviva@cancaonova.com
    Até quando os meios de comunicacao vão ocultar as atitudes governamentais de nosso país?!
    Sei que esse programa interativo da nossa querida Rede Cancao Nova,não tem esse intuito,mas por abordar assuntos que visam esclarecer temas de nosso cotidiano inclusive,acredito que a populacao tem o direito de ser esclarecida e ter a possibilidade de ser ativo e não meremante ser passivo diante das verdadeiras atrocidades que ocorrem em nosso país...
    Parece até que é muito fácil e simples "encontrar um cancer e fazer parte dele"...Como por exemplo:"legal...vou ter cancer e vou poder ter tantos beneficios...vou poder me aposentar...vou ter ajuda do governo...sacar fgts...pis...etc..."nossa...como vai ser legal...!"
    Daí esquecem que as drogas não todas disponiveis,pois,o cancer é multifatorial...o tratamento é individualizado...
    Esquecem que temos tantos trabalhadores informais e profissionais liberais que não têm como "sacar" FGTS,PIS...e muito menos se aposentar com 380.00 reais...pq o tratamento é oneroso.
    Acho que é papel da imprensa "abrir" os olhos do cidadao para que ele realmente tenha acesso a qualidade de vida.
    Reiterando,acredito que a Nossa querida Cancao Nova,da qual sou sócia,com muito prazer inclusive,possa abrir as portas para os seus fiéis,para que tenham possibilidade ao menos de conhecer os seus direitos de cidadaoes e cumpridores de seus deveres junto a sociedade!
    Até quando os meios de comunicacao vão permanecer submissos aos poderosos?!
    A Cancao Nova,independente,acredito;deve lutar pelos direitos da população mais carente e desinformada...e não simplesmente se manter passiva diante dos problemas da populacão...
    Deus permite a minha vida,depois de 08 anos de luta contra o cancer,conforme e mail anterior,não sou revolucionaria,nem pretento promover discordia,até mesmo porque quem sou eu pra "mudar o mundo"?
    Deus acima de tudo,inclusive, sou muito passiva em relação a minha doença,
    tenho amor pra dar e vender,tendo compaixao extrema,piedade e muito carinho com o proximo...na verdade me desculpem pela pseudo pressao,mas acho que simplesmente esse relato é um desabafo apos tantos anos de silencio...
    Mas enquanto tiver viva,pretendo lutar pelo menos favorecido!
    Obrigada,amigos!
    Waldete Poço Fundo-MG

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