quinta-feira, 23 de julho de 2009

Isso é bom ou ruim? Mente contemplativa!


Uma coisa pode ser boa e outra pode ser ruim?
Essa é uma questão importante, pois a partir de como compreendemos a forma como nos ligamos às "coisas", poderemos entender também os nossos apegos e aversões.
Segundo Buda, nada por si só teria a característica de ser bom ou ruim, mas que a forma como nos ligamos a elas sim, faria toda a diferença.

Milhões de pessoas não vacilariam em afirmar que ganhar um prêmio de loteria milionário é algo muito bom. Tenho lá minhas dúvidas, sei de casos de pessoas que tiveram suas vidas destruidas pelo excesso de dinheiro, que perderam amigos, família e que foram até assassinadas. Mas isso nos levaria a pensar que ganhar esse prêmio é algo ruim? Também não. Sabemos de inúmeras histórias de pessoas que conseguiram transformar suas vidas após um prêmio desse. Não só as suas vidas, mas da sua família, amigos, sua comunidade, etc. Então isso é bom ou ruim?

Perguntaram certa vez numa comunidade de câncer, se ter tido câncer foi bom ou ruim? Foi um alvoroço...pessoas ficaram indgnadas e ofendidas com a pergunta, outras falaram dos benefícios que o câncer havia trazido para suas vidas...Bom não consigo pensar que o câncer é algo bom. O câncer pra mim é uma praga, é um limão muito azedo, é algo doloroso e assustador, mas apesar disso, acredito sim, que a ligação que faremos com ele pode ter várias qualidades diferentes.

Tenho desde os 16 anos a prática de meditar, não exatamente de sentar e fechar os olhos, embora faça muito isso, mas tenho a prática de olhar a vida e as coisas com a MENTE CONTEMPLATIVA, que é uma qualidade da nossa mente que é absolutamente oposta à mente habitual que normalmente é discriminativa, que normalmente está julgando, comparando, criando aversões e paixões, e com isso gerando sofrimento.

A mente contemplativa é uma mente que não julga, apenas vê, apenas contempla, escuta, sente, mas não discrimida, se é bom ou ruim, se é pior ou melhor, se estou ganhando ou perdendo, se sou maior ou menos....essas são habilidades imbecis da nossa mente sofredora. A mente contemplativa apenas observa, ela não sabe o que é bom ou ruim, pois ela sabe que as duas respostas são possíveis...e porque isso vai depender não do fato em si, mas de como nos ligamos ao fato, às coisas.

Então conheço pessoas que tiveram ou estão com câncer e que estão se descobrindo como pessoas melhores, estão descobrindo forças que não sbiam que tinham, estão encontrando amigos, aprendendo a abrir o coração....elas estão fazendo algo muito bom com o câncer, a ligação é muito positiva, mas isso faz do câncer algo bom? certamente não. Essas pessoas se ligaram de forma positiva a ele e conseguiram fazer desse limão uma limonada. Conseguiram transformar DOR em AMOR.

Enquanto outras passam muito tempo reclamando, sentindo-se vítimas injustiçadas, chegam a perguntar porque Deus não deu uma doença dessa a um assassino? A forma como se ligaram ao câncer foi essa. Negativa e vitimizada.

Acho que existe estudos que mostram que os positivos vencem mais essa batalha, mas isso não tem a menor importancia pra mim, pois não consigo pensar na morte ou na não-morte. O importante é pensar na vida. O quanto estamos infelizes agora, nesse dia. O quanto estamos felizes agora, nesse dia. Isso depende de mim, depende exclusivamente da forma como eu me conecto às coisas, aos fatos, porque eles por si só não são nem bons, nem ruins.

A mente contemplativa é a única liberdade possível, com ela nos liberariamos das prisões que nós mesmos nos encerramos, a prisão imbecil da comparação, que nos leva ou para a vaidade de ser melhor, ou para a inferioridade de ser menor, pior, menos. Ambos são lugares aprisionantes.

A mente contemplativa que a meditação nos oferece, nos tiraria dos apegos, pois eles são gerados pela paixão e pela aversão. Tudo que eu temo perder (paixão), e tudo que luto para evitar (aversão), esses são os meus grilhões, são os cadeados que me mantem prisioneira de mim mesma!

A Mente Contemplativa observa, livre, independente....sabe que tudo tem um sentido...que nada é bom ou ruim, que a perfeição está em tudo, que só existe o presente...ela é livre, e isso é felicidade!

Namastê

Ludmila Rohr

3 comentários:

  1. Flores, seus aromas e suas cores me encantam; Ver o sol brilhando e senti-lo na pele é uma dádiva; Folhas de arvore caídas formam um lindo tapete no chão e podem servir de paisagem para um bela foto; E a chuva?Ah!Essa é conhecida como a grande vilã pela maioria, mas o q seria uma floresta, se não fosse regada??
    Lud, minha admiração por ti aumenta a cada dia!! :)

    ResponderExcluir
  2. Esta meditação é linda! busco este desapego gerados pela paixão e pela aversão e experimentar da liberdade de observar, livre e independente, não cheguei lá, mas...entender é um grande passo. Obrigada por contribuir com a minha sutil libertação. Nubélia

    ResponderExcluir
  3. Belíssimo texto. Acho que a yoga desperta a nossa mente contemplativa.Mente contemplativa é a grande sacada. Sem apegos, críticas, julgamentos. BJ, Mônica.

    ResponderExcluir

Sempre leio todos os comentários e gosto muito de recebê-los!