sábado, 18 de abril de 2009

Realismo? Talvez?


Feriadão e "Fim-de-semana NÃO" juntos... pra começar me preparei tomando um chopinho com uma amiga na sexta e pegando um cineminha (Divã, vão assistir!!!!!). Achei que assim estaria mais preparada para o que viesse....

Bom sou uma pessoa muito reflexiva, reflito sobre tudo...sempre tenho que compreender as coisas na sua subjetividade, ou na sua profundidade, ou elas precisam fazer sentido...eu analiso os significados..as consequencias, o que elas representam...etc. Não sou uma chata analítica, muito pelo contrário, sou seguidora do coração, escuto os meus desejos como poucas pessoas e me entrego bastante aos meus sentimentos. O que consigo com isso, com essa aparente contradição, é muita consciencia...sinto que tenho muita (aquela que consigo alcançar) consciencia das minhas dinâmicas internas, daquilo que me governa, daquilo que posso ser, ou não, até onde posso ir ou não. Acredito em mim e sinto que sou consistente e de verdade. Gosto disso.

Sou uma pessoa forte também, pelo menos assim me considero. Isso não significa que eu não chore e não queira de vez em quando comer uma torta de chocolate inteira. Mas tenho relativa consciencia e controle de mim mesma. Gosto disso, porque dificilmente me sinto vítima de qualquer coisa. No máximo posso ser vítima de mim mesma, mas não de algo fora de mim.

Tenho reletido muito sobre três conceitos: o de pessimista, otimista e realista. Tenho uma implicancia básica com os otimistas. Mas passei a questionar qual o meu conceito de otimista, pra evitar os preconceitos. Pra mim eles são aqueles que não querem, ou não conseguem ver o que está dando, ou deu errado; aquilo que é feio, sombrio, frustrante, eles tem dificuldade com as decepções e só querem ver a luz. Querem ver o bem, como se o mal não existisse, querem ver a luz como se ela própria não produzisse a sombra. Bom...otimista pode não ser isso, e aqueles que o são, provavelmente vão defender aqui seus conceitos, mas se é isso, isso eu definitivamente não sou.

Penso nos pessimistas como aqueles que não conseguem ver a luz. Tudo já se perdeu, e se houver alguma chance de algo dar errado (e sempre tem), dará. Eles tem uma dificuldade ou impossibilidade com o sonho, com a beleza, com a leveza...as pessoas são capazes do pior sempre, e em algum momento elas vão mostrar isso. A vida sempre está tentando nos punir e é difícil para um pessimista fazer planos, acreditar, ter fé... Bom, não sou pessimista. Faço planos e sonho bastante e sempre acredito neles.

Sobram os realistas. Esse é o mais difícil de conceituar. O budismo me ensinou que "Tudo é Ilusão". Se tudo é ilusão onde está a realidade dos realistas? O budismo me diz que, se conseguíssemos retirar todos os véus de Maya (ilusão) que teimam em cobrir os nossos olhos, poderiamos ver a realidade pura. Fica difícil imaginar o que sobraria...mas vamos lá.

Acho que ser realista é desenvolver um olhar mais central a respeito da vida. Um olhar que não saia do meu centro, do meu umbigo ou das minhas necessidades. Um olhar que conseguisse ver as coisas além das aparencias. Um olhar que pudesse ver por um angulo não pessoal, mas que alcançasse uma visão de 360º . Esse é o olhar do Buda, ou de Jesus. Um olhar de uma realidade ampla, não a realidade dos meus desejos egoístas, e muitas vezes legítimos, mas não menos egoístas. Uma visão da realidade total poderia se dar conta da luz e da sombra; do prazer e da dor; do bem e do mal; das perdas e dos ganhos; da vida e da morte...ao mesmo tempo e inseparáveis.

Tento ser uma pessoa realista e, se verdadeiramente fosse, não classificaria meus fins de semana como SIM e NÃO, porque eles são sim e não ao mesmo tempo. O Não pode ser sim, e vice-versa. Uma pessoa realista não faria afirmações categóricas a respeito de nada, porque tudo pode ser, ou não. As pessoas podem ser boas e não, ao mesmo tempo. Um evento pode ser bom e não, ao mesmo tempo.

Bom...que venha o talvez para a minha vida. Quero mais talvez e menos SIM e NAO. Quero estar aberta para vida com tudo que ela tem de possibilidades. O meu talvez não significa dúvida, pois dificilmente fico em dúvida....por exemplo: quando tenho que escolher algo pra comer num cardápio, simplesmente escolho, sem medo do sentimento de perda em relação a tudo que não irei escolher...realmente não tenho medo das escolhas, porque sempre tenho a convicção de que posso retornar, e que talvez eu queira diferente da outra vez. O meu TALVEZ significa, QUEM SABE? O meu talvez significa abertura para a possibilidade...sem negar que as coisas podem dar errado ou certo e tavez isso seja bom ou ruim....

Bom, eu não sei de nada. Quem sabe?

Namastê

Ludmila Rohr

P.S. Foto: Perdidos numa estrada na Toscana, Quem poderia imaginar onde ela nos levaria?


Um comentário:

  1. Na verdade Ludmila, o nosso problema como seres humanos é tentar racionalizar tudo! Queremos entender o porquê de tudo e não conseguimos, daí ocorre a frustração...

    Não acredio que possamos definir o que somos, porque agora sou realista, mas daqui a 5 minutos posso ter uma atitude pessimista e assim por diante.

    Somos o que sentimos, temos é que conseguir organizar nosso sentimentos e pensamentos de maneira que eles caibam dentro da gente.

    Quando estamos passando por um etapa difícil, fica praticamente impossível vermos flores no barro e tendemos ao pessimismo, mas quando estamos felizes da vida e otimistas em relação a tudo, enxergamos qualquer coisa adversa e lembramos então: A felicidade completa não é deste mundo.

    Vamos seguindo em frente, tentando ser realistas mas com esperança! Afinal, a vida é feita de momentos mesmo...

    Beijão, bom finde/feriado.

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