Ontem foi sexta-feira de carnaval, e foi um dia bem estranho. Acordamos cedo para tentar chegar na clínica em que a bolsa da quimioterapia seria retirada. A clínica oncológica fica em Ondina e pra quem não conhece Salvador, isso significa que ela está no circuito do carnaval., que aqui em Salvador já começou na quinta-feira. Estávamos com medo de encontrar algum problema de acesso. A clínica havia nos dado um atestado que nos ajudaria a alcançá-la se isso acontecesse. Chegamos às 7h da manhã e por incrível que possa parecer, ainda encontramos pessoas que bebiam e voltavam pra casa naquela hora. As ruas ainda estavam sujas e muitos trios estacionados bem na frente da clínica. Deixamos o carro o mais próximo que conseguimos e fomos o resto a pé. Na clínica, outros pacientes chegavam pra fazer suas aplicações....muito estranho....quimioterapia.... câncer....carnaval.....bom, assim é a vida, né?
Saimos de lá aliviados, porque concluimos a 1ª aplicação da quimio.....voces não podem imaginar a sensação que nos acomete, uma sensação que dispara uma contagem regressiva....menos uma! Sabemos que haviamos colocado o pé na estrada da cura e conseguimos cumprir a 1ª etapa!! Muito boa a sensação. Daí começam as náuseas, vômitos, inapetência e tudo que acompanha colateralmente esse tratamento, mas com uma certeza de que podemos superar tudo que vier.
Descubro que não sei o que fazer com esses efeitos. Me dou conta de que quero conversar com pessoas que já passaram por isso, quero saber o que elas sentiram, o que elas fizeram, como conseguiram superar, o que fizeram com os filhos, com as questões emocionais, com os medos...o que fizeram com suas vidas durante o tratamento. Quero muito conversar com outras pessoas. Mas é carnaval! Onde encontrar pessoas que queiram falar sobre câncer? Não tenho coragem de incomodar ninguém. Lembro da internet! Tudo é possível ser encontrado na internet. Procuro sites de grupos de apoio a pacientes com câncer. Encontro alguns. Começo a me cadastrar e escrever para eles. Um deles me chama mais atenção, é um grupo que se chama Grupo Ezequiel. É um grupo de pessoas voluntárias que pensam o câncer com uma visão integralista, corpo/mente/espírito..., gosto deles, gosto porque são voluntários, fui voluntária por mais de 20 anos, sei o que motiva os voluntários, gosto disso. Escrevo, conto nossa história e envio o email.
Esperava receber alguma resposta depois do carnaval, mas me surpreendo quando 1h depois abro minha caixa de emails e lá está! Uma pessoa responsável pelo grupo, Dr. Décio Elias me respondeu. Não era uma resposta padrão, me falava em cima do que eu havia escrito. Falava dos meus filhos, da família, indicava livros e falava daquilo que é importante termos em mente durante um tratamento desses. Mas falava algo muito muito lindo...ele disse: Seu marido precisa querer a cura, mais do que o ar que respira! Não há espaço para dúvidas, esse é o momento da fé! A fé em si mesmo e a fé em Deus!
Fiquei emocionada....em pleno carnaval, consegui falar com alguém que nem conheço e que me deu tanto. Que incrível o poder da internet! Ontem descobri que quero e preciso falar com pessoas que tiveram ou estão tendo essa experiência...se alguém souber de outro alguém, por favor, pode me indicar, quero pertencer a esse rede daqueles que querem a cura e lutam por ela. O câncer é uma doença da família, é minha também e dos meus filhos e precisamos saber de tudo que venha a nos ajudar nessa jornada!
Namastê!
Ludmila Rohr
P.S. foto tirada na Índia, em algum templo hinduísta ou budista que visitei...velas de oferendas devocionais.
Saimos de lá aliviados, porque concluimos a 1ª aplicação da quimio.....voces não podem imaginar a sensação que nos acomete, uma sensação que dispara uma contagem regressiva....menos uma! Sabemos que haviamos colocado o pé na estrada da cura e conseguimos cumprir a 1ª etapa!! Muito boa a sensação. Daí começam as náuseas, vômitos, inapetência e tudo que acompanha colateralmente esse tratamento, mas com uma certeza de que podemos superar tudo que vier.
Descubro que não sei o que fazer com esses efeitos. Me dou conta de que quero conversar com pessoas que já passaram por isso, quero saber o que elas sentiram, o que elas fizeram, como conseguiram superar, o que fizeram com os filhos, com as questões emocionais, com os medos...o que fizeram com suas vidas durante o tratamento. Quero muito conversar com outras pessoas. Mas é carnaval! Onde encontrar pessoas que queiram falar sobre câncer? Não tenho coragem de incomodar ninguém. Lembro da internet! Tudo é possível ser encontrado na internet. Procuro sites de grupos de apoio a pacientes com câncer. Encontro alguns. Começo a me cadastrar e escrever para eles. Um deles me chama mais atenção, é um grupo que se chama Grupo Ezequiel. É um grupo de pessoas voluntárias que pensam o câncer com uma visão integralista, corpo/mente/espírito..., gosto deles, gosto porque são voluntários, fui voluntária por mais de 20 anos, sei o que motiva os voluntários, gosto disso. Escrevo, conto nossa história e envio o email.
Esperava receber alguma resposta depois do carnaval, mas me surpreendo quando 1h depois abro minha caixa de emails e lá está! Uma pessoa responsável pelo grupo, Dr. Décio Elias me respondeu. Não era uma resposta padrão, me falava em cima do que eu havia escrito. Falava dos meus filhos, da família, indicava livros e falava daquilo que é importante termos em mente durante um tratamento desses. Mas falava algo muito muito lindo...ele disse: Seu marido precisa querer a cura, mais do que o ar que respira! Não há espaço para dúvidas, esse é o momento da fé! A fé em si mesmo e a fé em Deus!
Fiquei emocionada....em pleno carnaval, consegui falar com alguém que nem conheço e que me deu tanto. Que incrível o poder da internet! Ontem descobri que quero e preciso falar com pessoas que tiveram ou estão tendo essa experiência...se alguém souber de outro alguém, por favor, pode me indicar, quero pertencer a esse rede daqueles que querem a cura e lutam por ela. O câncer é uma doença da família, é minha também e dos meus filhos e precisamos saber de tudo que venha a nos ajudar nessa jornada!
Namastê!
Ludmila Rohr
P.S. foto tirada na Índia, em algum templo hinduísta ou budista que visitei...velas de oferendas devocionais.
Lud,
ResponderExcluirpensei agora, nem sei porque não tinha pensando antes, mas tem um médico aqui em Salvador, talvez você já saiba o nome dele, talvez já o conheça, mas ele me deu uma outra forma de encarar saúde, doença e cura. É o Luis Ribeiro. Se você já o conhece, tudo bem. Se quiser o contato, te passo.
Estou em casa nesses dias, de molho, por causa do livro!
Fico feliz que você esteja encontrando essa solidariedade na rede. Hoje escrevi um "nonsense" - que são frases curtas que coloco no meu blog. E fiz um por causa do apoio que recebo.
Deixo aqui pra você:
"Delicadeza: fina caligrafia na história dos encontros"
Eliana...conheço Luis. Obrigada.
ResponderExcluirque lindo o seu nonsense!