sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Minha caverna de dor e quietude


Estamos em SP.....está muito frio....15º! Íncrível que ninguém tenha avisado a essa terra que estamos em janeiro! É verão! Devia estar quentinho.....e com céu azul e com um sol sobre as nossas cabeças...devia, mas não está. Está frio.

Quando saimos ontem do consultório do médico que irá operar Judson, sentimos tanto frio, queriamos beber um vinho e ficar bem agarradinhos...bem pertinhos um do outro....a minha necessidade era de me fundir com ele, me de tornar uma só pessoa, que ele pudesse entrar em mim e eu nele. Sentia como se não pudesse me separar dele, que minha alma precisava ficar grudadinha na dele.

Sou uma espiritualista praticante, medito e sempre busco significados pras coisas, sempre tento me entregar ao sagrado que existe na vida....já vivi algumas coisas difíceis e dolorosas que me deixaram muito assustada mas que testaram minha força, algumas dessas situações são inesquecíveis como um naufrágio no Rio Amazonas que pensei que ía morrer, quando Caio despencou de um poço de elevador, quando minha casa foi inundada por uma enchente e perdemos quase tudo que tínhamos, quando sofri um aborto, quando Lucas foi operado, quando soubemos do primeiro câncer de Judson...fora a situação que nem lembro, mas que sei que vivi e que deve ter deixado marcas na minha alma, meu pai foi preso pela ditadura militar quando eu era um bebê de 3 mêses....bom...sempre que olho pra essas história e outras da minha vida....sinto que elas me construiram, que sou forte por causa delas....nunca sinto que fui vítima de nada...conto essas histórias e a forma como as atravessei com um certo orgulho, mas hoje....

....hoje estou triste....estou muito triste.....tenho chorado muito....nesse momento estou no lobby do hotel, escrevendo e chorando....não questiono as coisas, nunca passa pela minha cabeça coisas do tipo: Por quê eu? Por quê com ele? Definitivamente não tenho afinidades com o papel da vítima. Sinto muita dor, acho que nesse momento todo o meu corpo doi, minha alma doi, mas não consigo me sentir vítima de nada....acho que sairemos dessa de alguma forma e que serei uma pessoa melhor, terei mais histórias pra contar e poderei ajudar mais pessoas ainda com o meu trabalho e com a minha vida.

Tenho duas sensações muito presentes e constantes nesse momento: dor e quietude. Tudo doi, mas ao mesmo tempo me sinto quieta, num lugar tranquilo da minha alma, num lugar muito profundo da minha alma. Em alguns momentos sinto como se estivesse numa caverna profunda, em outros, parece que meu tempo e ritmo estão diferentes, como se eu estivesse funcionando em outra dimensão. Esse é um lugar de muita solidão, mas é o lugar que sinto uma união profunda com o Sagrado.

Essa minha minha caverna é muito conhecida, já tive muito mêdo dela, mas depois de tanto visitá-la, depois de tantos mergulhos, em que, em uns, reconheço que fui levada pela vida, quando percebi já estava lá, e, em outros a busquei conscientemente. Agora não tenho mais mêdo algum...tenho paz e me entrego...é um lugar que sinto que posso estar sem esforço algum...só sentindo......nesse momento sinto dor e quietude...e choro...choro muito..., choro sem reservas, tento lavar a minha alma e deixar a a água levar o que tiver que levar.

Bom.....conto com vibrações de todos...amanhã....

Namastê!
Ludmila Rohr

2 comentários:

  1. Estamos todos - forças visiveis e invisiveis- com vcs !

    Beijos e um abraço apertado!

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  2. Querida, hoje abri o seu blog e fiquei sabendo da sua agonia, tristeza. Mas como Deus é todo poderoso consedeu essa Vitória ao Judson. Desejo de coração que passe logo essa nuvem. Um grande beijo. Ivone Xavier

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Sempre leio todos os comentários e gosto muito de recebê-los!