sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ENCONTRANDO SAI BABA - DIA 3


Amanheci no meu terceiro dia na Índia e sabendo que iria visitar o Ashram de Sai Baba. 
Descubro que ele está bem pertinho do hotel que estou, apenas 6km. O meu motorista hoje chama-se Raveendra. Ele me leva até o Ashram, contando histórias.

Adoro o jeito dos indianos de contarem histórias e falar sobre sua família como se fôssemos íntimos. Parece coisa de baiano, me sinto em casa. Sei que ele, assim como Devi o motorista do primeiro dia, tem duas filhas, só que bem menores, a mais velha com 6 anos e um bebê de 18 meses. Conta que estudou, mas que é o único homem da família, tem 4 irmãs e os pais estão velhos. Vida dura. Sua esposa trabalha em casa, cuida das duas meninas e dos sogros que estão idosos, e por isso não pode ajudar com as despesas. 

Começo a perguntar sobre Sai Baba e sobre o que ele fez pelos pobres da cidade. Ele me fala que Sai Baba é um santo. Conta do hospital, e a maternidade que atendem de graça qualquer pessoa, me fala das escolas, inclusive universidade, que ele construiu, me fala sobre o quanto Sai Baba era santo e sobre o que ele fez pela Índia. Conto pra ele que muita gente no mundo todo ama Sai Baba. Ele sabe disso, ele via turistas do mundo todo virem a Bangalore vê-lo enquanto ele vivia. 

Chegamos no Ashram, ele diz que devo ligar pra ele quando quiser ir embora. Na entrada compro flores. Sigo a tradição. A senhora que vende os belíssimos colares de flores, me dá de presente um mini-bouquet, bem pequeno mesmo, comparado ao imenso que comprei. Entro no imenso salão em que os fiéis se aglomeravam para ver o mestre, e que agora está quase vazio. Um altar belíssimo na frente. Algumas poucas pessoas rezam. De vez em quando alguém entra. Tem uma movimentação sutil de pessoas. Entrego o imenso colar de flores para alguém que parecia ser o responsável, mantenho o bouquet comigo.

Sento e fico ali, tentando observar minha mente e entender o que ali estou fazendo. Fico com os olhos abertos, bem quieta, mente serena, só observando as pessoas que se aproximam, reverenciam, tocam a imagem de Ganesh, se curvam diante da foto de Sai Baba, e saem. Minha sensação era de absoluta tranquilidade. Podia ficar ali por horas. Uma imensa foto de Sai Baba na minha frente. Resolvo perguntar pra ele, o que estou fazendo ali. Pergunto, e aguardo a resposta sem ansiedade. Já se passaram 1:30h, e eu estou ali, várias pessoas entraram, fizeram suas preces e reverências e saíram. Eu fico, não tenho nada a fazer, nenhuma ansiedade, nem pressa, apenas contemplação. 

Uma questão aparece na minha mente: O que preciso fazer? Como uma boa capricorniana, sou uma "fazedora", mas sinto que essa pergunta aparece nesse momento como uma resposta para minha atual pouca prática espiritual. Não foi minha mente concreta que elaborou essa pergunta. Com a mesma tranquilidade que estava, permaneci. 

Uma senhora vestindo seu tradicional sari, entra acompanhada de uma jovem de uns 20 anos. Deduzo que são mãe e filha. A mãe faz seus rituais de reverência enquanto que a filha acende incensos e coloca diante do Lord Ganesh. Elas conversam, chamam o senhor que entendi que trabalhava ali. Conversam. A jovem tem uma tijela nas mãos, discutem o que fazer com aquilo. Só observo. Ele se afasta e volta com umas folhas de jornal. Vejo que ela serve algo da tigela sobre pedaços do jornal, e serve para duas senhoras que estavam próximas a ela. Vejo que elas comem. A jovem vem na minha direção e me entrega uma porção de uma coisa da consistência de um purê mole, no jornal. Pergunto que era aquilo. Ela me diz que uma coisa que ela pediu muito pra Sai Baba, aconteceu, e que ela fez aquela comida para agradecer. Naquele instante tive um insight. 

Uma sensação muito boa tomou conta de mim. Meus olhos se encheram de lágrimas. Só quem já experimentou a sensação que um insight produz, saberá sobre do que estou falando. Por alguma conexão muito profunda e disparada por um gatilho que pode ser absolutamente simples, as coisas ganham um significado absurdo dentro da gente. Entendi várias coisas de repente. Comi aquela papa branca doce, servida num pedaço de jornal, com os olhos cheios de lágrimas e o coração extremamente grato.

Gratidão esse foi o ensinamento que Sai Baba me deu. A prática de agradecer, essa é a prática espiritual que busco.
Levantei, levei o pequeno bouquet de rosas até sua imagem, lá coloquei com toda energia amorosa que esse momento produziu. Curvei e reverenciei com a alma leve. Podia ir embora. Meu encontro com Sai Baba, aconteceu nesse um minuto, dessas 2:30 que lá fiquei. 

Jay Guru! Om Sai Ram! 

"Mãos que ajudam são mais sagradas que lábios que rezam"
Saty Sai - Hospital construído por Sai Baba.


5 comentários:

  1. Que lindo! gosto como sabe esperar respostas, sei que isto deve ter custado anos de treinamento, nós ocidentais não nos damos tempo para perceber e sentir sem ansiedade.Bjs. e continue aproveitando e nos contando. Nubs

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  2. Lindo.
    Fui bombardeado de insights na India.
    Descoberta de Sebastian, gratidão, plenitude....
    INDIA!

    Jaigurudev

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  3. Lindo,lindo! "Mãos que ajudam são mais sagradas que lábios que rezam." Linda verdade! Muito bom acompanhar vc nessa viagem. Obrigado.Saudades,bj.Cris Kelsch.

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  4. Ludmila estou adorando o blog.Gostaria muito que me enviasse dicas de pessoas que trabalham organizando viagens para a Índia. Há muito venho planejando uma biagem para lá. Desde já muito obrigada.Bjs. simonealcantara@ig.com.br

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  5. É sempre uma alegria profunda ouvir histórias desse grande Guru e Avatar.
    Fui visitá-lo duas vezes, com uma diferença de 11 anos entre uma visita e outra.
    Posso dizer que minha vida pode ser dividida em antes e depois dEle.
    Embora eu siga cada vez mais outra tradição espiritual, Sri Satya Sai será para sempre um dos maiores amores do meu coração. Ana Liése.

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Sempre leio todos os comentários e gosto muito de recebê-los!