sábado, 6 de julho de 2013

GRANDE DILEMA


Vivo um grande dilema. 

Em alguns meses o trabalho do meu marido o levará para a Arábia Saudita. Ele ficará envolvido com esse projeto, por alguns anos. Ou melhor dizendo, foi esse mesmo projeto que nos levou por dois anos a Houston e, também pelo mesmo motivo estamos há quase dois anos na Coréia do Sul.   


Morar no Texas foi uma experiência maravilhosa. Foi nossa primeira experiência de morar fora do nosso país. Descobrimos que temos curiosidade suficiente para nos encantarmos com o que é novo, e sabemos viver longe do conhecido e usual. Somos uma família desapegada e curiosa. Foi excelente descobrir isso na prática. 

Podemos viver sem nenhum sofrimento sem as coisas que sempre tivemos. Percebo pessoas sofrerem por falta de algum tipo de comida, por exemplo, nós não sofremos. Adorei descobrir cada restaurante novo, adorei viajar pelas maravilhosas estradas americanas, adorei poder voltar ao Brasil e matar saudades das pessoas, mas adorei cada volta para casa.

Os EUA foram nossa casa por dois anos, e quando mudamos para a Coréia, mudamos sem sofrimento, muito excitados pelo que conheceríamos e sem nenhuma tristeza. Sabia que voltaria incontáveis vezes, já que um filho estaria ficando, então não sentia que estava deixando os EUA, estava apenas me afastando temporariamente. Será diferente sair da Coréia. Não sei quando voltarei lá... isso aperta meu coração.

Sempre disse sobre a saudade do meu trabalho, e é verdadeira, mas descobrir que estudar e ir a museus, e fazer cursos, me preenchem muito bem. A saudade de trabalho, de estar no lugar de psicóloga, é uma constante, mas não me esmaga, por que sempre estive bem ocupada. Tenho aproveitado para resignificar a importancia do meu trabalho na minha vida, (uma capricorniana viciada em trabalho, tem dificuldades com isso).


A saudade dos filhos, essa sim é esmagadora. Choro sempre que penso no tempo que não vejo cada um deles. Pensar em Caio, que ficou no Brasil, é a minha grande dor, (por que o vejo muito menos que Lucas, que mora nos EUA), mas não acredito que exista vida sem dor, e sei que eles estão bem, e que não existe nada de errado em que os filhos cuidem de suas vidas e sigam seus caminhos. Não criei dois homens para viverem ao meu lado, e sim para caminharem com suas pernas e serem hábeis em resolverem seus problemas, e sei que eles são. 

Nada de errado em sentir saudade dos filhos e em momento nenhum penso que eles deveriam resolver esse problema que é meu. Adoro saber que eles precisam cada vez menos de nós, e que podemos nos relacionar não por necessidades e sim por amor. 


Morar na Coréia tem sido uma experiência inesquecível e impagável. Amo! Amo as suas comidas, adoro admirar o quanto os coreanos são lindos, elegantes e esbeltos. Adoro não entender nada do que eles falam e não sentir que tenho obrigação alguma de entender. Me divirto com o fato de não conseguir ler um cardápio em restaurante ou as placas nas lojas. Adoro pensar que terei para o resto da minha vida, histórias exóticas para contar, sobre esse país e sobre as viagens que fizemos pela Ásia. Conhecer países como Singapore, China, Hong Kong e Indonésia com certeza me fizeram uma outra pessoa. 

Mas agora, o marido vai para a Arábia Saudita. Não existe nada naquele país que me agrade, muito pelo contrário. O lugar da mulher nos países árabes me ofende, as questões dos direitos e liberdades, me deixam furiosa. Não consigo nem brincar com esse assunto. Não consigo pensar que terei que comprar aquelas roupas pretas. Não consigo falar, nem brincando, sobre o fato de que mulheres precisam de autorização do marido para saírem nas ruas. Mas, Judson vai estar lá....Não consigo ficar muito tempo longe dele. 

Esse é o dilema. 
O que fazer quando seu amor tem que estar num lugar em que você não consegue se imaginar? 

Bom...questões do amor.. 
Nessa hora é bom pensar que não tenho mais filhos pequenos que me prenderiam em um lugar que não quisesse ficar, e posso com liberdade me mover para onde meu coração mandar.

Sei que ficar longe de Judson é muito ruim. Sei que ele também sofrerá por estar longe de mim, mas sei que ele não fará nenhuma objeção se eu não quiser ir, isso é claro entre nós dois. Pensamos em alternativas... viagens regulares...mas sabemos que não será fácil pra nenhum dos dois.

Acho que só saberei como ficaremos a medida que as situações acontecerem...um dia de cada vez.

13 comentários:

  1. Dou quinze dias pra você estar linda vestida em véus!!! rsrsrs Diferenças você tira de letra e estar perto do "nosso" Judson te feliz faz feliz e o resto...só o tempo dirá quanto tempo será o tempo de ir ou vir!!!! Amuuuuuuuuuuuuuuuu

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ai Cris.....morro de saudade dele.
      Estou aqui nos EUA há um pouco mais de uma semana e não aguento mais.
      Imagine ele na Arábia!

      Excluir
  2. Pois é... Um dia de cada vez... Talvez o que vá acontecer é que você venha com mais frequencia ao Brasil e aos EUA, do que tem acontecido enquanto você estava na Coreia ou em Houston.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. pois é...acho que vou iniciar uma ponte aérea SSA-HOU-SAUDI Quem sabe?

      Excluir
  3. Lud, amo seu blog, tenho apenas 17 anos e fico deslumbrada com suas histórias, os diferentes países que você conheceu, as culturas, é exatamente isso que eu quero fazer. Quanto tempo você irá passar longe do seu marigo?

    ResponderExcluir
  4. Amiga,tenho certeza que você irá e estará muito feliz ao lado do seu companheiro de tantos anos.Acho que os estrangeiro deverão ter algumas regalias dada as outras
    culturas,não? Vamos que vamos conhecer um novo povo ,uma nova cultura e quem sabe com o seu espirito fraterno lhes ensinar algo? Boa sorte.Selma Polillo

    ResponderExcluir
  5. Apesar de tudo de negativo que a Arabia traz a mente acho que pode ser uma senhora experiência de vida.

    ResponderExcluir
  6. Esse seu dilema é maravilhoso querida. Imagina, depois de tantos anos de relacionamento ainda doer a ausência do outro. Quero continuar sentindo isso e desejo a todos que amo, que seus relacionamentos, após anos e anos, ainda causem dor na ausência.
    (não estou desejando a dor, mas sim que a ausência ainda seja sentida).

    ResponderExcluir
  7. Desta vez é a hora do maridão abrir mão. Voltem para a Bahia. Retome seu trabalho e nos bride com o aprendizado que adquiriu no exterior.

    ResponderExcluir
  8. É um grande dilema mesmo! Vai ser muito difícil vc deixar o seu marido sozinho, mas eu acho que, em parte, o Osvaldo Campos tem razão. Vc já deixou a sua "vida" para acompanhá-lo duas vezes, agora seria a hora de vcs montarem um "QG" mais próximo, onde pudessem se ver sempre, porém sem vc ter que abrir mão do seu trabalho, que é tão importante prá vc e que faz falta a muitas outras pessoas.
    Ele passa o dia com a cabeça no trabalho e vc procurando o que fazer. Num lugar como esse, ainda sem entender a língua! Acho que eu pirava!
    Boa sorte prá você e que Deus lhe ilumine!

    ResponderExcluir
  9. Oi Lu!!!! Imagino o seu conflito...eu mesma ja me peguei pensando nisso varias e varias vezes!!!!!! Olha, facil nao vai ser...mas com a facilidade de ir e vir...e com pessoas maravilhosas como Nanci, Valeria, Conceição, Lud, etc vai ajudar bastante!
    Vcs vao contar muitas historias....e nos veremos em Dubai!!!
    Você vai aprender muito lá....vai ser otimo!!!
    Rose

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. pois é Rose...
      Só tenho certeza de uma coisa: não vai ser fácil.

      Excluir

Sempre leio todos os comentários e gosto muito de recebê-los!