Eu acabava de chegar de uma viagem a Washington D.C., incrível cidade e capital desse país, quando conversei pelo msn com Juliana França, que é uma amiga, também psicóloga, lá na Bahia. Ela me contava sobre seus atendimentos à população carente no interior da Bahia.
Vou tentar descrever aqui sobre o quanto essa viagem a Washington D.C. e os atendimentos de Juliana têm em comum...e de que forma ressoaram igualmente na minha alma.
Além da beleza impressionante de Washington com todos os seus monumentos, fomos a alguns museus e um deles foi o Museu do Holocausto. Queria muito ir nele. Já havia lido sobre esse museu...sobre o quão impressionante ele é, e pessoalmente a história dos judeus na Segunda Grande Guerra, me comove imensamente.
Esse tema sempre me comoveu muito, por isso não consigo assistir impunemente a filmes que tratem dessa temática, nem documentários, nem leio livros...não consigo ver nada relativo a esse tema, sem me emocionar bastante. Esse tema move sentimentos tão profundos quanto vivos, de algo que não lembro, mas que sei. Esse tema mexe com memórias de uma outra vida, ou de muitas vidas, que talvez não tenham sido minhas, mas que minha alma é simplesmente ressonante.
Sinto muita empatia pelas histórias dos judeus vítimas do Holocausto. Esse é um sentimento que me faz bem. Doi na alma, mas certamente me faz uma pessoa melhor. Não consigo ser indiferente e nunca acho que essas histórias ficaram no tempo...Elas precisam ser relembradas, porque fomos nós, enquanto humanidade, que a sofremos, que a produzimos, ou que a deixamos acontecer.
Agora, vou direto de Washington, capital dos EUA para Cabaceiras no interior da Bahia, onde minha amiga atende pessoas que sofrem e a deixam, enquanto psicóloga com mãos atadas e com uma sensação enorme de impotência e frustração. Como "atender", clinicamente falando, uma pobre mulher que teve seu marido assassinado na frente dos filhos? O que a "psicóloga" faz numa hora dessas? Como atender essa mulher que não tem espaço para sofrer, porque ela precisa cuidar da vida, ela precisa sobreviver e seguir adiante dando o que de comer para os filhos?
É nesse ponto da INDIGNAÇÃO que essas histórias se encontram na minha alma. Preciso continuar me indignando sempre com histórias como essas. Penso que nunca, em tempo algum, minha alma poderá se anestesiar diante delas.
Não posso deixar de pensar nas muitas mães e filhas, pais e filhos que morreram brutalmente no Holocausto e que tem suas fotos expostas naquele museu...não posso pensar que são só fotos, ali estão rostos de pessoas que tiveram suas vidas brutalmente arrancadas e que se tornaram números em uma tragédia.
A tragédia que minha amiga Juliana está agora presenciando, existe há muito tempo..ela é lenta e de tão lenta, nem comove mais ninguém...
Muitos nordestinos famintos e desprotegidos morrem todos os anos e, não comovem mais ninguém. De tão rotineiras, essas mortes, se transformaram em algo sem importância, elas não causam impacto..elas não comovem...elas não aparecem nos noticiários..nos jornais...e nunca terão um museu para retratá-las.
Minha amiga, acha que pouco pode fazer por essas pessoas...eu penso que ela pode fazer muito! Tirar essas pessoas da invisibilidade e acolher suas almas sofridas, dar espaço para o choro contido, acolher suas histórias e reconhecer essa tragédia da qual todos nós somos autores inconscientes ou coniventes...esse é o nosso trabalho!
Talvez como psicóloga ela possa muito pouco, acho que talvez eles nem precisem do nosso conhecimento sobre Freud e o seu Édipo, Skinner, Jung..etc.., mas como pessoa..ela pode muito...porque penso que, assim como os judeus da segunda Guerra, eles precisam ser vistos, e nós temos a obrigação de sairmos de trás de nossos diplomas e das nossas casas confortáveis e abrir os olhos e o coração vê-los!
Essa visão da vida, certamente não é cor-de-rosa, mas assim é a vida, e não quero estar nela vítima da cegueira e da ignorância que usamos para justificar o nosso egoísmo.
Coragem, Ju...acredite, isso te fará uma pessoa muito melhor!!
Namastê
Ludmila Rohr
Ludmila, a estivemos, eu e Aguiar, num campo de concentraçao,na Alemanha, (agora Museu),que me deixou muito triste. Hoje fico pensando tb nessa sua amiga Juliana, pois passei por isso quando fazia meu trabalho de voluntaria la em Lauro de Freitas. Sao mulheres tao sofridas que voce tem a sensaçao que elas nao vao sobreviver. Mas Deus e poderoso e bom que da a elas a oportunidade de cruzar com pessoas como voces que levantam o animo e continuar a viver. Beijosssssssssssssss Ana Aguiar
ResponderExcluirLudemila;
ResponderExcluirAchei boa esta sua conexao entre estes Holocaustos. Sim porque e sim no plural. O dos Judeus ja passou, existem alguns malditos ate que acham o holocasto uma invencao. Um deles será recebido como chefe de estado no Brasil em maio proximo.
O nosso Holoscauto; quito, calado e danoso continua pelas Cabaceiras de nosso pais. Onde, almas boas como Juliana ate chega a pensar que nao pode fazer nada.
Mais pode sim Juliana! Achar que isto nao é normal, que podemos e devemos mudar isto, ja é um grande passo.
Quando Ludemila escreve sobre isto é tambem e um grande passo.
Achar que isto “é assim mesmo”, nao nos encomodarmos com isto é tambem um grande passo. A diference entre estes passos sao apenas as direcoes. Um nos leva ao abismo, a selvageria, o outro a esperaçao.
Parabens Ludemila, mais parabens principalmente para a “pianista” de Cabaceiras, que como o pianista de Warsorvia nao consegui achar o Holocasto “normal”.
Aguiar
Way to go!!! Sempre leio seu blog e, hoje, quero dizer, que cada um deve usar o dom que tem para melhorar nossa presenca na Terra. O seu é este!! Beijos,
ResponderExcluirMariana dos Anjos (estou no seu facebook rsrsrsr)
bom...acabei de receber um comentário lindo de uma pessoa chamada Márcia de SP...ela foi muito linda nos seus elogios ao meu blog!
ResponderExcluirInfelizmente eu apaguei o seu comentário Márcia!!!
Fiquei muito triste..sabe aqueles clics errados...que não tem mais retorno? Gritei pro pc parar e trazer seu comentário de volta, mas ele não me atendeu!!
Por isso, gosto dos papeis...
Minha linda..me perdoe..e muito obrigada!! Continue praticando Yoga!!!
...agora pensei que o comentário da Márcia pode ter sido de outro post!!!
ResponderExcluirTomara!!!
beijos a todos!!!!
Lud,
ResponderExcluirConheci Israel e o Museu do Holocausto, é realmente impressionante até que ponto chega a loucura humana, pior é pensar que existia o Hitler mas também milhões de seguidores, a história está cheia destes exemplos, antes e depois de Cristo. Esta história sugere outras passagens, como a bomba de Hirochima, o vietnã, o povo palestino e por ai vai... Apesar de todo sofrimento o homem não aprendeu, basta lhe interessar e as condições lhe favorecer, lá está aquele mesmo povo que sofreu tanto a massacrar, humilhar e subjulgar outros povos pelos mesmos antigos interesses.
Quanto ao nordeste brasileiro talvez seja o nosso holocausto que se arrasta e mata lentamente principalmente as crianças mas não perdi a esperança, vejo luzes no fim do tunel, pensar que por estas bandas já existe psicologos trabalhando é um grande avanço, mesmo sem poder modificar fisicamente a situação, pode ajudar a modificar comportamento e dar mais visibilidade social ao problema.
Falei com Anne, esperamos abril. bj. Nubs
Oi Ludmilla! Li o texto e sei bem o que é isso... Trabalho numa cidade bem perto da cidade que juli traballha e sempre trocamos figurinhas. Falo com juli que o nosso propósito vai além da análise seja freudiana ou loweniana, nosso trabalho é de acolhida, de escuta e de empoderamento dessas mulheres... Antes de sermos psicólogas, somos mulheres, isso nos faz ressonantes... Sem isso de que nos serve a técnica?
ResponderExcluirBjo grande
julia Mignac
Isso Júlia!!!!
ResponderExcluirComo mulheres podemos fazer conexão profunda com todas as partes de nós mesmas através de todas as mulheres...
Acho que essa experiencia que vcs estão tendo pode ser absolutamente transformadora!
Coragem!!!
Fiquei muito feliz por vc ter aparecido aqui nesse espaço!!!
bjos