
Ontem fui procurada por um homem cuja filha está com câncer. Ele soube de mim através de uma amiga com quem tenho uma longa história de trabalhos voluntários de ajuda ao próximo. Fizemos parte por longos de incríveis 18 anos de um serviço que se chamava Plantão da Fraternidade, atendíamos 24 h por dia, pelo telefone, pessoas que estivessem precisando de algum tipo de orientação, acolhimento..etc.. Esse pai precisa de ajuda nesse momento. Me senti extremamente honrada ao ser procurada por ele. Ser reconhecida como alguém que tem algo pra dar , me faz sentir uma felicidade no fundo do meu coração e percebo que tudo que tenho vivido junto com minha família não tem sido em vão!
Aprendi também nesses anos, que quando uma pessoa ajuda a outra, nesse momento está sendo ajudada também. Minhas ilusões a respeito de que fazendo aquilo eu seria uma pessoa boazinha, caíram por terra imediatamente quando percebia a cada atendimento do Plantão da Fraternidade, que podiam ser pela madrugada, sábado, domingo e feriados, em que eu saia tão feliz, tão alimentada. Descobri muito cedo que na verdade eu me ajudava, quando ajudava alguém. Eu me alimentava na alma, quando escutava as dores da alma de alguém. Aprendi que quanto mais dou, mais recebo. Essa é a única forma de aprendermos sobre Generosidade e Fraternidade.
Descobri que a fome maior vem do isolamento, e a minhas duas maiores descobertas foram:
"É dando que se recebe" e "Amar é mais importante que ser amado".
Nunca me senti perdendo nada quando eu estava dando. Nunca me senti mais rica, do que quando eu estava tirando de mim para dar a quem mais precisasse. Nunca me senti mais preenchida de amor, do que quando eu estava amando.
Amar vale a pena. Sempre ganhamos quando amamos.
Com a doença de Judson tenho entrado em contato com dores que não conhecia, pessoas que não conhecia, e por incrível que pareça chegam pra mim pessoas que estão com câncer ou têm parentes com câncer também no consultório.
Acho que no momento que entro num caminho, não fico sozinha. Aparecem outras pessoas que eu posso ajudar, e que vão caminhar comigo, e me farão companhia. Um empurra o outro. Um puxa o outro. Um dá suporte ao outro.
Uma amiga me disse, que eu devia evitar tanto envolvimento, me perguntou porque eu estou me martirizando? Disse que me envolver com essas pessoas iam me deixar mal. Nunca senti isso. Desde que tornei pública a luta de Judson, só encontrei pessoas que me ajudassem, caminhando comigo, não me deixando sentir solidão nunca. Com elas falo a mesma linguagem, o mesmo idioma, me sinto tão entendida..acho que ninguém que não tenha vivido isso poderia me entender tão bem! Não sei como isso pode ser um martírio.
Essas pessoas que parece que estou ajudando, é que na verdade me ajudam. Elas me tiram de qualquer possibilidade egoísta de me fechar em mim mesma, ou de ter pena de mim mesma.
Não me sinto fraca diante de alguém que luta contra o câncer, muito pelo contrário. Pessoas que lutam, que fraquejam, que querem desistir, que adorariam poder desistir, mas não conseguem. Pessoas com muitas chances, pessoas com poucas chances, mas que lutam, e são vencedoras..
A grande derrota é não lutar. A grande derrota é aceitar simplesmente sobreviver. A grande derrota é passar um dia após o outro sem valorizar o poder que nos foi concedido de sermos vencedores!
Quero muito ouvir esse pai com sua filha que está com câncer. Quero muito descobrir por que eles me procuraram, o que eu tenho pra dar. Quero muito caminhar junto com cada vez mais pessoas, dando as mãos, caindo e levantando...é assim que eu quero, é assim que eu sei!
Namastê
Ludmila Rohr
Aprendi também nesses anos, que quando uma pessoa ajuda a outra, nesse momento está sendo ajudada também. Minhas ilusões a respeito de que fazendo aquilo eu seria uma pessoa boazinha, caíram por terra imediatamente quando percebia a cada atendimento do Plantão da Fraternidade, que podiam ser pela madrugada, sábado, domingo e feriados, em que eu saia tão feliz, tão alimentada. Descobri muito cedo que na verdade eu me ajudava, quando ajudava alguém. Eu me alimentava na alma, quando escutava as dores da alma de alguém. Aprendi que quanto mais dou, mais recebo. Essa é a única forma de aprendermos sobre Generosidade e Fraternidade.
Descobri que a fome maior vem do isolamento, e a minhas duas maiores descobertas foram:
"É dando que se recebe" e "Amar é mais importante que ser amado".
Nunca me senti perdendo nada quando eu estava dando. Nunca me senti mais rica, do que quando eu estava tirando de mim para dar a quem mais precisasse. Nunca me senti mais preenchida de amor, do que quando eu estava amando.
Amar vale a pena. Sempre ganhamos quando amamos.
Com a doença de Judson tenho entrado em contato com dores que não conhecia, pessoas que não conhecia, e por incrível que pareça chegam pra mim pessoas que estão com câncer ou têm parentes com câncer também no consultório.
Acho que no momento que entro num caminho, não fico sozinha. Aparecem outras pessoas que eu posso ajudar, e que vão caminhar comigo, e me farão companhia. Um empurra o outro. Um puxa o outro. Um dá suporte ao outro.
Uma amiga me disse, que eu devia evitar tanto envolvimento, me perguntou porque eu estou me martirizando? Disse que me envolver com essas pessoas iam me deixar mal. Nunca senti isso. Desde que tornei pública a luta de Judson, só encontrei pessoas que me ajudassem, caminhando comigo, não me deixando sentir solidão nunca. Com elas falo a mesma linguagem, o mesmo idioma, me sinto tão entendida..acho que ninguém que não tenha vivido isso poderia me entender tão bem! Não sei como isso pode ser um martírio.
Essas pessoas que parece que estou ajudando, é que na verdade me ajudam. Elas me tiram de qualquer possibilidade egoísta de me fechar em mim mesma, ou de ter pena de mim mesma.
Não me sinto fraca diante de alguém que luta contra o câncer, muito pelo contrário. Pessoas que lutam, que fraquejam, que querem desistir, que adorariam poder desistir, mas não conseguem. Pessoas com muitas chances, pessoas com poucas chances, mas que lutam, e são vencedoras..
A grande derrota é não lutar. A grande derrota é aceitar simplesmente sobreviver. A grande derrota é passar um dia após o outro sem valorizar o poder que nos foi concedido de sermos vencedores!
Quero muito ouvir esse pai com sua filha que está com câncer. Quero muito descobrir por que eles me procuraram, o que eu tenho pra dar. Quero muito caminhar junto com cada vez mais pessoas, dando as mãos, caindo e levantando...é assim que eu quero, é assim que eu sei!
Namastê
Ludmila Rohr