segunda-feira, 4 de maio de 2009

Não quero nada pela metade!


Recebi um email que falava sobre o como nos acostumamos a receber tudo pela metade. Falava sobre o fato de que vamos nos acostumando a receber cada vez menos e achar que está bom. A medida que eu lia, meu primeiro movimento era de concordar com tudo que ali estava sendo dito. Já falei aqui outras vezes sobre o quanto eu desejo na vida. Já falei em outros posts sobre a minha falta de pruridos em assumir que quero sempre muito, ou que quero muito aquilo que quero, assumo também que sei que as coisas não contecem exatamente como eu quero, então sei que devo me preparar para as frustrações também.


As coisas nem sempre acontecem como eu quero, sei disso. O fato de meu marido estar travando uma batalha contra o câncer nos anos que poderiam ser, os melhores anos das nossas vidas, prova isso. Não temos poder sobre tudo, não temos poder sobre a maioria das coisas. Então quando falo sobre os meus desejos, não falo com uma visão onipotente, que tem todas as garantias, falo de um lugar de quem sabe que muitas coisas não estão sob a determinação da minha vontade, que existe algo muito maior, uma "vontade" muito maior que podemos não entender, mas teremos que nos render.


Assumir o que quero e que não quero pela metade, me leva a um lugar onde tenho que me implicar nos meus desejos na medida que els são importantes pra mim. Se não quero algo pela metade, também não posso estar pela metade, tenho que me implicar inteiramente. Tenho que me expor, tenho que me instrumentalizar, tenho que saber como chegar lá, tenho que descobrir caminhos e formas de alcançar aquilo que desejo e mais ainda, talvez a parte mais importante: não posso ter medo denão conseguir o que desejo e, muito menos de conseguir o que desejo.


Parece uma contradição. Como pode alguém desejar uma coisa e ter de medo de alcançá-la? Isso infelizmente é muito mais comum do que podemos imaginar. Muitas pessoas andam nas suas vidas como se estivessem com um pé no acelerador e a mão no frio de mão! Com medo, freiando...sem saber se querem mesmo que aconteça...com medo de ser feliz, de gozar as delicias de conseguir algo que batalhou muito! Outras temem tanto a frustração que se dão pela metade, como se isso garantisse uma frustração pelo meio também....pessoas que se contentam com metade das coisas, um parceiro mais ou menos bom, um trabalho mais ou menos bom, uma vida mais ou menos boa...um amor pela metade, sonhos pela metade...Ainda dizem que não tem o queriam , mas se contentam com o que a vida deu!


Contentamento e desejos parecem conflitantes, mas pra mim não são. Já escrevi sobre isso aqui também. Posso ser uma pessoa que tem contentamento ( e sou), mas que tem muitos desejos e metas, que tem muitos sonhos e aspirações.


Bom...acredito que somos feridos nesse caminho de busca pelo que desejo...acredito até que alguns pedaços são arrancados, mas acredito que não existe outra forma melhor de estar na vida, que não seja a de estar inteira, e isso significa: Consciente de mim! querendo os meus desejos realizados e me implicando inteiramente na realização dos mesmos....se eles não acontecem, posso chorar minhas dores até que elas acabem...chorar plenamente...e continuar....


Namastê!


Ludmila

P.S. Foto - sendo coroada por uma Deusa! rsrsrsrsr (Museu D'Orsay- Paris)

2 comentários:

  1. Ludmila, engraçado! nos fracionamos diante do movimento da vida, me sinto inteira em várias ocasiões e em outras me sinto pela metade,é uma luta dificil e é exatamente porisso que ainda estou fazendo análise, em termos individuais este texto tem uma grande importância na vida de qualquer pessoa, se superarmos estamos livres, será? muitas dúvidas!!!!!!!!! falaremos na próxima reunião,
    Bj. e saúde para o Jadson. Nubélia

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  2. Com o passar das lutas, vamos nos acostumando sempre com menos, o que deveria ser proibido. Por isso nunca estamos satisfeitos. Aprendemos a conviver com pouco, com menos do que merecemos ou precisamos. Adorei o post.

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