sexta-feira, 20 de março de 2009

Arrumando o guarda-roupa


Uma amiga me disse ontem que eu estou mudada.... que eu estou diferente. Imediatamente respondi, que pra mim parecia óbvio que eu estivesse em algum nível diferente, minha vida está diferente... e a vida tem me pedido muitas mudanças! Respondi que mudar é preciso, que se não mudamos, cristalizamos, enrijecemos....Mas em seguida parei pra refletir sobre o que ela estava falando, que mudanças ela estava sinalizando e se realmente eu estou mudada. Achei que minha resposta foi defensiva, rápida demais, ou teórica demais. Realmente espero mudanças constantes em mim, pois sempre procuro o crescimento... a necessidade de mudar é óbvia, mas não fiquei muito convencida de mim mesma. Quero sempre mudar, mas será que tenho conseguido?

O que será que está mudado em mim? Penso agora que não são muitas coisas, mas talvez sejam pequenas coisas que refletem em todas as outras. Minha crença de que a vida é agora, não mudou. Penso assim faz tempo...tem tempo que sinto no meu coração e corpo que não posso jogar fora nenhum segundo da vida, que não devo procrastinar decisões, nem pedidos de desculpas, nem demonstrações de amor; sei já faz tempo, que a vida pode ser simples, que existem coisas que nos fazem sofrer, mas que na verdade não tem importância alguma; sei também que os amigos valem a pena, que os sentimentos de verdade valem a pena, que meus sonhos valem a pena, que meus filhos valem a pena, que meu Amor vale a pena, sei que mergulhar para dentro de mim e descobrir coisas que as vezes nem gosto muito, vale a pena!... Tenho tentado estar atenta ao que vale a pena e ao que não vale a pena, e fazer boas escolhas sobre onde quero investir energia!

Acho que quando essa amiga falou que eu estava mudada, talvez ela estivesse falando do fato de que a cada dia que passa, tenho mais consciencia de que eu não quero mais nada na minha vida sobrando. Não quero acumular nada que não tenha um sentido, que não faça sentido, ou que eu saiba que não vai me levar a lugar algum... ela falou isso quando eu disse que precisava arrumar meu guarda-roupa, que precisava me livrar e doar muitas coisas que lá estão acumuladas e que não me servem mais. Servem pra alguém, mas não pra mim...não preciso guardar o que não me serve, não preciso ter energias paradas na minha vida.

Sempre gostei de arrumar guarda-roupa. Arrumar guarda-roupa é de um simbolismo imenso! Toda vez que arrumo o meu, me dou conta de que muitas coisas não estavam lá da última vêz! Como consegui comprar tantas coisas nesse tempo? Ou, quanto tempo tem que não arrumo meu guarda-roupa? Pra que guardar tantas coisas? Adoro fazer isso! Adoro sentir que poucas coisas que ali estão, realmente tem importância e que preciso de muito menos do que tenho! Arrumar guarda-roupa é uma faxina simbólica e concreta também! Sinto leveza ao me desfazer de tantas coisas acumuladas, ocupando espaço e paralisando energias... Sinto a leveza e felicidade imediatas que o desapego produz. Sinto no meu quarto e na minha alma.

Lembro imediatamente de uma cena na minha 1ª viagem à Índia, quando, em uma estação de trem em Jhansi, vi indianos esquálidos, carregando as nossas incontáveis e pesadíssimas malas... senti naquele momento muita vergonha de carregar tantas coisas. Pensei que eles, os carregadores, deviam estar perplexos com a quantidade de coisas que tínhamos. Pensei que provavelmente o conteudo de apenas uma daquelas malas, seria equivalente a tudo que eles juntos possuiam durante toda uma vida! E o que é pior...pensei que além de acumularmos tanto peso, ainda queremos que alguém carregue por nós! Senti tanta vergonha naquele dia que chorei.

Bom acho que não mudei muito, mas de qualquer forma.....vou arrumar meu guarda-roupa e me livrar de algumas coisas que não fazem mais sentido!

Namastê!

Ludmila Rohr
P.S. Carregadores das nossas malas na estação de trem em Jhansi na Índia.


4 comentários:

  1. Ah!amiga lembrei tanto da minha viagem a India! com uma mochila nas costas e nada mais, vejo que aprendi a viajar, hoje passo um mês na Europa e levo uma destas maletas (a menor) com rodinhas e volto exatamente do mesmo jeito, foi engraçado! da última vez que chegamos encontrei por acaso um amigo no aeroporto de Salvador e ele impressionado perguntou: vcs. estão vindo de um mes na Europa somente com estas meletas? parece até que estão vindo de um final de semana? fico feliz por ter conseguido isto, como é bom andar livre de bagagens... não precisamos de outro transporte além do metrô, rapidamente andamos pelas ruas de qualquer cidade sem problemas. Como não estou "ainda" em processo de trabalho, ontem tirei 3 sacos grandes de papel guardados sem qualquer utilidade, que alívio! Dificil é nos livrarmos de nossos "lixo" interior.Bom final de semana,saúde para o Jadson.Nubélia

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  2. Minha querida, as viagens externas e internas nos ensinam a descomplicar, a simplificar....os tamanhos das malas, os pesos que carregamos são exemplos perfeitos disso!
    Quando menos precisamos, mais temos, menos nos falta!

    bjos

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  3. Querida Lud...
    e eu testemunhei essa cena da foto. Foi realmente uma loucura !
    Mas, é assim que "crescemos". Naquele momento era importante carregar tanta bagagem, porém já em outras viagens você ficou com a certeza que deveria focar em BAGAGEM INTERNA , com aprendizado... Com espiritualidade... Com percepções de um povo tão místico e ao mesmo tempo intenso.
    É assim mesmo a vida. Vamos aprendendo e valorizando o que conseguimos incorporar e carregar para o mundo espiriutal.
    É apenas o que vale carregar.
    (não para guardar, mas para oferecer quando alguém precisar).
    Não devemos nos transformar em um POÇO de conhecimentos e estórias, mas sim numa FONTE de amor e paz!
    Foi muito bom rever Jhansi.
    Saudade de nossa viagem,
    bjssssssssss

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  4. Minha querida,
    Esse foi apenas um dos muitos momentos inesquecíveis da nossa viagem!

    bjos

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