Recebi por email essa oração de Tagore (no fim desse post). A pessoa que me enviou está passando por algo semelhante, o filho foi operado do coração, aqui em SP também. O interessante é que somos conhecidas, fomos colegas de uma Instituição de psicologia, mas não da mesma turma. Vivemos algumas histórias difíceis nesse grupo que nos aproximaram e depois nunca mais nos vimos. Ela leu meu blog, soube do meu marido, me contou do filho dela e nos identificamos nesse momento. Isso é incrível, né?
Isso tem acontecido muito. Recebo muitos emails, ou até alguns comentários no blog de pessoas que sabem o que estou passando, e sentem-se muito próximas de mim por conta disso. Acho essa dinâmica da vida fantástica. Eu me encontro com essas pessoas nesse momento pela dor, pela esperança, pela fé, pela experiência...e por mais que não venhamos a nos encontrar, nos sentimos muito próximas umas das outras.
Essa é uma rede de grande alcance, que só é possível acontecer quando há uma exposição. E quando isso acontece, imediatamente outras pessoas aparecem...outras que viveram , ou estão vivendo algo semelhante. Saimos da solidão e do isolamento instantaneamente, é fantástico!
Bom...ontem estava no avião lendo um livro do rabino Nilton Bonder, chama-se "Sagrado", o livro é muito bom...e posso dizer que ele traduz o meu pensamento. Fala do "Sagrado" e não do "segredo", fala da vida sagrada e de tudo que faz com que sejamos seres humanos normais diante de tudo que é sagrado. Em um capítulo que se chama "Você não é especial", ele além de incrível, consegue nos tirar um peso...o peso do ser especial...Não há nada de especial acontecendo comigo ou com meu marido, nada que já não tenha acontecido com milhões de pessoas que são iguais a mim. Não há nada de especial acontecendo com essa amiga e com o seu filho, milhares de mães já passaram por isso e continuarão a passar.
Não há nada de especial, por isso mesmo....não éxiste nenhum segredo....nada mágico. Devemos manter a nossa mente tranquila, o coração aberto, cuidar do corpo e orar, rezar, vibrar para acessarmos Deus em nós, mas...nada disso é único ou especial...Por isso mesmo não estamos sozinhos. Não precisamos ser "protegidos", precisamos ter coragem.
Abrir mão de ser especial em um momento como esse nos leva diretamente pra onde a oração de Tagore evoca; para um lugar de coragem e de realismo, de um contato profundo com a vida e com o Sagrado.
"Rezo, não para ser protegido do perigo,
mas, para não recear enfrentá-lo;
rezo, não para que minha dor se acalme,mas para que eu tenha coragem de vencê-la;
rezo, não para ter aliados nas batalhas da vida,mas sim força de travá-las;
não quero suplicar com ânsia apavorada para ser salvo,
mas espero ter paciência para conquistar minha liberdade;
Concedei-me a graça de não ser covarde,
sentindo a vossa misericórdia apenas ao ser bem sucedido;
Mas, apertai a minha mão quando eu fracassar."
- Rabindranath Tagore -
- Rabindranath Tagore -
Bom...Judson está bem...voltamos pra casa no máximo quarta-feira. Obrigada Ana, espero que seu filho esteja bem, sei o quanto voce é corajosa, me identifico com isso.
Obrigada a todas as Anas e Ludmilas que estão por aí em algum lugar unindo-se a nós nesse campo de força para ajudar a recuperar nossos maridos, filhos, irmãos, pais, mães, amigos....
Namastê
Ludmila Rohr
P.S. Essa foto foi tirada em uma das vêzes que sobrevoei o Himalaya...essa experiência nos dá uma dimensão incrível da nossa insignificância e do Sagrado! Lá no fundo em forma de Pirâmide está o Everest!
P.S. Essa foto foi tirada em uma das vêzes que sobrevoei o Himalaya...essa experiência nos dá uma dimensão incrível da nossa insignificância e do Sagrado! Lá no fundo em forma de Pirâmide está o Everest!
Ludmila, adorei este post. Saber que não somos "escolhidos" para aguentar uma barra, ou para vivermos momentos intensos, é um alívio. Derruba aquela velha pergunta "por que eu, meu Deus?". Simples, porque é assim que é. Falei um pouco sobre isso no post "Conflitos medianos" lá no blog. Pessoas passam por momentos. Não há uma entidade que aponte "este merece, aquele não". E sabendo disso a gente pode apenas tentar tirar de cada situação um aprendizado, nem que seja apenas se fortalecer um pouco mais para enfrentar a vida.
ResponderExcluirBeijo!
Uau! Sim, claro! Ter no post uma foto do Everest já é um luxo! E tirada por você?? Especial demais!! Arrasou muito! =)
ResponderExcluirNossa Ludmila!!
ResponderExcluirQue oração linda, obrigada!!
Muito generosa você por compartilhar esta sabedoria...
Abço da amiga virtual
Edineide
Ludmila precisava ler esse post hoje,ter consciência do ser comum,ser real que sou.Acredito que a culpa está diretamente relacionada a este equívoco que é se enxergar especial e exatamente por isso se sofre tanto.Helena Bittencourt
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