sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Se eu posso isso, posso qualquer coisa!


Vinte e um anos atrás, nesse exato momento que escrevo, eu estava parindo o meu primeiro filho e começando a viver a maior e mais incrível experiência da minha vida. Caio nasceu antes do tempo previsto, mas nasceu com 4kg, era um bebê enorme, gordo e eu o achava lindo, perfeito....ele era tudo! Era como se de repente nada mais no mundo tivesse importancia, eu só olhava pra ele, eu vivia pra ele...eu acompanhava com o olhar e com o coração cada movimento mínimo que ele fazia, cada ruido que ele produzia...eu estava completamente apaixonada e assustada com o tamanho daquela experiencia....eu acabava de completar 24 anos e tinha um bebê e, era pra toda a vida! Meu Deus! Como voltar a vida normal agora que Caio tinha chegado?

Bom....pra quem não conhece Caio..., preciso dizer que ele sobreviveu a esse excesso de mãe. Ele é um homem lindo e como já falei antes, um cara muito legal. Ele é um bom amigo e penso que um bom namorado também! E preciso dizer que eu também sobrevivi à maternidade. Consegui com o passar do tempo voltar a ser uma pessoa, uma amiga, uma profissional, uma colega... alguém com muitos interesses pessoais, consegui voltar a ser um indivíduo além da maternidade. Embora entendo que não passamos incólumes por essa experiência.

Normalmente acho um saco o discurso de mulheres que afirmam que a experiência da maternidade é algo mágico ou insubstituível, porque apesar de ser completamente apaixonada pelos meus filhos, eu nunca fui muito uma mãe estilo Deméter (Deusa grega da maternidade), eu sempre fui uma mãe Athena ou Árthemis...sempre valorizei a autonomia e independência deles, (discurso de uma mãe Athena) porém tenho que concordar, em parte, com a descrição fantástica dessa experiência.

A experiência de parir (normal) foi demarcadora na minha vida. A conexão que fiz com minha natureza animal foi algo que nunca antes havia experimentado com tamanha intensidade. Adorei parir. Senti uma força tão grande que vinha dentro de mim, que nunca consegui esquecer. Ao contrário do que muitas mulheres fazem, me entreguei a essa força e senti que isso era eu. Eu era forte assim! A primeira frase que disse quando Caio nasceu foi: Se eu sou soubesse que era isso, tinha uma filho por ano!; e a segunda frase foi: Se eu posso isso, posso qualquer coisa!

Bom....adorei parir, mas não tive um filho por ano, minha insanidade foi temporária, meu juízo voltou aos poucos, a medida que as noites passavam sem que conseguisse pregar o olho! Mas...a conexão que fiz com meu poder, essa não desapareceu. Sei que não posso tudo! Mas sei que posso muito! A experiência de conexão com esse aspecto animal, vísceral, que faz força, muita força e ajuda um filho a nascer, a vir ao mundo...essa eu não perdi.

Infelizmente as mulheres estão cada vêz menos querendo parir, elas têm medo dessa força e resistem a ela. Quando algo que vem com tanta força sofre resistência, a dor aparece. Não me lembro de sentir dor. Lembro de fazer força. Lembro que quanto mais força eu fazia, mais forte eu me sentia, e eu podia mais, cada vez mais...

Muitas mulheres não conseguiram ser mães, ou não quiseram viver essa experiência. Como não sou uma mãe tipo Deméter, acho isso completamente possível. Não acho que sou mais feliz ou plena, do que elas. O amor que sinto por meus filhos, é o amor que todos nós podemos exercitar....podemos viver esse sentimento de várias formas na nossa vida, mas a experiência de parir, essa eu acredito ser insubstituível...talvêz escalar o Everest, ou soltar de paraquedas...produzam uma sensação corporal semelhante...sei lá! e quando escrevo isso dou risada de mim mesma, pois esse é uma comparação típica de uma mãe Ártemis. Amei a experiência corporal de parir...sentir algo tão forte como as contrações de um parto, e além de sentir isso, poder me entregar a essa força.

Caio veio ao mundo em 88 e, de lá pra cá sou mais forte e mais feliz!
Obrigado meu filho!

Namastê!

Ludmila Rohr
P.S. Foto de Caio em Khajuraho na Índia em 2007!


3 comentários:

  1. É o Catito, que Tilali ama mais que tudo nessa vida! (Ô, Tilali.....). Beijos, Lali

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  2. esse negocio de parir ainda eh tao forte p mim! tenho dois filhos lindos, fortes, saudaveis, amados e maravilhosos, mas nao sei se pari. me tacaram uma anestesia, me rasgaram e tiraram meus meninos de dentro de mim. hj o q penso eh q nunca mais quero essa cirurgia denovo, nao sei se Deus vai me dar outra chance p eu poder me sentir assim: mulher, mamifera, poderosa!
    sao sentimentos mt fortes, mt a flor da pele, certamente o q penso se transformará com o tempo!
    bjao p vc, tomara tenhamos a oportunidade de conversar sobre esse assunto pessoalmente

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