segunda-feira, 27 de julho de 2009

Caminhar Juntos


Ontem fui procurada por um homem cuja filha está com câncer. Ele soube de mim através de uma amiga com quem tenho uma longa história de trabalhos voluntários de ajuda ao próximo. Fizemos parte por longos de incríveis 18 anos de um serviço que se chamava Plantão da Fraternidade, atendíamos 24 h por dia, pelo telefone, pessoas que estivessem precisando de algum tipo de orientação, acolhimento..etc.. Esse pai precisa de ajuda nesse momento. Me senti extremamente honrada ao ser procurada por ele. Ser reconhecida como alguém que tem algo pra dar , me faz sentir uma felicidade no fundo do meu coração e percebo que tudo que tenho vivido junto com minha família não tem sido em vão!

Aprendi também nesses anos, que quando uma pessoa ajuda a outra, nesse momento está sendo ajudada também. Minhas ilusões a respeito de que fazendo aquilo eu seria uma pessoa boazinha, caíram por terra imediatamente quando percebia a cada atendimento do Plantão da Fraternidade, que podiam ser pela madrugada, sábado, domingo e feriados, em que eu saia tão feliz, tão alimentada. Descobri muito cedo que na verdade eu me ajudava, quando ajudava alguém. Eu me alimentava na alma, quando escutava as dores da alma de alguém. Aprendi que quanto mais dou, mais recebo. Essa é a única forma de aprendermos sobre Generosidade e Fraternidade.

Descobri que a fome maior vem do isolamento, e a minhas duas maiores descobertas foram:

"É dando que se recebe" e "Amar é mais importante que ser amado".

Nunca me senti perdendo nada quando eu estava dando. Nunca me senti mais rica, do que quando eu estava tirando de mim para dar a quem mais precisasse. Nunca me senti mais preenchida de amor, do que quando eu estava amando.

Amar vale a pena. Sempre ganhamos quando amamos.

Com a doença de Judson tenho entrado em contato com dores que não conhecia, pessoas que não conhecia, e por incrível que pareça chegam pra mim pessoas que estão com câncer ou têm parentes com câncer também no consultório.

Acho que no momento que entro num caminho, não fico sozinha. Aparecem outras pessoas que eu posso ajudar, e que vão caminhar comigo, e me farão companhia. Um empurra o outro. Um puxa o outro. Um dá suporte ao outro.

Uma amiga me disse, que eu devia evitar tanto envolvimento, me perguntou porque eu estou me martirizando? Disse que me envolver com essas pessoas iam me deixar mal. Nunca senti isso. Desde que tornei pública a luta de Judson, só encontrei pessoas que me ajudassem, caminhando comigo, não me deixando sentir solidão nunca. Com elas falo a mesma linguagem, o mesmo idioma, me sinto tão entendida..acho que ninguém que não tenha vivido isso poderia me entender tão bem! Não sei como isso pode ser um martírio.

Essas pessoas que parece que estou ajudando, é que na verdade me ajudam. Elas me tiram de qualquer possibilidade egoísta de me fechar em mim mesma, ou de ter pena de mim mesma.

Não me sinto fraca diante de alguém que luta contra o câncer, muito pelo contrário. Pessoas que lutam, que fraquejam, que querem desistir, que adorariam poder desistir, mas não conseguem. Pessoas com muitas chances, pessoas com poucas chances, mas que lutam, e são vencedoras..

A grande derrota é não lutar. A grande derrota é aceitar simplesmente sobreviver. A grande derrota é passar um dia após o outro sem valorizar o poder que nos foi concedido de sermos vencedores!

Quero muito ouvir esse pai com sua filha que está com câncer. Quero muito descobrir por que eles me procuraram, o que eu tenho pra dar. Quero muito caminhar junto com cada vez mais pessoas, dando as mãos, caindo e levantando...é assim que eu quero, é assim que eu sei!

Namastê

Ludmila Rohr


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Isso é bom ou ruim? Mente contemplativa!


Uma coisa pode ser boa e outra pode ser ruim?
Essa é uma questão importante, pois a partir de como compreendemos a forma como nos ligamos às "coisas", poderemos entender também os nossos apegos e aversões.
Segundo Buda, nada por si só teria a característica de ser bom ou ruim, mas que a forma como nos ligamos a elas sim, faria toda a diferença.

Milhões de pessoas não vacilariam em afirmar que ganhar um prêmio de loteria milionário é algo muito bom. Tenho lá minhas dúvidas, sei de casos de pessoas que tiveram suas vidas destruidas pelo excesso de dinheiro, que perderam amigos, família e que foram até assassinadas. Mas isso nos levaria a pensar que ganhar esse prêmio é algo ruim? Também não. Sabemos de inúmeras histórias de pessoas que conseguiram transformar suas vidas após um prêmio desse. Não só as suas vidas, mas da sua família, amigos, sua comunidade, etc. Então isso é bom ou ruim?

Perguntaram certa vez numa comunidade de câncer, se ter tido câncer foi bom ou ruim? Foi um alvoroço...pessoas ficaram indgnadas e ofendidas com a pergunta, outras falaram dos benefícios que o câncer havia trazido para suas vidas...Bom não consigo pensar que o câncer é algo bom. O câncer pra mim é uma praga, é um limão muito azedo, é algo doloroso e assustador, mas apesar disso, acredito sim, que a ligação que faremos com ele pode ter várias qualidades diferentes.

Tenho desde os 16 anos a prática de meditar, não exatamente de sentar e fechar os olhos, embora faça muito isso, mas tenho a prática de olhar a vida e as coisas com a MENTE CONTEMPLATIVA, que é uma qualidade da nossa mente que é absolutamente oposta à mente habitual que normalmente é discriminativa, que normalmente está julgando, comparando, criando aversões e paixões, e com isso gerando sofrimento.

A mente contemplativa é uma mente que não julga, apenas vê, apenas contempla, escuta, sente, mas não discrimida, se é bom ou ruim, se é pior ou melhor, se estou ganhando ou perdendo, se sou maior ou menos....essas são habilidades imbecis da nossa mente sofredora. A mente contemplativa apenas observa, ela não sabe o que é bom ou ruim, pois ela sabe que as duas respostas são possíveis...e porque isso vai depender não do fato em si, mas de como nos ligamos ao fato, às coisas.

Então conheço pessoas que tiveram ou estão com câncer e que estão se descobrindo como pessoas melhores, estão descobrindo forças que não sbiam que tinham, estão encontrando amigos, aprendendo a abrir o coração....elas estão fazendo algo muito bom com o câncer, a ligação é muito positiva, mas isso faz do câncer algo bom? certamente não. Essas pessoas se ligaram de forma positiva a ele e conseguiram fazer desse limão uma limonada. Conseguiram transformar DOR em AMOR.

Enquanto outras passam muito tempo reclamando, sentindo-se vítimas injustiçadas, chegam a perguntar porque Deus não deu uma doença dessa a um assassino? A forma como se ligaram ao câncer foi essa. Negativa e vitimizada.

Acho que existe estudos que mostram que os positivos vencem mais essa batalha, mas isso não tem a menor importancia pra mim, pois não consigo pensar na morte ou na não-morte. O importante é pensar na vida. O quanto estamos infelizes agora, nesse dia. O quanto estamos felizes agora, nesse dia. Isso depende de mim, depende exclusivamente da forma como eu me conecto às coisas, aos fatos, porque eles por si só não são nem bons, nem ruins.

A mente contemplativa é a única liberdade possível, com ela nos liberariamos das prisões que nós mesmos nos encerramos, a prisão imbecil da comparação, que nos leva ou para a vaidade de ser melhor, ou para a inferioridade de ser menor, pior, menos. Ambos são lugares aprisionantes.

A mente contemplativa que a meditação nos oferece, nos tiraria dos apegos, pois eles são gerados pela paixão e pela aversão. Tudo que eu temo perder (paixão), e tudo que luto para evitar (aversão), esses são os meus grilhões, são os cadeados que me mantem prisioneira de mim mesma!

A Mente Contemplativa observa, livre, independente....sabe que tudo tem um sentido...que nada é bom ou ruim, que a perfeição está em tudo, que só existe o presente...ela é livre, e isso é felicidade!

Namastê

Ludmila Rohr

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Não sejamos sobreviventes!!!!


Digo paras as pessoas quando as ensino a respirar que elas precisam querer respirar! Digo que não é bastante respirar porque precisa, mas que é urgente respirar por que se quer!
O corpo cumpre a obrigação básica de respirar o suficiente para SOBREVIVER. O corpo não quer morrer, então ele sobrevive. Mas a mente pode RESPIRAR para VIVER, e isso faz muita diferença.
Essa é a questão importante. Queremos o mínimo para sobreviver? o que significa apenas que não queremos morrer, ou em algum momento vamos decidir que queremos mais? muito mais. Precisamos querer respirar não preocupados simplesmente com a manutenção da vida, mas sim com a qualidade da vida! Respirar não apenas para não morrer, mas sim, respirar para viver!


Sou professora de yoga, então é claro que sou professora de respiração. A nossa respiração consciente mobiliza o Prana, que é a energia da vida, o "Hálito Vital", o "Sopro Divino"...movemos vida quando respiramos! Então, nossa vida pode ser rasa e curta, se assim for a nossa respiração; e pode ser profunda e longa...se assim respiramos...pode ser vibrante, expandida, ou pesada e tensa..

Bom adoro o tema RESPIRAÇÃO, já apresentei trabalho em congresso de psicologia com esse tema, falo de respiração todos os dias com alunos, clientes...criei meus filhos pedindo para eles repirarem quando sentiam algo....isso em algum momento se voltou contra mim, pois quando eu estava brigando com eles, eles diziam: mamãe, respire!!
Apesar de me sentir em casa com esse tema, hoje na verdade o tema é outro. Quero refletir sobre a diferença entre VIVER e SOBREVIVER.

Fiquei muito incomodada, porque alguem chamou meus companheiros de luta contra o câncer de "sobreviventes"...e parei pra refletir..dei até uma lida na psicologia dos sobreviventes...mas minha experiencia com Respiração Yogue foi quem mais me ajudou nessa reflexão.

Sobreviver é ser levado...nada lhe cabe mais em termos de ação consciente, a pessoa entende que é um sobrevivente, e deve no máximo ser grato por isso. Os sobreviventes não têm desejos, eles não acionam a vida na direção desses desejos...os sobreviventes apenas sobrevivem...cada dia em relação àquilo que os ameaçaram na sua vida.
Se eles sobreviveram a um acidente ou a um câncer...a vida passa a funcionar em torno disso... tudo gira em torno da manutenção da sua sobrevivencia...a vida foi ameaçada, agora é preciso ter muito cuidado, viver como se "pisasse em ovos", sem barulho, sem chamar atenção pra que o monstro não seja despertado outra vez...os sobreviventes vivem assutados...vivem delicadamente mantendo a sobrevida...com medo, tensos...e por isso não podem viver! Os sobreviventes apenas respiram pra manter a vida!

Viver é o oposto disso. Viver envolve riscos, emoções, amores e dores...sonhos, planos, ideais. Pra viver é preciso respirar grande, expandir os limites, expandir a alma, abrir o coração...Viver é intenso...é pisar em todos os ovos e, quebrá-los logo pra não sobrar nenhuma tensão...pra viver é preciso coragem, é preciso saber virar páginas, é preciso encerrar histórias e iniciar novas...é preciso estar aberto para o novo...Esse novo não tem garantias...a vida não nos oferece garantias...então é encarar o novo com todas as possibilidades...


Viver depois de um câncer é preciso!...é preciso sentir que se é um VENCEDOR e não um SOBREVIVENTE! Alguém que vence e pode celebrar a vitória. Alguém que vence e pode partir pra outra. Partir para a vida, que sempre existiu cheias de desafios...sempre foi assim...e continuará sendo...então será preciso encará-los...não há um lugar especial para ex-pacientes de câncer. É preciso abrir mão da ilusão desse lugar especial, que nem existe.

Aqueles que se foram durante essa batalha coletiva, não são perdedores...são vitoriosos também...não é a não-morte que indica um vencedor...vencedor é aquele que vive intensamente e luta sem desistir...eles ajudaram na luta, eles contribuiram na batalha...

Assim como soldados que vêem seus amigos cairem, e querem vencer ainda mais a guerra para honrá-los...precisamos fazer isso! Precisamos honrar aqueles que se foram. Precisamos honrar a Lili, o Ivan, a Suu, o pai da Katy, o Pai da Criss, o pai da Patsy, o pai da Marcela, a neta da Bertilha, o marido da Élida, da Rai..precisamos honrá-los e a única forma eficiente de fazer isso é VIVENDO!!!


Lugar de ex-paciente de câncer é na VIDA! e não na sobrevida!
Vamos respirar grande, vamos respirar vida...abrir o peito e dar espaço para a vida entrar! é de muita vida que temos sede e fome!

Sejamos VIVENTES dessa vida e não sobreviventes!!!!
Namastê

Ludmila Rohr

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Como uma bola de neve...


Me envolvo...como uma bola de neve...
...vou me envolvendo...

Não sei ser diferente...


Li no livro de Nilton Bonder, "A Alma Imoral", uma passagem que vou tentar reproduzir aqui...está no capítulo "O certo que é errado e o errado que é certo"...

"...não há nada na experiência do ser humano que não tenha sido criado sem uma utilidade., Então vem a pergunta: E pra que serviria a atitude daqueles que negam a existencia de Deus? ... ... Há alguma transgressão à crença em Deus que seja, em algumas condições, mais construtivas do que a própria manutenção desta crença?

Depois desses questionamentos, Bonder discorre sobre o quanto é comum, pessoas carentes de alguma ajuda, ouvirem de crentes em Deus, que elas devem ter fé, que devem entregar a Deus, que devem confiar que Deus as ajudará...etc...

Depois ele começa a explicar que por não acreditarem em Deus, muitas pessoas produzem um efeito de acreditar nele. Promovendo ações positivas e de acolhimento, envolvendo-se de forma direta nos problemas e, de fato oferecendo ajuda necessária e concreta...


Não sei se acredito em Deus...definitivamente o "meu" Deus, não se parece em nada com muitas descrições que ouço...já falei sobre isso outras vezes aqui nesse blog. Uma vez escrevi até por conta de alguém que questionou de forma agressiva a minha fé...disse que eu era uma pessoa inteligente, mas que precisava me ajoelhar diante do pai e implorar pela cura do meu marido! Respondi na época, que o meu Deus não precisava que eu implorasse nada, que nem meus filhos nunca precisaram me implorar nada...e que eu (que sou apenas eu), faria tudo que estivesse ao meu alcance pela vida de qualquer pessoa sem que ela precisasse implorar, imagine o meu Deus? Disse ainda se Deus atendia a quem pedisse mais, que eu não queria esse Deus...


Acredito na vida e no ser humano...por isso me envolvo. Não consigo dizer pra alguém, que me conte que está sofrendo, "Tenha fé em Deus"...simplesmente, não consigo!....Eu digo: Posso fazer alguma coisa? Quer que eu va aí? às vezes já digo: Tô indo aí. Ou digo: voce vai vencer! Respire. Voce tem coragem o bastante! ou...é possível vencer isso! ou até mesmo: Estou aqui para o que voce precisar! e ainda..tem momentos que digo: que merda! vc tem todo direito de chorar, ou de estar assim!


Quando eu era mais jovem, eu tinha um certo medo disso em mim, achava que isso seria como uma bola de neve, que não teria fim...que eu teria que me envolver cada vez mais, que quando eu parasse pra avaliar, estaria envolvida com as dores dos outros até o pescoço. Dizia pra mim mesma, que nao era Madre Tereza, nem Irmã Dulce, e de fato não sou. Sou egoísta demais. Penso em mim. Penso no meu bem estar. Quando ligo pra alguém ou faço um movimento na direção de alguém estou pensando em mim. Quero fazer algo pra não ficar no mal estar, ou talvez por que não acredite muito em Deus.


Paciencia...sou assim...talvez seja essa a função das pessoas que não acreditam ou não sabem se acreditam em Deus...

Eu acredito no Deus que existe em mim, e preciso dar movimento a ele.
Acredito na Energia Vital que me foi confiada e preciso fazer algo útil com ela.

Acredito que tudo é possível e acredito no amor.
Essas são minhas crenças...


Namastê!


Ludmila Rohr


quarta-feira, 8 de julho de 2009

A Verdade sempre está....

O que fazer quando tenho dúvidas se devo ajudar alguém ou não?

O que fazer se tenho dúvidas de esse alguém está sendo sincero, se está falando a verdade?

Tenho a tendencia humana de a principio não querer ajudar, mas isso dura muito pouco...

Ofereço à pessoa a possibilidade de se defender...de se explicar...falo abertamente da minha dúvida, da minha desconfiança, tentando não julgar, mas deixando claro o meu mal estar...mas tento não impor minha verdade..


No fundo, no fundo...sei que as pessoas que mentem, precisam muita da nossa ajuda, talvez sejam elas que precisem mais da nossa ajuda. A necessidade de mentir é humana, mentimos, isso é um fato...primeiro porque nem conseguimos entender a Verdade, segundo por que não a alcançamos... talvez também por achar que a verdade será dolorosa demais...bom...mil motivos são usados pra entendermos a necessidade da mentira. Mas de fato...acho que a mentira vem do nosso medo.


Quando não estou confiando em alguém, tento oferecer a chance da verdade aparecer, falando da minha desconfiança. Penso que eu não falar do que estou pensando, estarei mentindo também, e penso que quando falo da minha desconfiança, dou uma chance concreta das pessoas se abrirem e correrem o risco de exercitarem a confiança. Digo risco, por que acho que as pessoas temem confiar... temem o risco de confiar...não aprenderam sobre isso...não confiam em si mesmas...


Entretanto, mesmo com isso, algumas pessoas sutentam a mentira...acho que estão tão identificadas com a mentira que nem conseguem viver sem ela...ou falta a coragem necessária de se despir dela e correr o risco de se mostrar de verdade. Talvez falte a autoconfiança necessária pra sustentar esse risco. Autoconfiança de que sobreviverá sem os escudos da mentira...


Bom...o que fazer diante disso?

Chego a conclusão que prefiro ajudar mesmo assim.....
que prefiro entender que existe alguém ali muito necessitado de amor...e de confiança....alguém que foi traído na sua essencia, e que hoje trai a si mesmo o tempo todo...

O Satyagraha, que significa "Poder da Verdade", ensinado pelo Mahatma Gandhi...diz que a verdade sempre é o melhor caminho. Ele diz mais ainda, ele diz que a verdade funciona, torna avida mais simples. No entanto o Mahatma diz que temos que ter o Ahimsa (não-violência) nas nossas vidas também. Então quando nos vemos diante de uma encruzilhada, em que falar a verdade seria ser violento, Gandhi nos ensina que existe a opção do silencio...ele diz que poderiamos nos refugiar da máxima do "amor incondicional", que nos levaria a "ajudar sem ver a quem"...ajudar aquele que poderá nos matar depois...Gandhi fala isso...ele fez isso...

Então...como estou muito longe de ser um Mahatma (grande alma), e como sei que existe a minha verdade, existe a verdade do outro e existe a VERDADE VERDADEIRA, sinto que não devo me preocupar em fazer "a verdade" aparecer....ela sempre está lá...mesmo em meio às mentiras, a verdade existe, em algum lugar...ela de fato é a única coisa que existe...talvez eu apenas não esteja conseguindo vê-la, devido aos meus olhos serem pequenos e distantes de Deus..mas ela está lá, em todo lugar, porque a VERDADE é DEUS.
Assim eu acredito em Deus, porque acredito na Verdade!
Namastê
Ludmila Rohr

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vivendo a noite escura... sem resistir....


Hoje parece um dia de sol, depois de uma longa noite escura!!!
Assim eu sinto!

Judson na segunda fez quimio, quase que não consegue fazer, por causa dos benditos leucócitos que ainda estavam abaixo do mínimo. Fez. Passou mal, quase desmaia, vomitou, e teve febre! A febre é um fantasma pra quem está em quimio...ela não pode acontecer...febre significa infecção...leucócitos baixos significa baixa imunidade...péssima combinação...dias difíceis...

Nada a ser feito!
Esperar com serenidade e sabedoria. Só temos que esperar...

Acredito que tudo que aprendi na vida até hoje, me preparou para momentos como esse. A não-resistência é um grande aprendizado. Simplesmente poder estar, onde devo estar. Deixar a minha mente e o meu coração onde é possível estar. Não brigar com isso.

Nesse momento, não a há nada a ser feito, a não ser esperar. Esperar a "noite escura" passar. Esperar com serenidade...e isso não significa, sem dor...mas com serenidade. Eu posso fazer isso.

Sei que posso fazer isso, porque o que tenho uma certeza inquestionável dentro do meu coração. É uma crença inabalável. Sei que as noites tem um tempo de durar. Elas, assim como tudo na vida, não são eternas. São impermanentes, são finitas. Então, basta esperar!

Outra crença inabalável na minha vida, e que me ajuda nessa espera, é que depois de cada "noite", tem um "dia de sol"...eu sei disso. Sei porque nunca perco o contato com esse "Sol interno"...ele é perene...brilha sempre...mesmo quando estamos na noite...ele só está no meu outro lado...esperando a vida virar de novo...

Sei que preciso estar com a minha mente e o meu coração, no mesmo lugar onde meu corpo está. Isso me protege das ansiedades tão comuns quando nos deslocamos de onde temos que estar... e nos repartimos..nos fragmentamos. Isso aprendi com o yoga e com a meditação.

Outra coisa que aprendi faz tempo, é que a mente precisa estar no único tempo que existe, e que é esse que vivemos. Não devo estar no futuro, nem no passado. As ansiedades nascem assim. O tempo é o presente.

Bom, nessas "noites escuras", preciso apenas estar inteira. Com os medos que surgem e desaparacem. Com a perdas e mudanças que precisam ser feitas. Desapegando daquilo que na arrogancia humana havia programado...e esperar....o dia virá...e enquanto não vem....que a noite seja uma energia feminina de transformação que me envolve...não lutarei contra ela.

Recebo a noite no meu corpo e alma....e me despeço dela....tá na hora do Sol brilhar outra vez!


Namastê

Ludmila